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Fev 12
publicado por Nuno Gouveia, às 22:56link do post | comentar

Cinco eleições e três vitórias. Um segundo lugar que valeu por uma vitória e uma derrota estrondosa. Este é o saldo até ao momento de Mitt Romney. Se não conhecesse o sistema eleitoral americano, diria que ainda faltam 45 estados votarem nestas primárias. Mas a realidade é bem diferente. Com a vitória de hoje no Nevada (só mais tarde haverá resultados finais), Romney fortalece o seu favoritismo para ser nomeado em Tampa no próximo Verão. Se as restantes eleições durante o mês de Fevereiro tiverem todas o mesmo desfecho - e esse é o cenário mais previsível - Romney poderá fechar a questão na super terça-feira em Março. Apesar das juras de Santorum e especialmente de Gingrich que vão competir até ao final destas primárias, será difícil terem o dinheiro para continuarem na corrida depois de Março. 

 

PS: Entretanto, Newt Gingrich convocou uma conferência de imprensa para esta noite. Correm rumores que poderá anunciar o abandono da corrida. Se tal se confirmar (o que me parece improvável nesta fase), Rick Santorum será o grande beneficiado. 


A respeito dos dois partidos, mais algumas razões que podem contribuir para isso:

- o sistema eleitoral (em que ganha o candidato mais votado em cada circulo, mesmo sem maioria) contribui para que não consigam aparecer mais partidos com representação (o "voto útil", mas ainda com mais motivação que em Portugal)

-a combinação disso com um sistema presidencial ainda reforça o sistema - se num sistema parlamentarista, as eleições maioritárias a uma volta ainda podem produzir uma situação em que há fortes partidos regionais (como no Canadá ou no Reino Unido), num sistema presidencial, em que o governo nacional fica para quem tiver mais votos a nível nacional, os partidos regionais não têm grande espaço, a menos que formem um "frente unida" nas eleições nacionais (e, de certa forma, durante muito tempo o Partido Democrático poderia ser considerado quase como uma federação de partidos regionais, bastante diferente de zona para zona)

- de certa maneira, o sistema partidária americano acaba por ser parecido com o francês; à primeira vista, não tem nada a ver - a França tem um carrada de partidos, e estão sempre com cisões e fusões; mas em França as eleições são a duas voltas, e em 99% dos casos na segunda volta forma-se o "cartel das esquerdas" e o "cartel das direitas", cada qual a apoiar o seu candidato. Nos EUA, no fundo é a mesma coisa, com as primárias a funcionarem como a "primeira volta", onde as diversas sensibilidades de cada área escolhem o seu candidato comum

Explicando melhor o que eu queria dizer no último ponto - nos EUA é, ao mesmo tempo, muito dificil criar um 3º partido (devido ao sistema maioritário a uma volta e ao presidencialismo) e relativamente fácil "tomar" um partido por dentro (devido às primárias); logo, mesmo que alguém que tenha ideias diferentes de das representados pelos 2 grande partidos, acaba por ser mais simples registar-se naquele que está mais perto e lá dentro tentar levá-lo para a direção que quer do que criar um novo partido.
Miguel Madeira a 5 de Fevereiro de 2012 às 23:08

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