31
Dez 12
publicado por Era uma vez na América, às 18:12link do post | comentar | ver comentários (1)

  

 

Joe Biden: "They're gonna put you all back in chains!" -  Joe Biden tem sempre de ter lugar numa lista onde sejam compiladas as gaffes do ano. Escolhemos esta, mas muitas mais haveria para colocar. 

 

Todd Akin:  "Legitimate rape" - Todd Akin foi apenas um dos principais responsáveis pelo mau ano republicano nas eleições de Novembro. Podia também colocar aqui Richard Mourdock do Indiana ou outros que fartaram-se de dizer asneiras durante este ciclo eleitoral. 

 

Eric Fehrnstrom: "Etch-a-Sketch moment" - Um dos principais conselheiros de Mitt Romney protagonizou este infeliz incidente no final das primárias, dando a entender que Mitt Romney iria começar uma nova campanha. Tal como o próprio Romney, houve muito fogo "amigo" da própria campanha que não ajudou nada os republicanos. 


30
Dez 12
publicado por Era uma vez na América, às 19:12link do post | comentar | ver comentários (2)

  

 

Real Clear Politics: O antigo agregador de conteúdos cimentou a sua posição líder na nova imprensa americana. Os seus colaboradores já são convidados regularmente para participar em programas de comentário político, e são uma força poderosa, sobretudo com a sua média de sondagens, citada em todo o mundo. Este ano, e para memória futura, acertaram em 49 dos 50 estados. Está para ficar. 

 

Five Thirty Eight: O blogue de Nate Silver no New York Times conquistou uma posição de respeito neste ano eleitoral. Debaixo de fogo dos republicanos na última fase da campanha eleitoral, a verdade é que o seu modelo acertou nos resultados dos 50 estados. Não muito diferente do Real Clear Polítics, mas Silver foi o campeão da análise das sondagens deste ano. Já não precisa de acertar mais em futuros ciclos eleitorais para figurar na história da estatística política. 

 

Drudge Report: Mixed feelings para o ano do site de Matt Drudge, há mais de uma década líder na Internet. A sua inclusão neste trio deve-se sobretudo à influência que teve nas primárias republicanas, quando demonstrou que pode ser uma força poderosa de apoio a um candidato (no caso Mitt Romney). Nas eleições gerais tentou alcançar a mesma influência, mas não conseguiu nenhum furo digno de registo. Pelo contrário, teve maus momentos. Mas provou em 2012 que continuará a influenciar a política republicana. 


publicado por Era uma vez na América, às 13:33link do post | comentar | ver comentários (1)

  

 

Scott Walker, governador do Wisconsin - Venceu a recall de Junho, transformando-se imediatamente num símbolo do Partido Republicano. Se garantir a reeleição em 2014, terá certamente a tentação de avançar para uma candidatura presidencial em 2012. Foi um dos poucos republicanos que teve um ano positivo em 2012.

 

Elisabeth Warren, senadora do Massachusetts - Foi eleita senadora em Novembro e irá tomar posse apenas em Janeiro, mas já é um dos nomes mais mediáticos do Partido Democrata, e até apontada como possível candidata presidencial no futuro. Quando se fala de mulheres democratas e com capacidade de liderar o partido, Warren será uma delas. A acompanhar com atenção no futuro. 

 

Tim Scott, senador da Carolina do Sul - Num partido desesperadamente a precisar de mais apoio entre as minorias, a nomeação do congressista Tim Scott, no estado de Strom Thurmond, como o primeiro senador negro do Sul desde a reconstrução é uma mensagem poderosa. E bem considerado pelo establishment e pela base conservadora, poderá ser uma das novas estrelas do partido republicano. 


29
Dez 12
publicado por Era uma vez na América, às 01:41link do post | comentar

Como nos dois últimos anos, decidimos publicar uma lista dos destaques de 2012 nos Estados Unidos. Num ano extremamente político, decidimos seleccionar as seguintes categorias: Personalidade; Acontecimento; Revelação; Site; Gaffe; Comentador. Nos próximos dias iremos divulgar as nossas escolhas. 


