Arrisco a dizer-me que esta é a campanha presidencial americana mais instável da história. Nada menos do que cinco candidatos já lideraram as sondagens nacionais em certo período: Romney, Perry, Cain, Gingrich e Santorum. O único indicador constante é que Mitt Romney nunca se afundou e tem sido primeiro ou segundo das sondagens. Mas estes indicadores não deixam de evidenciar a fragilidade de Romney, que tem sido apontado por todos os analistas como principal, ou até talvez, o único candidato que pode vencer estas primárias. Poucos entres elites republicanas imaginam um dos outros candidatos a defrontar Barack Obama em Novembro. Ninguém deseja que se repita o cenário de 1964, quando Barry Goldwater foi cilindrado por Lyndon Johnson.
No próximo dia 28 Romney tem uma batalha decisiva para arrancar para a vitória. Caso não vença no Arizona e principalmente no Michigan, o seu estado natal, os alarmes vão soar em Washington entre as elites. Não por acaso, voltou a falar-se numa entrada tardia de um outro candidato. Não que seja um cenário muito credível, mas muito periogoso para Romney. Com o apoio do establishment, com muito mais dinheiro e recursos do que os seus adversários, Romney tem demonstrado uma incrível fragilidade. Está certo que se for o nomeado, esta corrida poderá ser esquecida, até porque Romney é muito mais um candidato de eleições gerais do que de primárias, onde os sectores mais conservadores têm um enorme peso. E está provado que ele não consegue atrair este eleitorado. Numas eleições contra Obama, este eleitorado irá certamente reunir-se em redor dele, até porque haverá o objectivo comum de derrotar Obama. No entanto, há alguns sinais positivos para ele. No Michigan, as recentes sondagens indicam uma ligeira recuperação, na imprensa conservadora começam a aparecer muitas histórias negativas para Santorum (o Drudge Report hoje destaca imensas) e talvez o poderio financeiro consiga arrancar uma vitória no Michigan, à semelhança do que sucedeu na Florida. Mas não tenhamos dúvidas: se Romney deseja ter hipóteses contra Obama, se chegar lá, precisa de ser um candidato muito mais eficaz. O que não tem acontecido.