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Ago 12
publicado por Nuno Gouveia, às 12:40link do post | comentar

Todd Akin era até Domingo passado um desconhecido candidato republicano ao senado pelo estado do Missouri, e com boas hipóteses de vitória contra a actual senadora Claire McCaskill. Tudo mudou depois de uma entrevista desastrada a um canal local, onde afirmou que as mulheres que sofrem violações legítimas (?) raramente engravidam. Uma frase impossível de explicar que gerou, como seria de esperar, reacções de ambos os partidos. A questão é simples: se Todd Akin não se afastar da corrida, McCaskill será reeleita, colocando a maioria no Senado bem mais difícil para os republicanos, e poderá colocar ainda o Missouri ao alcance de Barack Obama, que o perdeu em 2008 contra John McCain, e que, apesar de algumas sondagens indicarem uma vantagem curta de Mitt Romney, ninguém acredita que não cairia para a coluna republicana este ano. Os riscos são grandes, e, talvez por isso, as reacções mais veementes não foram de democratas. Houve críticas é certo, mas sem dúvida que é do seu interesse que Akin não se retire. 

 

A Super Pac de Karl Rove, Crossroads, anunciou que deixaria de investir no Missouri, o senador John Cornyn, responsável pelas campanhas senatoriais do GOP, disse que não iria apoiar financeiramente Akin na sua campanha, vários senadores, como Ron Johnson ou Scott Brown apelaram ao afastamento de Akin. O Tea Party Express, Sean Hannity da Fox News e a National Review em editorial fizeram o mesmo. Por fim, Mitt Romney condenou as palavras de Akin e sugeriu que este deverá afastar-se da corrida. Nos bastidores a pressão sobre Akin deverá ser ainda maior. Ao contrário do que sucedeu em 2010, quando perderam lugares no senado que deveriam ter ganho, como no Nevada com Sharon Angle e no Delaware com Christine O'Donnell, os republicanos desta vez tomaram uma posição. Um silêncio que pagaram caro em 2010 e que não querer repetir. Se Todd Akin não se retirar, será considerado um pária no partido, mas irá prejudicar a “marca” GOP no Missouri. Um caso a seguir com atenção nas próximas horas. 

 

Adenda (22.08.2012): Apesar do actual senador do Missouri, Roy Blunt, e de quatro antigos senadores, de um telefonema de Paul Ryan e de um apelo formal de Mitt Romney, Akin não desistiu ainda da candidatura. Será ainda possível ser substituído até ao dia 25 de Setembro. Este assunto deverá submergir nos próximos dias, mas é de esperar que a pressão para que ele desista continue. Hoje numa entrevista, o agora candidato pária do Partido Republicano deixou uma porta aberta à desistência. 


Pelo que sei, ele tem até hoje para decidir se abandona a disputa, e não pode ser forçado a tal. Mas eu não sei se as chances dele realmente acabaram. Uma pesquisa da PPP depois do episódio, ainda o mostra 1 ponto a frente da senadora McCaskill.
O fato é que se descobriu certa proximidade entre Akin e Ryan, e isso sim, pode prejudicar os republicanos.
Joao Felipe a 21 de Agosto de 2012 às 14:15

Nada de novo a Oeste.

Mais uma sequela de uma certa mundivisão político-religiosa ancorada à Direita: «Deus não dorme e anda por aí...»
Southern Confederated Gentleman a 22 de Agosto de 2012 às 07:12

O problema é que não foi uma gaffe.. Foi uma opinião sincera, só que por muito que a Fox dê cobertura a várias expressões de loucura de responsáveis do GOP, esta foi mesmo demasiado longe.

PS: Não só foi uma opinião sincera de Todd Akin, como é partilhada por vários responsáveis do GOP, que está totalmente controlado por lunáticos
João Davim a 22 de Agosto de 2012 às 11:33

Bem, meu caro, se o GOP estivesse de facto "totalmente controlado por lunáticos", dificilmente Mitt Romney teria sido escolhido para seu candidato presidencial.

Ou ainda corriam o risco de nomear Nancy Pelosi para Speaker :)
Nuno Gouveia a 22 de Agosto de 2012 às 16:27

De entre os candidatos qual seria então o escolhido, com mínimas hipóteses de ganhar?
Bachman? Cain? Rick Perry? Gingrich?