28
Dez 12
publicado por Nuno Gouveia, às 00:47link do post | comentar

Norman Schwarzkopf, Comandante das Forças Aliadas na Guerra do Golfo de 1991, morreu hoje com 78 anos. Com uma carreira militar brilhante, esteve estacionado em Berlim no inicio da década de 60, quando as forças soviéticas pressionavam mais do que nunca a cidade livre da Alemanha Ocidental e mais tarde combateu no Vietname. Depois de várias passagens na Alemanha Ocidental e na América Latina, culminou a sua carreira à frente das forças aliadas que expulsaram os iraquianos no Koweit. Retirou-se após esse conflito e o seu nome foi várias vezes associado a uma candidatura política. Republicano, apoiou o Presidente George W. Bush e John McCain em 2008, mas antes tinha-se tornado um crítico da condução da guerra do Iraque, e, sobretudo, de Donald Rumsfeld. Foi sobretudo um militar da guerra fria, à moda antiga. Hoje a América presta-lhe homenagem pelo serviço que prestou ao país. 


26
Dez 12
publicado por Alexandre Burmester, às 22:23link do post | comentar

O "Abismo Fiscal " ("Fiscal Cliff") tem posto a América em transe. De facto, se não houver um acordo orçamental até 31 de Dezembro, entram automaticamente em vigor aumentos de impostos (para todos) e cortes de despesa, que significarão uma redução de cerca de 5% do PIB dos EUA, um montante assombroso.

 

De um lado perfilam-se os democratas, encabeçados por um presidente "redistributivo" e que acha que a América está cheia de "milionários e bilionários" com os seus jactos privados, e do outro os republicanos, para os quais nenhum aumento de impostos é aceitável e toda a despesa pode ser cortada com a excepção da Defesa.

 

A verdade é que a Administração Obama tem acrescentado diariamente à dívida pública uma média de US $ 3.000.000.000 (escrito assim, por extenso, causa mais impacto). Outra verdade, é que não há "milionários e bilionários suficientes" para suprir o deficit federal. Ainda outra verdade é que os 5% que mais auferem já pagam cerca de 85% do imposto federal sobre o rendimento. Uma verdade mais é que nada custa "carregar-lhes" mais um bocado (na versão Plano B do Speaker da Câmara dos Representantes, John Boehner, aliás chumbada pelos seus correligionários republicanos.).

 

Olhando para situçações semelhantes no passado, eu diria que, até ao fim do ano, pelo menos um acordo parcelar será atingido, uma espécie de adiamento do problema. Mas, ao ver declarações dos dois lados, como a do Senador republicano John Barrasso, do Wyoming, segundo o qual o Presidente Obama deseja ver o país despenhar-se no tal abismo por achar que terá alguma coisa a ganhar com isso politicamente lá do fundo do abismo, não sei se não estaremos na véspera de um muito desagradável acontecimento.


24
Dez 12
publicado por Nuno Gouveia, às 20:31link do post | comentar


21
Dez 12
publicado por Alexandre Burmester, às 17:42link do post | comentar | ver comentários (4)

 

 

Parece iminente o anúncio da Casa Branca da nomeação do Sen. John Kerry como o próximo Secretário de Estado, na sequência da oposição republicana à nomeação da Embaixadora dos E.U.A. na ONU, Susan Rice.

 

A confirmar-se tal nomeação - que não deverá enfrentar problemas de maior no Senado, pois Kerry é respeitado em termos de política externa também por uma dose saudável de senadores republicanos - abrir-se-á uma vaga de Senador pelo Massachusetts, o que dará uma clara oportunidade a Scott Brown, derrotado em Novembro após cumprir a parte final do mandato do falecido Sen. Edward Kennedy, para regressar à câmara alta do Congresso.

 

As sondagens indicam que Brown - um republicano eleito por um estado largamente democrático - é visto favoravelmente por uma clara maioria de eleitores do Massachusetts. Embora ainda seja cedo para especulações, é bem possível que esta figura atípica do Partido Republicano não tenha dito adeus definitivamente ao Senado.


18
Dez 12
publicado por José Gomes André, às 00:18link do post | comentar | ver comentários (9)

Os trágicos eventos em Newtown vieram relançar um debate polémico, em torno do direito à posse de armas, protegido pelo célebre 2º Aditamento à Constituição dos EUA: “Sendo necessária à segurança de um Estado livre a existência de uma milícia bem organizada, o direito do povo de possuir e usar armas não deverá ser infringido”.

 

Trata-se de um privilégio com larga tradição nas colónias americanas, onde a utilização de armas era fundamental para o modo de vida das populações, rodeadas de permanentes ameaças (índios, animais selvagens, etc.) e sem uma organização policial capaz de garantir a ordem pública. No Novo Mundo, a posse de uma arma era indispensável para garantir a segurança dos colonos e das suas famílias. A ninguém surpreendeu pois a sua inclusão nas Declarações de Direitos estaduais e na Carta de Direitos federal (aditada à Constituição dos EUA em 1791).

