31
Ago 12
publicado por José Gomes André, às 23:29link do post | comentar | ver comentários (5)

Embora extraordinária no aspecto mediático e formal, a Convenção Republicana deixou-me algo perplexo quanto à substância das propostas da dupla Romney/Ryan. Em síntese, os Republicanos propõem reduzir o desemprego, criar 12 milhões de postos de trabalho, revitalizar o crescimento económico, estimular as pequenas e médias empresas, diminuir os impostos aos mais ricos, criar um novo paradigma energético que não dependa da importação de petróleo (limitando contudo a indústria carbonífera e rejeitando igualmente as "energias verdes"), fortalecer o aparato militar (com maior apoio a Israel e um desafio explícito à Rússia de Putin), endurecer globalmente a política externa e reafirmar o poder americano no mundo.

 

Propõem fazer tudo isto sem criar novos impostos às classes médias, nem limitar os gastos militares (em Defesa e Segurança), reduzindo o défice orçamental e diminuindo a dívida pública (nomeadamente a contraída face à China), no meio da maior crise mundial económica e financeira dos últimos 80 anos. Espantoso.

 

Obama foi (justamente) criticado por prometer este mundo e o outro. Mas o que são as propostas de Romney/Ryan senão um programa de intenções absolutamente utópico, tão irresponsável quanto irrealizável?


publicado por Nuno Gouveia, às 15:13link do post | comentar | ver comentários (1)

O último dia da convenção ficou marcado pelo discurso de Mitt Romney e pela intervenção do mítico Clint Eastwood, numa apresentação que gerou tanto entusiasmo no público como estupefação nos media americanos. Antes, Marco Rubio proferiu um poderoso discurso e mostrou que o futuro do Partido Republicano poderá passar por ele. Num cenário preparado para elevar a imagem de Mitt Romney perante os eleitores indecisos, o discurso tentou cumprir três objectivos: aumentar a sua popularidade, convencer os eleitores desiludidos com o mandato de Obama e manter a discussão na economia. Nos próximos dias saberemos se convenção teve impacto nas sondagens. Para a semana virá a resposta democrata a esta semana de festividades. Termino aqui a emissão especial desde Tampa. Durante o fim de semana escreverei algo mais sobre esta Convenção. 


30
Ago 12
publicado por Nuno Gouveia, às 23:46link do post | comentar

Ron Paul esteve ausente do palco da convenção, mas sua presença foi notada por todos em Tampa. Dentro, mas sobretudo fora do pavilhão. Os seus seguidores são incansáveis. Um pouco por toda a baixa de Tampa encontram-se apoiantes, por vezes sozinhos, com placas do congressista texano. A paixão e quase fanatismo destes seguidores é, de facto, diferente do que estamos habituados a ver na vida política. Será interessante verificar no futuro quem irá emergir para substituir Ron Paul na liderança deste movimento. O seu filho, que ontem apoiou Mitt Romney, estará na pole position, mas tenho algumas dúvidas que as suas posições mais mainstream possam ter o apoio da maioria destes jovens. 


publicado por Nuno Gouveia, às 23:28link do post | comentar

Fui visitar o Tea Party Li algures que a palavra Tea Party ainda não foi pronunciada por nenhum dos oradores na Convenção. Não será bem verdade, mas à excepção do senador Rand Paul, nenhum dos seus mais proeminentes líderes foi convidado para falar em Tampa. Por isso, hoje à tarde sai da convenção e fui assistir a um discurso de Michelle Bachmann, inserido na estreia de um documentário do jornalista conservador Andrew Breitbart, que faleceu este ano, sobre o movimento Occupy Wall Street. Devo dizer que foi o local onde estive com a segurança mais apertada, pois havia receio que fossem "invadidos" por manifestantes. Além da paranóia que encontrei, não desgostei: a comida estava boa, as bebidas fresquinhas e Bachmann fez um bom discurso. E jovens, muito jovens, ao contrário da ideia que por vezes transmitem do Tea Party. Quem organizou isto foi a Citizens United, a organização que forçou a alteração radical das leis de financiamento da política americana em 2010.


publicado por Nuno Gouveia, às 15:36link do post | comentar | ver comentários (13)

 

O ambiente na convenção esteve verdadeiramente electrizante ontem à noite, especialmente na última hora, quando discursaram Condoleeza Rice, Susana Martinez e Paul Ryan. Se era de energia e entusiasmo que este partido necessitava, alcançou-o. Diferente é saber se esse sentimento irá passar para os eleitores indecisos que vão decidir esta eleição. Os ataques a Barack Obama têm estado afastados dos discursos do prime time, mas ontem Paul Ryan, cumprindo uma tradição dos candidatos a Vice Presidente, lançou um feroz ataque às políticas do Presidente. E fê-lo transparecendo optimismo e confiança no futuro, realçando uma mensagem positiva conforme mandam as regras. A equipa de Romney tem tentado sobretudo ultrapassar a imagem radical e divisionista dos últimos anos do Partido, e pelo que tenho visto e lido por aqui, tem-no conseguido. 

