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Mar 12
publicado por Nuno Gouveia, às 22:46link do post | comentar

Mitt Romney ainda não conseguiu selar a nomeação, e nem será amanhã que o conseguirá, apesar da vitória confortável que deverá obter no Illinois. Muito provavelmente apenas o alcançará muito perto do fim destas primárias. Tal como Obama em 2008. Uma das fragilidades que lhe tem sido apontadas é que não consegue vencer no Sul dos Estados Unidos, sendo isso a prova que não ultrapassa a desconfiança que os sectores mais conservadores depositam na sua candidatura. Sendo estes aspectos factuais, ao contrário da tendência maioritária na opinião publicada, eu não considero isso uma fragilidade, antes pelo contrário.

 

Em 2008, Barack Obama foi criticado pelo mesmo, pois durante as primárias contra Hillary Clinton raramente venceu em estados profundamente democratas. Tal como Mitt Romney, também Obama alcançou mais vitórias em estados tradicionalmente desafectos ao seu partido. Obama obteve a nomeação vencendo sobretudo em Red States, como no Sul (onde apenas perdeu na Florida e Arkansas), no Texas e no Oeste. Perdeu os grandes bastiões democratas de Nova Iorque e Califórnia, e ainda outros estados que têm votado democrata, como o Massachusetts, Rhode Island, Pensilvânia ou o Michigan. Entre as suas vitórias nos Blue States, contam-se Washington e Oregon na Costa Oeste e Vermont, Conecticut, Maryland e Delaware na Costa Leste. Apesar de ter perdido em grande parte dos tradicionais estados democratas, isso não o impediu de vencer em todos eles contra John McCain, e também conseguiu conquistar quase todos os swing-states (a excepção foi o Missouri). 

 

Romney, tal como Obama em 2008, tem dificuldade em convencer o eleitorado tradicional do Partido Republicano. Mas contra Obama, esses eleitores facilmente irão votar nele. Tal como o eleitorado de Hillary acorreu em massa às urnas para eleger Obama. Ninguém acredita que estados como Alabama ou a Carolina do Sul não fiquem na coluna de Romney. Além disso, os independentes estarão atentos ao que se está a passar nestas primárias. Um candidato mais conservador teria sempre muito mais dificuldades em vencer nos subúrbios de Cincinnati (Ohio) ou Pittsburgh (Pensilvânia), fundamentais para conquistar estes estados. A fragilidade de Romney nos Red States poderá ser um factor importante nos swing-states. E com este score eleitoral, será mais difícil aos democratas apresentarem Romney como um conservador inelegível (essa era a aposta inicial da campanha Obama), pois o eleitorado dificilmente encarará Romney dessa forma, que tem passado meses a ser exibido na comunicação social como um moderado. 

 

Se Romney apresenta fragilidades para as eleições de Novembro? Várias, e uma delas até é a falta de uma núcleo entusiástico de seguidores (ao contrário do que Obama tinha em 2008). Mas o facto de não vencer primárias do Sul só é problemático no contexto actual, pois isso poderá tornar-se numa "arma" para usar em Novembro. Mas sobre as fragilidades, isso ficará para outro post.


Parece-me que tem razão em parte no seu argumento. A vitória de Obama em muitos estados deveu-se a essa coligação. E especificamente em estados como a Carolina do Sul ou Geórgia, as vitórias de Obama deveram-se sobretudo ao voto negro. Mas por outro lado recordo-me que Obama conseguia atrair o voto do eleitorado independente nessas primárias, enquanto o eleitor típico democrata, em estados como a Pensilvânia, Nova Iorque, Massachusetts (onde perdeu apesar do apoio dos Kennedy) ou Califórnia votou em Hilllary. Aliás, uma das vantagens que apontavam constantemente na campanha é que Obama teria maior facilidade captar o eleitorado independente, por ser menos divisivo e partidário do que Hillary. Hoje pode ser esquecido, mas Obama ainda teve o apoio de alguns republicanos (os Obamacans), algo que com Hillary seria sempre mais difícil.
Nuno Gouveia a 20 de Março de 2012 às 18:38

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