1. Mitt Romney obteve uma estrondosa vitória na Florida, com 46% dos votos contra 32% de Gingrich. Abandonou a postura "robótica" do início da campanha, assumiu um estilo agressivo, lançou propostas na economia, energia e imigração e dominou os debates televisivos. O resultado está à vista: um triunfo folgado num dos mais importantes Estados americanos, uma "colecta" de 50 delegados (na Florida vinga o sistema winner-takes-it-all) e o reconhecimento generalizado de que é o "mais-que-provável nomeado".
2. Reforçado pelas sondagens - que o mostram como o maior adversário de Obama - Romney proferiu um discurso totalmente dirigido ao actual Presidente, defendendo uma "alternativa conservadora" baseada no "small government", combate ao desperdício e estímulo da economia por via da defesa da liberdade de iniciativa e desburocratização do Estado. A julgar pelas "exit polls", a Economia vai dominar completamente o debate político e Romney transmite uma mensagem e uma imagem fortes neste campo. Por outro lado, beneficia de uma excelente organização eleitoral e dispõe de mundos e fundos para inundar os "media" com acções de propaganda. Muito evoluiu em relação a 2008...
3. Newt Gingrich foi penalizado pelo estilo conflituoso e pela sua campanha errática, repleta de caricaturas dos adversários e de ataques belicosos que mais parecem manifestações de ressentimento. Apenas bateu Romney entre os eleitores que se dizem "muito conservadores" e "fortes apoiantes do Tea Party", o que mostra como é reduzida a sua base de apoio (particularmente na perspectiva de bater Obama). Perdeu os moderados, perdeu os "media" e perdeu ao não conseguir unir forças com Santorum. É um combatente por natureza e prosseguirá uma campanha onde ainda pode colher alguns triunfos, mas a sua candidatura está exangue - política, ideológica, financeira e emocionalmente.
4. Santorum ficou-se pelos 13% e Ron Paul pelos 7%. Correm por fora, procurando apenas o reforço da sua posição no Partido e no debate político nacional. Mas atenção a Paul nos "caucus" do Nevada e do Maine. Já Santorum deverá ser fortemente pressionado a desistir a favor de Gingrich, embora o antigo Senador já tenha rejeitado essa possibilidade. Honestamente, parece-me ser a única forma de revitalizar a campanha de Gingrich e devolver alguma incerteza (mesmo que pouca) a estas Primárias.