 

Condoleezza Rice arrebatou a sala e mostrou que, se um dia quiser, pode ser candidata a Presidente. Ao ouvir o seu discurso, ninguém acreditará muito quando ela diz que não tem ambições políticas e que se irá manter em Stanford. O Tampa Bay Times veio abaixo quando ela referiu que nunca imaginou que uma menina negra nascida e criada num estado com as leis de Jim Crow poderia um dia ser candidata a Presidente, tendo chegado a Secretária de Estado. Com um discurso que não se limitou a ser a voz do excepcionalismo americano na convenção, Condi abordou também outros temas, como a imigração e a educação e deixou críticas à falta de liderança demonstrada por Barack Obama. Se ela já era bastante considerada pelo establishment republicano, penso que ontem à noite conquistou a alma do partido. 

 

Paul Ryan não desiludiu e proferiu o maior ataque ao Presidente Obama nesta convenção, com um discurso bastante crítico sobre as políticas da actual administração, e vincando as suas credenciais ideológicas que o transformaram no novo herói do Partido Republicano. Pelo que deu para perceber no seu discurso, este fã AC/DC e Led Zepellin é já um dos favoritos para as próximas primárias republicanas, sejam elas disputadas em 2016 ou 2020. Ontem reforçou o seu apelo às gerações mais jovens e demonstrou que é um bom complemento ao cinzentismo que Romney tem apresentado. Resta saber se hoje o próprio candidato terá a capacidade de entusiasmar a sala como Ryan o fez. Não será tarefa fácil.  

 

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29
Ago 12
publicado por Nuno Gouveia, às 23:44link do post | comentar | ver comentários (1)

 

A Foreign Policy Initiative é um think tank neoconservador, fundado em 2009 por Bill Kristol, Dan Senor e Robert Kagan. Numa iniciativa moderada por Bill Kristol e com Tim Pawlenty, antigo candidato presidencial e governador do Minnesota, agora conselheiro de Mitt Romney, pude verificar a razão para não se falar tanto de política externa nesta campanha. É que, apesar da retórica e de algumas diferenças em relação ao Irão, Israel ou Rússia, os republicanos não apresentam divergências substanciais em relação à Administração Obama. Kristol chegou mesmo a referir que os seus apoiantes de 2008 devem estar desiludidos com a política externa do Presidente.

 

Tim Pawlenty falou sobretudo do que seria a política externa de uma Administração Romney. E o que disse? Em relação ao Irão, que iriam aumentar a pressão e fazer tudo para impedir o regime de Teerão de obter armas nucleares. Aqui a crítica ao Presidente Obama cingiu-se sobretudo à sua posição de não ter apoiado de forma aberta os manifestantes durante a revolução verde e apenas ter endurecido o discurso depois do Irão ter recusado negociações directas. Em relação à Síria, novamente críticas pelos Estados Unidos não estarem a apoiar os revoltosos e de passado mais de um ano de revolta armada nada terem feito para derrubar Bashar Al Assad. Mas não se comprometeu com grandes iniciativas e apenas deu a entender que tentarão, juntamente com a Turquia e aliadas da região, armar os revoltosos.  

 

Em relação à Nato, Pawlenty secundou as críticas que o antigo Secretário da Defesa Robert Gates teceu a alguns parceiros da coligação e disse que era necessário que estes se comprometessem mais com as missões da aliança. Questionado sobre a política de segurança comum europeia, nada acrescentou. Em algo que nos diz directamente respeito, nomeadamente sobre a crise de países como Portugal, Espanha, Grécia ou Irlanda, disse que uma Administração Romney não se iria envolver e deixaria esse problema para a União Europeia, além do seu papel nas instituições internacionals como o FMI e o Banco Mundial. No entanto, não deixou de lançar uma farta ao facto de termos uma união monetária sem união fiscal.

 

Na parte final, e como não poderia deixar de ser, Bill Kristol agradeceu a Tim Pawlenty por este ter liderado o campo republicano nas primárias na defesa dos princípios da política externa que norteiam o Partido Republicano desde Ronald Reagan e de ter contribuído para que o GOP não tivesse cedido à tentação populista de cair no isolacionismo que Ron Paul e Pat Buchanan defendiam para o GOP. Aliás, Tim Pawlenty reafirmou que com Mitt Romney os Estados Unidos devem reforçar a ajuda externa aos países aliados e ao terceiro mundo. No ciclo eleitoral de 2010 muitos foram os candidatos republicanos do Tea Party que defenderam que os EUA deviam assumir uma postura mais isolacionista no mundo. Pelo que depreendi da conversa de hoje, não será assim com Mitt Romney.