 

Apesar da sua aparente simplicidade, esta determinação constitucional presta-se porém a duas interpretações distintas. Uma leitura (“extensiva”) considera que ela consagra o direito de um cidadão possuir armas e fazer uso delas, não só para protecção colectiva (contra agressões externas), mas também para protecção individual (defesa contra criminosos, etc.). Esta interpretação sustenta que o Segundo Aditamento consigna um direito pessoal conceptualmente idêntico aos demais consagrados na Carta de Direitos, pelo que não lhe são aplicáveis restrições.

 

Uma outra leitura (“limitativa”) considera, ao invés, que o 2º Aditamento foi formulado originariamente com um propósito defensivo, cujo objectivo não era permitir um uso indiscriminado das armas, mas sim procurar salvaguardar os direitos dos Estados em formarem milícias organizadas – e portanto armadas – para assegurar um controlo da ordem pública. A posse individual estaria assim implicitamente limitada a situações excepcionais (caso o país fosse atacado por outra nação, por exemplo).

 

Se atentarmos aos desígnios dos Founding Fathers, concluímos que a segunda leitura parece ser a mais fidedigna. Com efeito, a elaboração deste Aditamento procurava municiar as milícias com instrumentos adequados para defender os Estados face a ameaças estrangeiras (recordemos que os EUA não tinham um exército permanente), ou contra abusos do próprio governo central – a quem a recente Constituição conferia poderes consideráveis. A manutenção de uma milícia armada – honrando o princípio do cidadão-soldado – dependia da existência deste Aditamento, tendo por isso mesmo os Estados insistido na sua relevância.

 

Historicamente, contudo, a “interpretação extensiva” foi privilegiada, sendo o 2º Aditamento evocado como um direito pessoal indiscriminado ao porte e uso de armas. Os actos violentos cometidos com armas – facilmente adquiridas em qualquer espaço comercial – tornaram-se comuns nos EUA, e as autoridades têm grande dificuldade em controlá-los, sobretudo porque a criação de medidas que visem limitar a posse dessas mesmas armas tem sofrido uma impressionante resistência. Isso deve-se, em parte, porque vários grupos organizados (a NRA, por exemplo) e lobbies económicos escudam-se no 2º Aditamento para cimentar os seus protestos contra as possíveis alterações ao mesmo.

 

Todavia, mais do que nunca, talvez seja necessário reinvocar o objectivo original da Carta de Direitos – privilegiando a interpretação “limitativa” – para evitar novas tragédias; já não para prevenir que o governo abuse dos direitos dos cidadãos, mas para impedir que os cidadãos destruam a sua própria liberdade.


17
Dez 12
publicado por Nuno Gouveia, às 17:27link do post | comentar

 

Tim Scott será o novo senador republicano da Carolina do Sul, anunciaram hoje fontes próximas da governadora do estado, Nikki Haley. Congressista desde 2011, Scott irá agora assumir o lugar entretanto deixado vago por Jim DeMint, que foi para a Heritage Foundation. Este será o primeiro senador negro dos estados do Sul desde a Reconstrução e, curiosamente, será o único negro no Senado na actualidade. Tim Scott foi desde logo apontado como o favorito para o lugar após a demissão de DeMint. Com 47 anos, tem boas relações com os sectores conservadores do partido, mas também com o establishment. Além disso, a tal diversidade que o GOP desesperadamente precisa de alcançar entre o eleitorado também já deixava de adivinhar este cenário. Um marco histórico a nomeação de Scott, no mesmo estado que teve Strom Thurmond como senador desde 1956 até 2003. 


publicado por Nuno Gouveia, às 15:42link do post | comentar

 

Mais uma vez os americanos choram depois de um terrível acto cometido por um lunático sem respeito pela vida. E mais uma vez repetem-se os mil e um discursos contra as armas, como se o mal fosse apenas das armas. Confesso que nutro simpatia pelo argumento que não são as armas que matam, mas sim as pessoas. Mas não, não concordo nada com a lei vigente na maioria dos estados americanos. Penso que é inaceitável que se vendam armas de guerra em qualquer esquina, pois o direito a usar armas, consagrado na Constituição Americana, não significa que metralhadoras e outro tipo de armas automáticas estejam disponíveis facilmente. Nem me parece aceitável que o direito a usar armas se deva estender a qualquer cidadão: o estado mental, o cadastro ou uma outra série de condicionantes devem ser factores de investigação a todos os que desejem comprar uma arma. E, sim, a proibição de armas automáticas decretada em 1994 e que expirou em 2004, devia ser retomada pelo Congresso. Os republicanos, mais do que os democratas, têm responsabilidades nesta matéria, apesar de Obama nunca ter dado sequer um passo neste sentido.