Entre os 10/11 candidatos e pré candidatos, há um pouco de tudo, o que traiu e se divorciou da mulher enquanto ela se submetia a tratamentos para cancro, o ex empresário negro que parece assediava staff, o cowboy que faz jogging com um revolver com mira laser para atirar em coiotes e não se consegue lembrar de 3 pontos no programa, o anti-aborto em qualquer situação mas que não hesitou em fazer usar a hipótese de escolha para salvar a vida da mulher, a "nova" Sarah Palin.. Eles podem ser malucos, mas escolheram um dos 2 elegíveis, o outro seria Huntsman (curiosamente os dois Mormons).

Anyway, todos muito tenrinhos para Obama.
E Romney, vai passando entre as gotas da chuva, a mentir muito.. Muitos Super Pacs a torrarem enormidades de dinheiro..
João Davim a 22 de Agosto de 2012 às 16:48

O que se divorciou enquanto a mulher tinha cancro faz-me recordar um tipo chamado John Edwards...

Esse tipo de comentários não diz nada. Aliás, demonstra bem a cegueira ideológica de quem os profere e não acrescenta nada ao debate. Limita-se a repetir o que lê da campanha Obama.

Você fala como que Obama não estivesse a gastar 3-1 em relação a Romney ou que não estivesse a utilizar as Super Pacs nesta campanha. Ou ainda, que a mentira não tem sido utilizada pela campanha de Obama (ainda ontem na conferência de imprensa). O problema da cegueira ideológica é que de um lado há os bons e do outro há os maus. Demasiado simplista para o meu gosto e mais, não me suscita interesse nenhum. Se quer discutir nessa base de bons Vs maus, boa sorte.


Eu uso óculos, mas cego não sou.

John Edwards seria igualmente inelegível para presidente.

Obama está a gastar 3:1?

I'll do some digging, mas acho que vi neste blog um post a dizer que Romney andava a bater Obama em termos de angariações.. Incluindo uma muito polémica, talvez mesmo ilegal em Israel..

Ok, new piece of information
http://elections.nytimes.com/2012/campaign-finance

NY times, você sabe que gastar 1/3 a mais, não é gastar 3x mais, certo? E ainda há os 65 Milhões "almost all of it against President Obama or in support of Mitt Romney."
João Davim a 22 de Agosto de 2012 às 17:38

Não tenho dúvidas é que que se informou mal.

Uma coisa é a angariação de fundos. Que Mitt Romney nos últimos meses ultrapassou Obama, mas no geral, ainda está atrás, como aliás pode ver nesse gráfico do NY Times. Outra coisa é o dinheiro que foi investido nos últimos meses (que foi o que eu disse). E por fim, temos ainda o dinheiro que ambos os candidatos têm no banco.

Ora, como pode ler aqui: http://www.boston.com/politicalintelligence/2012/08/21/mitt-romney-enters-campaign-final-months-with-big-edge-donations-over-president-obama/JtS1DZQARZcir9KCx1fBjJ/story.html


But with a race that still appears tight, Romney’s campaign is now enjoying some of the rewards of withholding its money while being outspent — by about a 3-to-1 ratio — by the Obama campaign through the summer months.

Não vejo qual o problema da sessão de angariação de fundos em Israel (ou na Inglaterra). Obama também teve várias no estrangeiro. Está a dizer o que? Que os republicanos não podem fazer no estrangeiro sessões de angariação de fundos e os democratas podem? É isso? Recordo apenas que cidadãos estrangeiros não podem doar. Que eu saiba, nenhuma pessoa sem cidadania americana participou nessas sessões de fundos.

Penso que, antes de falarem, as pessoas deviam-se informar.

O problema com a sessão de recolha de fundos de Romney em Israel foi que os jornalistas foram postos na fora da sala antes de o dinheiro começar a correr. E não estavam apenas cidadãos Americanos na sala.

Anyway,

Fiz as contas pelos números do NY Times, e durante os meses de Verão, Obama continua a não gastar 3x mais que Romney, e ainda inclui o mês de Maio que não é bem Verão, mas onde a diferença é maior. Obama gasta mais? sim. Gasta o triplo? não.
A não ser que considere o NY Times uma má fonte de números.
João Davim a 23 de Agosto de 2012 às 11:52

Caso não saiba, muito raramente os jornalistas estão presentes nas sessões de angariações de fundos. E como a FEC não levantou nenhuma dúvida sobre essa sessão (e eles não brincam), sinceramente não sei do que fala. Presumo, nem você deverá saber, deve estar a repetir o que leu em algum memorando democrata.