 

Não sei que papel estará reservado a Tim Pawlenty, caso Mitt Romney seja eleito. Mas pelo que ouvi hoje, estou certo que muitos presentes naquela sala gostariam que ele fosse nomeado Secretário de Estado. E por falar em política externa, hoje à noite discursa Condoleezza Rice, naquele que se espera o momento alto da convenção sobre política externa.


publicado por Nuno Gouveia, às 16:18link do post | comentar | ver comentários (3)

 

A noite de ontem teve duas partes bem distintas, destinadas a públicos diferentes, conforme se pode perceber pelo conteúdo dos discursos. As principais televisões nacionais (ABC, CBS e NBC) apenas transmitem em directo uma hora da convenção, pelo que é nesse período que são transmitidas as principais mensagens destinadas aos independentes e pessoas mais desafectas do processo político. Ontem os oradores nesse horário foram a esposa do governador republicano de Porto Rico, Luce Fortuño, Ann Romney e Chris Christie, governador de New Jersey. A primeira dama de Porto Rico, que introduziu Ann Romney, serviu essencialmente para dar um sotaque latino a este segmento. Como é tradicional, as esposas representam uma aposta das campanhas para apresentar o candidato de uma forma mais pessoal e emotiva. Foi isso que Ann Romney fez e, pelas reacções da sala, da imprensa e dos comentadores, saiu-se muito bem. Por vezes este tipo de discursos faz mais por um candidato que mil e um anúncios do género. Num momento mais político, e mais do meu agrado, seguiu-se a apresentação de Chris Cristie, um orador extraordinário que arrebatou por completo a audiência. O mais interessante é que não fez o típico discurso de "atack dog", que normalmente preenche o conteúdo do "Keynote speaker" da convenção, mas tentou transmitir uma mensagem optimista e de mudança para o futuro da América. E, como não podia deixar de ser, lançou excelentes soundbites. O meu preferido, sem dúvida: "Real leaders don't follow polls. They change polls". O país encontra-se perto de um abismo financeiro e os republicanos prometem tomar as decisões difíceis para alterar a situação. Bem, se o passado não os favorece muito, como a equipa de Obama tem tentado relembrar os eleitores, o presente, com diversos governadores republicanos como Chris Christie, que têm vindo a equilibrar os orçamentos nos seus estados, podem contribuir para dar essa força que Romney desesperadamente necessita. Christie, tal como outros governadores que falaram antes dele, tentou demonstrar que o estilo de governança de Romney será do género pós 2010 e não como George W. Bush. O que se pode retirar destes dois discursos? Os americanos gostam de líderes fortes capazes de tomar decisões difíceis e foi essa a mensagem que tentaram transmitir. Se as reacções foram muito boas para o republicano, o seu verdadeiro impacto também dependerá dos números de espectadores que estiveram ligados à televisão. 

 

A primeira parte da noite, mais destinada aos jornalistas presentes e aos espectadores de televisão por cabo que iam transmitindo alguns discursos, foi a parte mais desinteressante, mas também aquela onde se ouviram as mais ferozes críticas a Barack Obama. Arthur Davis, negro, antigo congressista democrata e desavindo com Barack Obama, fez um dos ataques mais aplaudidos, direccionado sobretudo aos eleitores que, como ele, ficaram desiludidos com o mandato do Presidente. Destaque para vários membros de minorias que discursaram, tentando apresentar um partido aberto às diferentes etnias que compõem os Estados Unidos: governadora de Carolina do Sul, Nikki Haley, descendente de indianos; Brian Sandoval, governador do Nevada, filho de mexicanos e Ted Cruz, candidato ao senado pelo Texas, filho de cubanos. De realçar que este é um Partido Republicano totalmente concentrado nos assuntos económicos e pouco disposto a discutir os assuntos sociais, como o aborto ou o casamento homossexual. A excepção? Rick Santorum, que foi bastante aplaudido quando relembrou que ainda bem que há um partidos nos Estados Unidos que é contra o aborto. De resto, os temas foram sobretudo económicos, pois é aí que os republicanos esperam vencer as eleições. A política externa esteve completamente ausente neste primeiro dia, uma das áreas que Obama tem recebido mais apoio do eleitorado americano. Hoje à noite será a vez de Paul Ryan subir ao palco, antecedido por Susana Martinez do Novo México e Condoleezza Rice. 