 

Mas o problema é que este tipo de incidentes não irá desaparecer com nova legislação. O massacre de Columbine aconteceu em 1999, quando estava em vigor a proibição de venda de armas automáticas de Bill Clinton. E com os milhões de armas que existem espalhadas pelos Estados Unidos, um qualquer lunático não terá grandes problemas em arranjar armas para prosseguir com os seus actos de terror. Mesmo em países mais brandos, como vimos recentemente na Noruega ou no massacre de Jokela na Finlândia em 2007, situações destas têm acontecido. No entanto, a verdade é que este tipo de incidentes acontece com mais regularidade neste país. Algo está mal quando tantos e tantos lunáticos conseguem assassinar de forma massiva tantos inocentes. É um sintoma de uma sociedade com problemas, e que devem ser encarados de frente. Há vários vectores que os responsáveis políticos americanos devem atacar para tentar atenuar esta barbárie que parece estar a crescimento nos EUA. Em primeiro lugar, sem dúvida, a alteração na restrição de venda de armas. Mas terá de haver uma conversação nacional sobre o tratamento a dar a indivíduos com perturbações mentais. O assassino do Colorado deste ano tinha dado imensos sinais de loucura, mas nada lhe aconteceu. As autoridades registaram os indícios, tal como um psiquiatra, mas não impediram a tragédia. O tratamento psiquiátrico, e acompanhamento pelas forças de autoridades destes indivíduos terá de ser efectuado de outra forma. Por outro lado, os imensos meios que as autoridades têm para vigilância online (neste caso em particular no Connecticut não teria servido de nada), terão de ser mais repensados. Muitos destes lunáticos anunciam online as suas intenções ou as suas graves perturbações. Ainda na semana passada foi preso um jovem de 17 anos no Oklahoma que se preparava para cometer uma tragédia semelhante à de Newtown. Aqui as autoridades foram competentes. Todos precisam de estar mais vigilantes. A possibilidade de imitações aumenta exponencialmente com a extensa cobertura mediática, pelo que a imprensa também deverá reflectir sobre o seu papel, que nem sempre tem sido o melhor após estas tragédias. Tudo deverá estar em cima da mesa, e republicanos e democratas devem juntar-se nos próximos meses para discutirem as melhores respostas para este problema. Longe dos fanatismos e dos radicalismo de ambos os lados. 


16
Dez 12
publicado por Nuno Gouveia, às 18:33link do post | comentar

 

Como antecipava no meu post anterior, várias fontes noticiosas confirmaram ontem que John Kerry será mesmo o novo Secretário de Estado, sucedendo a Hillary Clinton à frente da diplomacia americana. O nomeado presidencial democrata de 2004 não terá dificuldades em ser aprovado pelo Congresso, dado que tem vários amigos em ambos os partidos, e pouca gente considerará que Kerry não tem qualificações para o cargo. É o regresso à ribalta do milionário senador do Massachussetts, que há oito anos foi derrotado por George W. Bush. Apesar de ser olhado como segunda escolha, depois do affair de Susan Rice, a verdade é que há muito tempo que Kerry era apontado para o Departamento de Estado. Sempre se comentou em Washington que Hillary Clinton faria apenas um mandato, e sempre foi o nome de Kerry o mais referido para seu sucessor. Apenas após as eleições de Novembro o nome de Rice apareceu nas páginas dos jornais. 

 

John Kerry é senador desde 1985, e é um condecorado herói de guerra do Vietname. É desde 2009 líder da Comissão das Relações Exteriores do Senado, e tem uma ampla experiência na política internacional. Ainda na década de 80 esteve envolvido na investigação do caso Irão-Contra. Mais recentemente, Kerry foi um dos democratas que inicialmente apoiou a intervenção americana no Iraque, tendo depois, por motivos políticos, retirado esse apoio. Na campanha presidencial de 2004 foi precisamente essa inversão de posição que prejudicou a sua candidatura. Além disso, a campanha negativa movida pelos aliados de Bush lançando dúvidas sobre o seu heroísmo no Vietname (Swift Boats for Truth), foram os principais motivos apontados para o seu insucesso. Recentemente foi uma das vozes mais estridentes no apoio à intervenção na Líbia e tem viajado pelo Médio Oriente na defesa da política de Barack Obama. Não se esperam grandes alterações em relação ao mandato de Hillary Clinton. 

