1. Rick Santorum obteve vitórias no Missouri, Minnesota e Colorado, numa noite triunfal da sua candidatura. Beneficiando da derrocada de Gingrich (cujo estilo conflituoso alienou decisivamente o eleitorado), Santorum concentrou o voto da ala conservadora do GOP, superando Romney em dois Estados ganhos por este em 2008 (Minnesota e Colorado). Baralhou as contas no que toca ao posto de "alternativa-a-Romney", mas a sua candidatura tem fragilidades evidentes, no que toca a fundos, organização e sobretudo mensagem política - demasiado focada nos "temas sociais" (casamento gay, aborto, etc.) numa eleição previsivelmente dominada pela economia, e que pouco apela ao eleitorado moderado.
2. Romney tem motivos para estar preocupado. Os resultados de ontem, aliados ao menor entusiasmo dos eleitores face a 2008, mostram uma renitência - se não mesmo desagrado - da base Republicana relativamente ao "grande favorito". As "exit polls" revelam uma constante preferência dos conservadores, do "Tea Party" e dos evangélicos por outros candidatos; os "think tanks" Republicanos olham-no com desdém e nem o facto de as Primárias de ontem terem pouco significado "prático" (uma vez que a atribuição de delegados era residual), não há como esconder: os eleitores mais fiéis do Partido Republicano não estão convencidos da "inevitabilidade" chamada Romney.
3. Por que razão insistimos então que Romney é o grande favorito? Porque tem a melhor organização, mais dinheiro, mais apoios institucionais. Porque as sondagens nacionais mostram sistematicamente que é ele o mais difícil opositor de Obama. Porque nos Estados mais populosos (com mais delegados para distribuir) a base conservadora é menos relevante que o eleitorado moderado. Porque os adversários não mostram consistência para serem uma verdadeira alternativa.
4. Quem está a beneficiar com estas indefinições e fragilidades? O Presidente Obama, que vem subindo nas sondagens nacionais (seja quem for o adversário nomeado), mostrando maior popularidade em Estados-chave (em sondagens recentes feitas na Florida, Virgínia e Missouri) e crescendo nos "mercados electrónicos" (como o Intrade, onde a sua probabilidade de reeleição subiu de 53 para 61% em três semanas).