Não precisava de fazer as contas. Bastava ter lido o artigo que lhe recomendei para não dizer essa asneira e verificar o que eu tinha dito:

Romney since the start of June has spent $25.8 million on ads, for example, while Obama has spent $77.6 million, according to data maintained by Kantar Media’s Campaign Media Analysis Group.

http://www.boston.com/politicalintelligence/2012/08/21/mitt-romney-enters-campaign-final-months-with-big-edge-donations-over-president-obama/JtS1DZQARZcir9KCx1fBjJ/story.html

Claro, eu pego nos valores gastos pelas campanhas, e faço contas digo asneira, você pega num parágrafo de um artigo referente a anúncios que nem especifica se se refere a cartazes, bumper stickers, tempo de antena em rádio ou TV, chamadas telefónicas, e é algo inatacável.
E não põe sequer a possibilidade de o que leu não ser o mais correcto.
O cego ideológico sou eu, que fui ler o seu artigo várias vezes.
João Davim a 23 de Agosto de 2012 às 14:12

Parece-me evidente que a frase explica bem o queria dizer e é algo inatacável, até porque ontem li esses dados em vários sítios na Internet. Se quiser, posso procurar outras fontes. Mas se não percebeu o parágrafo, posso-lhe traduzir:

"Romney desde o inicio de Junho investiu 25.8 milhões de dólares em anúncios enquanto Obama investiu 77.6 milhões de dólares, de acordo com dados obtidos pela grupo de análise de campanhas nos meios de comunicação social, Kantar Media. "

Ora, quando nos Estados Unidos se fala em investimentos por parte das campanhas, fala-se, sobretudo no investimento publicitário. É evidente que há outros gastos, nomeadamente com organização de eventos, consultores políticos, com a sedes de campanha, etc. Mas quando se diz "o candidato x está a gastar numa ordem de 3-1 em relação ao candidato y no estado k" refere-se a investimento publicitário, que inclui rádio, jornais, internet, mas sobretudo TV.
Nuno Gouveia a 23 de Agosto de 2012 às 17:21

Mas, meu caro, isso é você, que não é lunático, a raciocinar. Se eles, os lunáticos, dominam o GOP, por que razão haveriam de ser racionais na escolha do candidato se são, por definição, lunáticos? Istou apenas a utilizar a lógica.

Nancy Pelosi está muito mais à esquerda que a média americana. Mas acho que ela foi mais moderada que Boehner ou Gingrich quando foi speaker. Basta lembrar que na sua época não houve crises institucionais como as que houveram como os republicanos citados.
Joao Felipe a 22 de Agosto de 2012 às 17:51

As duas partes do seu argumento não se encadeiam lógica ou retoricamente. O facto de ela ser radical não a impede de ser conciliadora - o que nem me parece ser uma sua qualidade.

Mas não é só Pelosi que está à esquerda da média americana. O próprio Obama também está - e não sou eu que o digo, são os estudos de opinião.

Não disse que Pelosi é consiliadora, disse que ela foi mais moderada (não muito) que Boehner e Gingrich. Com Gingrich houve a paralização do governo federal e com Boehner esteve-se a beira de um calote por falta de acordo.
Joao Felipe a 22 de Agosto de 2012 às 22:54

Acho que o problema com Gingrich é muito mais de temperamento do que de ideologia. Ideologicamente, não acho que ele seja mais conservador do que Romney, embora o tenha acusado de "moderado" nas primárias. O problema é lidar com os humores do ex-Speaker, o que levou a liderança republicana, Boehner inclusive, a defenestra-lo da liderança em desonra.

Também não acho Boehner um conservador radical. Temos que ver as circunstâncias da crise do teto do endividamento: ele tinha uma ala minoritária, mas barulhenta, de seu partido, questionando o acordo e os republicanos que o aceitassem, além disso, o impasse teve impacto negativo na popularidade de Barack Obama. Essa combinação de circunstâncias levou a crise, e o uso politico dela. Em 1979, com republicanos e democratas muito menos polarizados ideologicamente que hj, uma situação semelhante aconteceu.

Porém, se Romney for eleito, provavelmente terá de aumentar o teto da dívida em breve, e, suspeito, que veremos as posições se inverter.

Nehemias
Nehemias a 24 de Agosto de 2012 às 18:30

Nehemias, o fato é que esses impasses ocorreram quando os republicanos eram oposição. Algo parecido não ocorreu nos tempos da Pelosi. Lembro que quando Bush propos seu plano de resgate após a quebra do Lehnman Brotherd, Polsen e Bernanke imploraram a Pelosi que não rejeitasse o pacote. A resposta dela foi a seguinte: \"não sou eu, são os republicanos\" Dias depois os mais republicanos que democratas votaram contra o pacote.
Joao Felipe a 24 de Agosto de 2012 às 23:32

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