 

 No entanto, Kerry tem pela frente um mundo perigoso. Tem pela frente a questão Síria, a bomba relógio no Irão e ainda os desenvolvimentos perigosos no Egipto. Além disso, terá a seu cargo a retirada do Afeganistão e as relações com o vizinho Paquistão, a problemática situação entre Israel e a Palestina e as sempre difíceis relações com a China e Rússia. Não terá certamente um mandato fácil, tal como Hillary não teve. Apesar de poucos sucessos diplomáticos de Clinton, a verdade é que acaba o seu mandato com a sua popularidade no auge. Veremos se Kerry consegue o mesmo daqui a quatro anos. Não vai ter vida fácil. 

 

A nomeação de Kerry torna-se também apelativa para os republicanos, pois o seu lugar no Senado pelo Massachussetts irá a votos na Primavera. O ainda senador Scott Brown, que perdeu a reeleição em novembro para Elisabeth Warren, poderá ter aqui uma janela de oportunidade para regressar a Washington, pois as suas hipóteses de vitória aumentam substancialmente numas eleições em que Barack Obama não esteja no boletim de voto. Será mais um motivo de interesse para acompanhar no próximo ano. 


14
Dez 12
publicado por Nuno Gouveia, às 11:19link do post | comentar

A composição da Administração de Barack Obama permanece no segredo dos deuses. Muita especulação, mas zero confirmações. A única certeza é que teremos um novo governo com muitas caras novas. E nos principais cargos, serão só novidades. Para Secretário de Estado o nome de Susan Rice andou nas bocas do mundo, mas o ataque preventivo dos republicanos à embaixadora dos EUA na ONU deu resultados: ontem anunciou que retirou o seu nome da lista de potenciais sucessores de Hillary Clinton. Deste modo, o senador John Kerry, que até ao momento tinha vindo a ser apontado para o Pentágono, é agora o nome mais forte para a diplomacia norte-americana. Não terá grandes dificuldades em ser aprovado no Senado. Chuck Hagel, senador republicano até 2008, e que se afastou do partido após a guerra do Iraque, é o nome de que foi apontado ontem como futuro Secretário da Defesa. A Casa Branca já desmentiu que esta informação. No entanto, este seria um nome, apesar de republicano, com sérias dificuldades para ser aprovado no Senado. As grandes inimizades que conquistou entre as fileiras republicanas dificultariam o seu processo de aprovação. Rice poderá ainda ter lugar no governo de Obama, mas como Conselheira Nacional de Segurança, onde não precisará de ser confirmada no Senado. O cargo de Secretário de Tesouro deverá também ter novo inquilino, depois da mais que provável saída de Timothy Geithner. Um dos nomes referenciados é o actual Chefe de Gabinete de Obama, Jack Lew, um veterano da Administração Clinton. Desta forma, Obama poderá ter de escolher o seu quarto chefe de Gabinete, depois de Rahm Emanuel, Bill Daley e do próprio Lew. Outras potenciais alterações poderão ter lugar nos cargos de Procurador Geral e no Departamento de Segurança Nacional.


12
Dez 12
publicado por José Gomes André, às 01:03link do post | comentar | ver comentários (4)

11
Dez 12
publicado por Nuno Gouveia, às 14:35link do post | comentar | ver comentários (10)

Nas últimas semanas, após o anúncio que não iria cumprir o segundo mandato como Secretária de Estado, o nome de Hillary Clinton começou imediatamente a ser ventilado como possível sucessora de Barack Obama. Na verdade, poucos acreditam em Washington que Clinton não seja a nomeada, se ela for candidata. Mas recordo que quatro anos em política é uma eternidade, e o ambiente político será radicalmente diferente em 2016. Raramente um partido manteve a Casa Branca durante três ciclos eleitorais (o último foi o GOP após dois mandatos de grande sucesso de Ronald Reagan), e não se perspectiva que em 2016 os Estados Unidos vivam um período de optimismo e euforia como acontecia em 1988. Hillary Clinton atingiu o estatuto de política no activo mais popular, mas isso pode não quer dizer muito para 2016. 

