Com as voltas e reviravoltas nas sondagens republicanas e - mais importante - nos resultados das primárias, apetece-me citar o título do famoso "hit" de 1974 dos Bachman Turner Overdrive "You Ain't Seen Nothing Yet".
A Carolina do Sul teve um resultado surpreendente apenas porque, poucos dias antes da eleição, Mitt Romney tinha uma sólida vantagem sobre Newt Gingrich. Porque, tirando essa reviravolta, aquele estado sempre fora terreno mais propício a um candidato como Gingrich do que ao antigo Governador do Massachusetts.
Mas a Florida, de hoje a oito dias, é, como eles dizem "a wholly different ball-game". De facto, a composição sociológica e ideológica deste estado é mais heterogénea - por alguma razão é um "swing state", ou seja, um estado que alterna entre democratas e republicanos (vitória de Bush em 2004 e de Obama em 2008, por exemplo) - embora a respectiva delegação na Câmara dos Representantes esteja actualmente em 19 republicanos e 6 democratas.
Romney tem liderado na Florida, ou antes, tinha - até ser derrotado na Carolina do Sul. Estamos perente um caso típico de "momentum" por parte de Gingrich, mas a verdade é que Romney nunca encantou o eleitorado republicano, e a questão das suas declarações de rendimentos foi por ele bastante mal gerida. Pois ontem já saíram duas sondagems - da Rasmussen e da InAdv - dando confortáveis vantagens a Gingrich, de 9 e 8 pontos percentuais, respectivamente.
Ainda haverá dois debates antes da eleição e, além deles, a volatilidade que até agora se tem registado pode perfeitamente repetir-se no "Sunshine State". Mas uma coisa me parece certa: Romney perdeu a aura de "inevitabilidade", e uma vitória de Gingrich na Florida deixará tudo em aberto.
Mais esfregar de mãos em Chicago, não porque Gingrich seja um "extremista" (se calhar, em diversos aspectos, está mais perto da "mainstream" que Barack Obama), mas porque tem uma personalidade agressiva e imprevisível, o que faz dele um candidato difícil de atrair os votos dos independentes.