04
Fev 15
publicado por Alexandre Burmester, às 23:02link do post | comentar

 

Scott_Walker_primary_victory_2010.jpg

 

Como já aqui referi, e como parece evidente para a esmagadora maioria dos observadores, a corrida a seguir em 2016 será a republicana e não a democrática. Nesta última, Hillary Clinton deverá conseguir, com maior ou menor dificuldade, a nomeação, não se vislumbrando uma surpresa como a que, em 2008, a privou da candidatura democrática, contra todos os vaticínios dos "entendidos", note-se (entre eles os "tudólogos" portugueses, que já quase a aclamavam como presidente - não confundir com "presidenta", vocábulo mais comum no Atlântico Sul - ainda nem as primárias tinham tido início).

 

Do lado republicano, porém, a corrida promete ser muito competitiva. Ao contrário da "sabedoria convencional", a actual divisão e crispação entre os sectores mais "irredutíveis" do partido - a ala Tea Party/Direita Religiosa (duas coisas que por vezes se sobrepõem, mas que não são sinónimos, note-se) - e o "Establishment" do partido não constituem novidade alguma. Já em 1952, por exemplo, Dwight Eisenhower teve de enfrentar nas primárias o Senador Robert Taft, "Mr Republican", a voz do "partido profundo", sendo o general o candidato do "Establishment", e em 1964 o "partido profundo", na pessoa do Senador Barry Goldwater, prevaleceu sobre o "Establishment", personificado pelo Governador do Estado de Nova Iorque, Nelson Rockefeller. Digamos que, da II Guerra Mundial para cá, talvez o único candidato republicano que conseguia falar simultaneamente pelos, e para, os dois sectores do partido tenha sido Richard Nixon (e nessa sua capacidade uns viam a sua duplicidade inata, outros a sua argúcia política).

 

Mas voltemos à campanha que se avizinha. Claramente, há já um candidato preferido do "Establishment", o ex-Governador da Florida Jeb Bush, cujo apelido o atrapalha mais do que o ajuda, diga-se. Com o recente anúncio de Mitt Romney de que, definitivamente, não tentará uma terceira campanha presidencial, Bush tornou-se o favorito do "Establishment", embora, nesse sector, não possa descurar a personagem do Governador de New Jersey, Chris Christie. No campo oposto, perfilam-se, entre outros, o "invulgar" Senador Rand Paul - mais libertário que conservador - e o seu colega no Capitólio Ted Cruz. 

 

O "Establishment" prefere uma figura previsível, de preferência com experiência executiva - e daí a sua simpatia por Bush e Christie - e, acima de tudo, elegível; a ala Tea Party/Direita Religiosa prefere alguém com perfil "anti-Establishment", "anti-Washington" e que defenda os valores sociais e económicos conservadores.

 

Mas, no meio desta polaridade, surge um homem que pode, sem grande esforço, fazer a ponte entre as duas facções. Falo do Governador do Wisconsin, Scott Walker. Trata-se de um homem duas vezes eleito governador de um estado tendencialmente democrático - a úlima vez que o candidato presidencial republicano aí venceu foi em 1984 - e que, pelo meio, ainda teve de enfrentar uma "recall election", uma espécie de referendo a meio do mandato, que também venceu. Tornou-se popular à direita pela sua oposição bem sucedida aos sindicatos do sector público, pela sua rejeição do "Affordable Care Act", mais conhecido por "Obamacare", e pela sua posição contra o aborto, e,  para o mais pragmático Establishment, é um competente executivo que sabe equilibrar orçamentos, criar empregos e vencer eleições em terreno adverso.

 

A verdade é que, neste momento, Scott Walker lidera as sondagens no Iowa - onde tem lugar o primeiro escrutínio das primárias - a que não será estranho o facto de esse estado ser vizinho do Wisconsin. Mas, mais surpreendentemente, a mais recente sondagem no New Hampshire - palco da primeira primária propriamente dita - dá-lhe vantagem sobre Bush. 

 

Como todos os restantes presumíveis candidatos de ambos os partidos, Scott Walker ainda não é oficialmente candidato, mas o ímpeto parece irresistível. E, a esta distância, arriscar-me-ia a dizer que a grande luta entre os republicanos será entre ele e Jeb Bush.

 

 


01
Fev 15
publicado por Nuno Gouveia, às 21:21link do post | comentar | ver comentários (2)

O Partido Republicano nos últimos anos tem tido direito a um verdadeiro freak show nas suas primárias,  a terem vários candidatos que apenas se apresentam na corrida para ganhar dinheiro ou estatuto mediático. O ano de 2012 foi disso o maior exemplo, com apenas um candidato a ter reais hipóteses de ser Presidente, Mitt Romney, enquanto os restantes nunca foram considerados reais candidatos. Longe vão os tempos de 1980, quando Ronald Reagan venceu as primárias a antigo diretor da CIA, George H. Bush, ao líder republicano no Senado, Howard Baker ou ao antigo governador do Texas, John Connaly. Nos últimos anos, têm aparecido vários candidatos/oportunistas, o que tem prejudicado imenso o Partido Republicano, pois normalmente adoptam posições coladas ao extremo político e arrastam o debate para questões laterais e que não interessam à grande maioria dos americanos. Em 2012, percebia-se que Romney era o único que poderia chegar a presidente, mas mesmo assim, teve de debater com candidatos como Rick Santorum, Newt Gingrich, Herman Cain ou Ron Paul. Rick Perry foi um desastre nos debates, Tim Pawlenty desisitiu ainda no Verão e Jon Hunstman era demasiado moderado para o GOP. 

A perspectiva para 2016, nesse aspecto, parece ser bem melhor, com "sérios" candidatos, como Marco Rubio, Jeb Bush, Chris Christie ou Scott Walker, isto para referir aqueles que me parecem terem mais hipóteses de obter a nomeação. E numa segunda linha, aparecem vários candidatos minimamente credíveis para manter um bom debate, como Rand Paul ou até Lindsey Graham. Onde está o problema? É que Ted Cruz, Mike Huckabee, Rick Santorum ou até mesmo Ben Carson também ameaçam concorrer, o que poderá provocar novamente um debate encostado à direita, prejudicando a imagem do GOP. Não que isso não suceda também no Partido Democrata, mas protegidos pelos media, os Democratas conseguem mais facilmente escapar deste tipo de debate. 

Ainda não temos um campo de candidatos totalmente definido, muita tinta vai correr até aos debates começarem, mas muito do que se passar nas eleições de 2016 poderá ser definido pelo rumo das primárias. Principalmente numas eleições que se preveem renhidas. Deixo apenas um exemplo: será que George W. Bush teria derrotado Al Gore se o seu principal adversário nas primárias não tivesse sido um moderado como John McCain?


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