1. Noite feliz para Santorum. Pelas duas vitórias (Alabama e Mississípi), mas sobretudo devido ao "golpe de misericórdia" que desferiu sobre Gingrich na luta pela "alternativa conservadora". Este último - cuja campanha ficará nos anais como uma das mais caóticas e mitómanas de sempre - perdeu qualquer legitimidade para se apresentar como candidato credível. Apenas duas vitórias em vinte e nove contendas; resultados miseráveis em Estados decisivos (Ohio, Michigan, Florida); incapacidade para se afirmar até em território favorável (o "Sul", onde seria supostamente favorito). A questão essencial é saber até onde a arrogância de Gingrich o levará: a uma desistência rápida (para vantagem de Santorum) ou ao prolongamento da agonia (para vantagem do seu arqui-inimigo, Romney).
2. Pese embora o furor mediático em torno de Santorum, creio que Romney não teve um dia desastroso. Em termos percentuais ficou próximo dos seus adversários, e com os triunfos no Hawai e Samoa Americana, acabou por conquistar praticamente o mesmo número de delegados de Santorum (as variações dependem do método de contagem). No Sul profundo, com 70% dos eleitores a declararem-se "conservadores ou muito conservadores", e com uma elevada percentagem de evangélicos, não se podia esperar muito mais.
3. Continuo a achar que, paulatinamente, Romney vai alicerçando a sua (inevitável) vitória. Triunfou em Estados-chave (Florida, Ohio, Michigan), tem melhor organização, bate largamente os adversários no que respeita à "electability" e parte à frente nas sondagens no Illinois, o próximo Estado eleitoralmente importante a ir a votos (20 de Março, 54 delegados em disputa). Como pode Santorum baralhar as contas? Com quatro factores essenciais: convencer Gingrich a abdicar da corrida quanto antes; obter novas e abastadas fontes de financiamento; impor a Romney uma surpreendente derrota num Estado muito relevante (Illinois ou Nova Iorque, por exemplo); alargar a sua base de apoio para além dos "social conservatives". Não vai ser fácil.