Uma convenção negociada ("brokered convention") é a expressão utilizada na política dos E.U.A. para descrever uma situação em que nenhum candidato consegue uma maioria dos delegados obtidos nas primárias e "caucuses" e, consequentemente, não consegue obter uma maioria de votos no primeiro escrutínio da convenção, mesmo contando os votos dos "superdelegados" (não escolhidos nas primárias e "caucuses").
Tal situação tornou-se rara a partir da "democratização" do processo de selecção nos anos '70, com um maior predomínio dos delegados escolhidos em primárias sobre as máquinas partidárias. De facto, é preciso recuar-se a 1952 (Partido Democrático com Adlai Stevenson) e a 1948 (Partido Republicano com Thomas Dewey) para encontrarmos convenções decididas desse modo, embora a Convenção Democrática de 1968, que escolheu o Vice-Presidente Hubert Humphrey como candidato, o qual não disputara qualquer primária, possa aproximar-se desse modelo.
Vem isto a propósito da Convenção Republicana deste ano, na qual, dada a situação actual da "recolha" de delegados, é possível voltar-se aos famosos tempos, já não das "salas cheias de fumo", devido às normas anti-tabagistas, mas, pelo menos, dos bastidores da intriga e da dura negociação.
Nos cenários históricos das "brokered conventions" ou um dos candidatos - não necessariamente aquele que originalmente mais apoio tinha - era escolhido, ou então surgia um "dark horse", alguém inesperado, para assumir a candidatura partidária à Casa Branca.
Não é ainda claro nem expectável que a Convenção Republicana de 2012 venha a preencher esse cenário, mas num ano eleitoral tão imprevisível como este tem sido, nada é de excluir.