 

Mas, imaginemos que chegamos ao final de 2014, o governo de Barack Obama é relativamente popular e vence as eleições intercalares. A pressão para Hillary Clinton avançar será enorme, e é bem possível que avance mais uma vez. Com 69 anos e uma popularidade enorme no Partido Democrata, Hillary deverá vencer facilmente as primárias. Não acredito que surja alguém capaz até 2016 de a derrotar internamente. O mais bem colocado, para mim, no campo democrata, Andrew Cuomo, governador de Nova Iorque, poderá ser um candidato fortíssimo, se Hillary não for candidata. Se esta avançar, este "liberal" no campo social e moderado nos assuntos económicos (uma mais valia para as eleições gerais), até pode decidir ficar em casa e esperar próxima oportunidade. E vencida a nomeação democrata, quem terá pela frente Hillary Clinton? É difícil responder a esta pergunta, mas arriscaria que há quatro nomes mais fortes do lado republicano: Bobby Jindal, Marco Rubio e Paul Ryan (todos com 45 anos em 2016) e Chris Christie (54 anos). Com excepção do governador de New Jersey, teríamos provavelmente um choque de gerações, com um candidato jovem e conservador, provavelmente com enorme entusiasmo e a juventude do seu lado, contra uma velha senadora da política americana, respeitada e acarinhada pelo povo americano. Faz lembrar alguma eleição? Quer isto dizer que acho que Hillary Clinton perderia com um destes candidatos? Não. A esta distância é extemporâneo afirmar o que quer que seja sobre 2016. Pode-se especular, como o faço neste post, mas parece-me que serão sempre umas eleições muito disputadas.


06
Dez 12
publicado por Nuno Gouveia, às 19:55link do post | comentar | ver comentários (1)

 

Jim DeMint, senador da Carolina do Sul e um dos líderes do movimento conservador no Partido Republicano, anunciou hoje que vai demitir-se no inicio do próximo ano. A razão? Irá assumir a liderança da Heritage Foundation, umas das organizações conservadores mais influentes dos Estados Unidos. Jim DeMint é tido como um senador honesto e integro, no entanto, cede muito pouco espaço para o compromisso com os adversários. Nunca cedeu nos seus principios, e nas eleições intercalares de 2010 apoiou alguns dos candidatos "insurgentes" vitoriosos, como Marco Rubio, Rand Paul ou Mike Lee. Era uma das vozes mais importantes do sectores conservadores do Partido Republicano. As más línguas já dizem que troca de lugar para fazer dinheiro, já que o senador DeMint é dos membros do Senado mais "pobres" e o salário na HF é de 1 milhão de doláres por ano. Agora a governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, irá nomear um substituto para o lugar, que irá manter o cargo até 2014. O nome mais referido é o do congressista Tim Scott. 


04
Dez 12
publicado por Nuno Gouveia, às 23:08link do post | comentar

Disputa-se neste momento o último combate político do ano em Washington. Se democratas e republicanos não chegaram a acordo, no dia 1 de Janeiro de 2013 os impostos irão aumentar para todos os americanos, entre os quais o imposto sobre rendimentos, o imposto sobre o trabalho e ainda o fim dos benefícios fiscais para as pequenas e médias empresas. Por outro lado, haverá cortes automáticos em diversos programas federais, incluindo no sector social e na defesa. Os analistas independentes indicam que estas medidas contribuirão para o aumento do desemprego e uma previsível recessão, apesar de reduzirem o decide em 500 mil milhões de dólares anuais. Portanto, temos os ingredientes para mais uma grande trapalhada em Washington. Por um lado, os democratas e Barack Obama pretendem que os cortes na despesa não sejam tão severos e que haja um aumento de impostos para os mais ricos. Os republicanos estão contra qualquer aumento de impostos, e pretendem mudar a essência dos cortes na despesa. Estas são as premissas iniciais do debate. Em baixo deixo uma breve análise sobre este período negocial, o até onde poderão ceder os lados e qual o papel que Paul Ryan poderá ter, agora que o GOP está sem líder aparente. 

