A decisão jurídica do Supremo Tribunal sobre a lei da saúde de Obama terá, como é óbvio, consequências políticas nesta campanha eleitoral. Não há forma de dar a volta: foi uma vitória de Barack Obama, que viu confirmada a constitucionalidade da lei que muitos apontam como a principal causa da derrota eleitoral que o Partido Democrata obteve em 2010. Nos últimos meses os republicanos estiveram silenciosos sobre a lei, mas agora o assunto voltou para a primeira página da campanha eleitoral. Uma decisão em sentido contrário teria sido sempre mais penosa para o Presidente, mas isso não significa que não terá problemas. A base republicana uniu-se em redor de Mitt Romney, pois agora apenas uma vitória sua possibilitará a revogação da lei. Por outro lado, Mitt Romney tem vindo a encher os cofres de doações (só nas 24 horas seguintes angariou cerca de 4,2 milhões de dólares) e recebeu uma injecção de energia por parte dos eleitores republicanos. Essa é a principal vantagem que a sua candidatura receberá desta decisão. De resto, as implicações desta decisão resultarão, sobretudo do que as campanhas conseguirem fazer a partir desta decisão. Até ao momento Mitt Romney tem feito uma campanha assente na economia e não é previsível que altere a sua principal mensagem. Mas a lei da saúde, que permanece impopular, poderá ser utilizada para derrotar Obama aumentando a participação eleitoral da sua base. Um pouco como Obama utilizará as suas opções no casamento gay e imigração. Mas o Presidente, que, como disse anteriormente, obteve uma vitória política, poderá retirar também dividendos na campanha. Em 2010 nenhum democrata que votou favoravelmente a lei da saúde a utilizou na campanha eleitoral e até ao momento, Obama também não o tem feito. Mas se a lei tornar-se menos impopular (e há sinais nesse sentido), Obama terá aqui uma janela de oportunidade para finalmente a usar de uma forma positiva. Como quase sempre na política norte-americana, ainda é cedo para dizer quem mais ganhará, em termos eleitorais, com esta decisão do SCOTUS, mas com os dados conhecidos atrevo-me a dizer que será Obama. Mas a procissão ainda vai no adro.