De domingo a exactamente três meses - dia 1 de Fevereiro de 2016 - terão lugar os "caucuses" do Iowa, uma forma mitigada de eleição primária com a qual tem início a respectiva época. A principal questão que agora se coloca é como evoluirão as candidaturas nos próximos 90 dias, portanto.
No lado democrático não há grandes expectativas ou dúvidas, especialmente depois do recente anúncio do Vice-Presidente Joe Biden de que, definitivamente, se não candidatará (alegou, essencialmente, que é um pouco tarde para isso). A vantagem nacional de Hillary Clinton sobre Bernie Sanders é bastante confortável, e até a margem que este sobre ela vinha tendo em New Hampshire tem vindo a diminuir. Clinton passou razoavelmente incólume (pelo menos sob o ponto de vista dos "mainstream media") no crivo da sua deposição perante a sub-comissão da Câmara dos Representantes que investiga o caso Benghazi (acerca do ataque ao consulado americano naquela cidade líbia a 11/9/2012, de que resultou a morte de quatro americanos, incluindo o embaixador naquele país), e está visto que o eleitorado democrático não valoriza excessivamente aquilo que, eufemisticamente, poderia designar-se por "os seus traços de carácter" (já o eleitorado em geral valoriza-os bastante, com perto de dois terços dos auscultados a não a considerarem honesta ou digna de confiança). Como também poucos acreditam que o Departamento de Justiça lhe venha a mover uma acusação por causa do caso dos emails, a nomeação democrática parece não oferecer dúvidas.
No campo republicano as coisas continuam difusas, para não dizer confusas. Do lado dos "rebeldes", chamemos-lhes assim, Ben Carson surge agora mais ameaçador da posição cimeira de Donald Trump, liderando destacado, inclusivamente, na média de sondagens do Iowa. Em termos nacionais está também bem mais próximo agora, havendo inclusivamente uma sondagem recente que o coloca à frente de Trump.
Entre os restantes candidatos republicanos, o facto mais relevante é o declínio de Jeb Bush, o qual já foi inclusivamente forçado a cortes na sua campanha por motivos de ordem financeira (sinal de menor optimismo dos seus apoiantes financeiros). Marco Rubio, embora distante dos dois "insurgentes", continua em terceiro lugar a nível nacional e em Iowa e New Hampshire. No terceiro debate republicano, que teve lugar quarta-feira, Rubio teve uma excelente prestação - tal como Ted Cruz - e aguarda-se com alguma expectativa o impacto que tal desempenho possa vir a ter nas sondagens. Rubio tem várias vantagens sobre os seus rivais: consegue ser um candidato simultaneamente simpático para o "establishment" republicano e para as bases mais conservadoras do partido, e além disso é hispânico (filho de cubanos), um factor nada despiciendo. Já Cruz é um conservador puro e duro e as suas tácticas e posições no Senado não lhe têm propriamente granjeado a simpatia do "establishment". A sua estratégia tem sido posicionar-se de modo a colher os frutos de eventuais quebras, ou até desistências, de Trump e/ou Carson (o que, está visto, não acontecerá tão cedo).
Parece também claro que vários candidatos não permanecerão muito mais tempo na corrida, como são os casos de Rand Paul, George Pataki, Bobby Jindal, Lindsey Graham, Jim Gilmore e Mike Huckabee, embora possam tentar chegar ao Iowa, especialmente o último, que lá venceu em 2008. John Kasich e Chris Christie vão-se aguentando, embora sem movimento nas sondagens, e Carly Fiorina deixou de ser novidade e parece também ter perdido impulso. As eventuais desistências de alguns ou todos estes candidatos poderão ter um impacto relevante no posicionamento comparativo dos restantes candidatos.
Foto: os principais candidatos republicanos antes do debate do dis 28, em Boulder, Colorado