 

No verão de 2011 passamos por uma situação semelhante, aquando do aumento do limite do endividamento federal, mas agora estamos num período da vida política americana muito diferente. Já não há possibilidade de derrotar Barack Obama e os republicanos estão em crise existencial. É verdade que Obama é o primeiro presidente da era moderna a ser reeleito com menos votos do que no primeiro mandato, mas a sua vitória foi bem mais confortável do que se chegou a pensar, e, acrescentando a isso, o Partido Democrata viu a sua maioria no Senado aumentar nas últimas eleições, além de terem conquistado alguns lugares na Câmara dos Representantes. Os Democratas viram assim “reforçada” nas urnas a sua legitimidade para governar os Estados Unidos. Além disso, o Partido Republicano está neste momento numa posição muito débil, sendo vistos pela maioria do eleitorado como mais inflexíveis do que os democratas. Obama conquistou no dia 6 de novembro um mandato para liderar, e os republicanos, se não querem ser mais penalizados pela opinião pública, terão de ceder mais do que no passado recente. Estou certo que Obama terá agora mais hipóteses para negociar o “grande acordo” que enfrente os problemas estruturais dos Estados Unidos: a dívida pública, os défices elevados e o fraco crescimento económico. Se ele vai existir, não sabemos. 

 

A  primeira reacção de John Boehner após as eleições foi estender a mão a Obama, afirmando que o seu partido está pronto a negociar com o Presidente. A manutenção da maioria na Câmara dos Representantes foi a pequena vitória que os republicanos obtiveram, e isso mantém o partido como peça fundamental na governação. Até aqui os republicanos têm negado a possibilidade de um acordo com o Presidente que inclua o aumento de impostos. Mas essa plataforma saiu enfraquecida nas eleições, e já assistimos a influentes republicanos, como Bill Kristol da Weekly Standard, a dizer que aumentar impostos para os mais ricos não seria nada de extraordinário. O mesmo, por outras palavras, disse Bobby Jindal, governador da Louisiana e potencial candidato em 2016, que defendeu que os republicanos tinham de deixar de ser vistos pelos americanos como o partido das grandes empresas e dos ricos. Sente-se entre a maioria dos conservadores mais influentes que é necessário mudar de discurso para voltar a vencer eleições. Um dos grandes derrotados destas eleições foi precisamente Grover Norquist, que tinha conseguido que quase todos candidatos republicanos acedessem à sua plataforma de “não aumento de impostos “ sob todas as condições. Nesta matéria dos impostos, mas também noutras questões, como na reforma da imigração ou até na saúde, os republicanos deverão mudar de discurso no próximo ciclo da vida política americana. Mas isto não quer dizer que Boehner tenha carta branca para aceder à vontade do Presidente de aumentar os impostos para os mais ricos no imediato, até porque continuará a haver pressões dos sectores mais conservadores para não negociar nessa questão. A minha perspectiva é que algo será feito e a tal "fiscal cliff", não se concretizará. Isso pode passar por uma solução de curto termo, ou seja, negociar uma extensão, nem que seja de apenas seis meses, como sugeriu o senador republicano do Ohio, Rob Portman, de todos os cortes de impostos (Bush Tax Cuts, Payrool Tax Cuts e impostos sobre os pequenos empresários) e impedir ao mesmo tempo que os cortes na despesa programados para 2013 entrem já em vigor, ou uma solução mais duradoira, e aí sim, aumentar já os impostos para os que ganham mais de 250 mil dólares por ano, como tem defendido Obama, e negociar cortes na despesa que incluam despesas sociais e até militares. Os republicanos têm tentado que o aumento da receita do Estado Federal passe por cortes nas deduções fiscais (as tais loopholes de que se falava). O problema para eles é que mesmo isso é muito vago e de difícil execução, pois nunca foram específicos em apontar quais deduções queriam cortar. Além disso, vários democratas mais “liberais” estão contra essa solução. Se os republicanos cederem já no aumento de impostos, prevejo que irão querer que alguns dos seus planos para o corte da despesa federal entre em vigor já. Obama também poderá enfrentar alguma oposição na base mais à esquerda do seu partido se decidir cortar algumas das despesas sociais que os republicanos pretendem, mas acredito que acabará por impor o que quiser. Neste momento é o líder incontestado da vontade democrata no Congresso.

 

O Partido Republicano está neste momento sem líder. Paul Ryan, que viu crescer a sua aura de líder nesta última campanha eleitoral, poderá ter a tentação de envolver-se directamente nas negociações, até porque é presidente da Comissão do Orçamento da Câmara dos Representantes. Mas a partir de agora, tudo o que Ryan fará estará condicionado pelo facto que provavelmente será candidato a Presidente em 2016. Ele precisa de assumir-se como parte da solução e não do problema. A grande dúvida é se irá desejar ficar ligado a um possível aumento de impostos, que pode enfraquecer a sua posição nas primárias de 2016. Por outro lado, se mantiver a uma postura de inflexível nestas negociações ou se não se envolver profundamente, poderá cimentar a imagem de não conseguir trabalhar com o Partido Democrata numa questão central como esta. A minha percepção é que Ryan irá tentar liderar este processo pelo lado dos republicanos, tentando obter o máximo de concessões do Presidente no que diz respeito aos cortes da despesa, e ceder o menos possível na questão do aumento de impostos, que poucos acreditam em Washington que não irá acontecer: já ou no próximo ano. Nesta questão, Obama mais tarde ou mais cedo irá alcançar uma vitória.


