Analisando o que nos tem dito as sondagens até ao momento, e ressalvando que nestes próximos seis meses muito ainda vai acontecer, e que, de facto, os acontecimentos externos à campanha e a maneira como esta vai decorrer será decisiva para o desfecho das eleições, este é o momento de fazer um balanço. E, posso acrescentar, tanto Mitt Romney como Barack Obama têm motivos de apreensão e satisfação.
A avaliar pelo perfil dos candidatos: aqui a vantagem está neste momento do lado do Presidente. Apesar do seu índice de aprovação estar ligeiramente abaixo dos 50 por cento, um número perigoso para o presidente em exercício, os americanos continuam a gostar dele. Apesar de não aprovarem o seu trabalho, as sondagens mostram-nos que os americanos têm apreço por ele. Ao contrário de Mitt Romney, que tem níveis de aprovação menores do que Obama, e que surge aos olhos dos americanos como alguém distante e sem carisma. Em abono da verdade, apenas agora os americanos começarão a olhar com atenção para Romney, e ainda tem uma margem de progressão enorme, mas isso vai depender da forma como a campanha irá decorrer. Mas diria que se as eleições fosse apenas sobre as duas personalidades, Obama estaria reeleito.
As sondagens nacionais continuam a dar um empate técnico, e é provável que se mantenha dessa forma até ao Verão. Uma corrida renhida é o que se espera. Mas como tem alertado Dick Morris, o facto de Obama manter-se com níveis de popularidade abaixo dos 50% e quase nunca ultrapassar esse valor nas sondagens frente a Mitt Romney, é preocupante para o Presidente. Numa eleição deste género, os indecisos normalmente optam pelo challenger. Mas ao mesmo tempo, os estudos de opinião conduzidos nos swing states têm indicado, quase sempre, vantagem para o Presidente. Partindo da geografia eleitoral de 2008, a tarefa parece muito mais simples para Obama, que pode perder vários estados, como o Indiana, Virgínia, Carolina do Norte, Ohio e Florida, e ainda assim, sair vencedor. Romney precisará de vencer assente na estratégia que Karl Rove denominou de 3-2-1. Ou seja, recuperar os anteriormente estados republicanos Indiana, Carolina do Norte e Virgínia, ganhar nos tradicionais swing states Ohio e Florida e vencer um destes: New Hampshire, Nevada, Iowa, Colorado ou Novo México. Isto além de ganhar em todos os estados que ficaram na coluna de McCain. Um empreendimento nada fácil.
Se analisarmos com mais profundidade os conteúdos das sondagens, a situação fica ligeiramente positiva para Romney. Obama continua a ter vantagem nos grupos demográficos fundamentais para a sua eleição em 2008: as mulheres, os afro-americanos, os jovens e os hispânicos. Mas Romney leva vantagem no eleitorado independente, além de ter margem de progressão em algumas grupos, como os hispânicos e os jovens. Por outro lado, a natural desilusão de algum eleitorado de Obama de 2008 poderá fazer aumentar a abstenção em grupos chave. Por outro lado, se Obama leva vantagem em temas como a segurança nacional, a personalidade, a honestidade, o ambiente ou a política externa, é Romney quem surge à frente no decisivo tema da economia.