03
Dez 12
publicado por Nuno Gouveia, às 15:19link do post | comentar | ver comentários (3)

Depois de eliminar os maus porta estandartes que têm prejudicado a imagem do partido, e de apresentar novas faces perante a América, o Partido Republicano irá necessitar de adequar a sua mensagem aos novos tempos. Penso que aqui concordo com o que tem dito o governador da Louisiana, que tem defendido que o GOP não precisa de moderar-se, precisa sobretudo de modernizar-se. E isto implicará necessariamente alguns ajustes ao que têm defendido no passado recente. O Partido Republicano precisa urgentemente de deixar de ser visto como o partido dos ricos. Neste actual debate sobre a redução do défice, o GOP tem aparecido aos olhos dos americanos na defesa incessante do não aumento de impostos para os ricos, enquanto os democratas têm enfatizado a manutenção dos cortes fiscais para a classe média. Isto resume bem os problemas do partido nesta matéria. Como defender baixos impostos para todos e não entrincheirar-se na posição de defesa dos ricos? Talvez passe por deixar expirar os Bush Tax Cuts para os que ganham acima dos 250 mil dólares, como Obama pretende, forçando o corte na despesa que sempre têm defendido. É preciso flexibilidade na defesa de posições, fazendo jus à máxima de Reagan, que numa negociação deve-se obter o máximo de dividendos, sabendo-se que nunca se consegue tudo. Mais, estando o GOP na oposição, será aceitável que tal suceda. 

 

Nas questões sociais, o GOP não precisa de moderar a sua oposição ao aborto. Nunca como agora houve tantos pro-life nos Estados Unidos, pelo menos nas últimas décadas. Mas isso não implica deixar que a defesa desta posição esteja a cargo de extremistas como Todd Akin ou Richard Mourdock. Se o GOP for inteligente nesta matéria, ganhará certamente apoio no eleitorado tradicionalmente moderado. Por outro lado, e numa questão da moda, o casamento homossexual, também não considero que deva haver uma mudança abrupta. Não se devem mudar de convicções por motivos eleitorais, mas é preciso que o GOP deixe que o debate cresça também entre o partido, e que posições minoritárias não sejam tratadas como aberrantes. A Big Tent que Reagan sempre defendeu também deve incluir estes temas. Em relação à imigração, deve ser dado espaço a vozes como John McCain, Marco Rubio, Jeb Bush ou Susana Martinez, que defendem uma abordagem compreensiva ao tema. Há 12 milhões de ilegais a residir nos Estados Unidos e o GOP deverá ser tolerante para aceitar uma reforma da imigração que permita que os imigrantes que trabalhem e que contribuem para o desenvolvimento do país, alcancem um estatuto de legalidade. Na década de 80 Reagan fez o mesmo. 

 

Por fim, o GOP precisa de ter um discurso virado para as novas gerações. A questão da liberdade na Internet, que tem vindo a ser debatida nos Estados Unidos, pode ser uma grande bandeira para os republicanos, já que o Partido Democrata é está sob influência dos círculos liberais de Hollywood e da indústria de conteúdos. Este ano já vimos os republicanos no congresso a assumir esta bandeira, mas será necessário fazer mais. Reagan foi o último republicano a vencer no voto jovem, com a sua mensagem optimista e crente no futuro do país. O fiscal conservativism é cada vez mais popular entre os jovens, e terá que ser por aqui que os republicanos terão de atacar. 

 

A modernização que Bobby Jindal defendeu também passará por modernizar as técnicas eleitorais do partido. Como vimos nestas eleições, o famoso ground game de Obama permitiu-lhe vencer as eleições, pois no terreno a máquina democrata, assente sobretudo nos contactos pessoais e nas novas tecnologias, foi extremamente eficaz. O GOP tem alguns profissionais das novas tecnologias brilhantes, mas necessita de lhes dar voz e liberdade, que foi o que Obama e os democratas fizeram nestes dois últimos ciclos eleitorais. Basta ler os relatos sobre esta última campanha de Obama e de Romney para verificar isso. 


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