28
Ago 12
publicado por Nuno Gouveia, às 20:15link do post | comentar | ver comentários (3)

 

Ontem à tarde, durante minha busca infrutífera à procura de protestos (o que mais vi nas ruas foi polícia), encontrei cinco simpáticos adeptos do Ron Paul do Oklahoma. Tendo reparado na minha credencial de media, pediram-me para contar a verdade sobre esta convenção: uma grande fraude do Partido Republicano que roubou ao Ron Paul a possibilidade de ser nomeado. Questionei-os sobre o facto do seu candidato não ter ganho uma primária sequer, mas para eles isso não interessa nada. Os delegados que elegeram, muitos dos quais através das convenções estaduais e passando por cima das votações populares nas primárias e caucuses, não conseguirão propor o seu nome à votação na Convenção, pois precisavam de ter a maioria dos delegados de cinco estados. 

 

A campanha de Mitt Romney tem conseguido lidar bem com Ron Paul até ao momento, apesar dos seus apoiantes não estarem satisfeitos. No fundo, o que se passou é que fizeram um acordo com Paul. Como este decidiu não apoiar Romney (nas suas palavras, “I don´t fully endorse Mitt Romney”), não lhe ofereceram a possibilidade de discursar na Convenção (ao contrário de Rand Paul, que irá falar aos delegados na quarta-feira), mas irão transmitir um vídeo de homenagem ao congressista texano que se reforma da política no final do ano. Em troca receberam o silêncio da campanha de Paul, que não tem feito nada para “sentar” os seus delegados afectos. Este esforço tem sido conduzido por alguns dos seus apoiantes, que ficaram furiosos pela campanha de Romney ter forçado alterações no nome dos delegados que terão direito a estar no Tampa Bay Times Forum. Estas cinco pessoas garantiram-me que foram subsituidos à ultima hora por republicanos apoiantes de Mitt Romney.

 

No fim da conversa, disse-lhes que um dos mais importantes blogues da direita portuguesa, o Insurgente, era composto por muitos adeptos de Ron Paul e que durante as primárias republicanas foram publicados dezenas de posts de apoio ao congressista texano. Ficaram surpreendidos, mas satisfeitos pela sua "revolução" estar a sair dos Estados Unidos. Não sei se a conseguirão fazer cá, mas esta campanha demonstrou que a ala libertária tem vindo a crescer no Partido Republicano, como prova a presença de vários adeptos de Paul nesta convenção, algo que não sucedeu em 2008. 


publicado por Nuno Gouveia, às 16:41link do post | comentar

Ron Kaufman, John Dickerson e Ron Fournier

 

O pequeno almoço desta manhã foi passado numa sessão que contou com o conselheiro de Mittt Romney, Ron Kaufman, entrevistado por John Dickerson da Slate e Ron Fournier do National Journal. O mais interessante deste tipo de sessões é que os assessores, apesar de tentarem "vender" o seu candidato aos convidados presentes, a maior parte jornalistas, é que por vezes levam com perguntas bastante complicadas e comprometedoras. O melhor deste painel foi uma acusação de Fournier, ao dizer claramente que a campanha de Romney tinha mentido num anúncio. Durante uns minutos o assessor de Romney tentou desviar o assunto, mas Dickerson rematou a discussão, afirmando que as campanhas mentem e cada vez mais, dando exemplos de mentiras de ambas as candidaturas. Foi o momento mais tenso da conversa, que andou por muitos outros assuntos. Kaufman mostrou-se confiante que Romney irá conseguir ultrapassar as divisões de Washington, fazendo o mesmo que Bill Clinton e Ronald Reagan, que conseguiram governar em ambientes hostis e fazendo acordos com os adversários. Afinal de contas, foi isso que Mitt Romney fez quando era governador do Massachusetts, com o poder legislativo 85 por cento democrata. De resto, os três membros deste painel testemunharam há três momentos decisivos numa campanha presidencial: a escolha do Vice Presidente, as convenções e os debates. E, segundo Kaufman, no primeiro momento Romney passou com distinção e está tudo a decorrer como planeado (na verdade, ninguém esperava que dissesse outra coisa).

 

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publicado por Alexandre Burmester, às 16:14link do post | comentar | ver comentários (3)

 

 

 

 

As convenções partidárias são um momento único para os candidatos se darem a conhecer ao eleitorado. Isto não se aplica, claro aos candidatos-presidentes, já sobejamente conhecidos. Como resultado dessa oportunidade, normalmente os candidatos retiram das convenções um claro benefício nas sondagens.

 

Há 4 anos nenhum dos candidatos era presidente, e John McCain saíu da Convenção Republicana de Minneapolis em vantagem sobre Barack Obama (estando o Partido Republicano na Casa Branca, a sua convenção foi a última das duas). O problema - do ponto de vista de McCain - foi a falência da Lehman Brothers a meados de Setembro, a partir da qual a sua campanha ganhou uma inevitável aura de derrota (possivelmente, Obama teria ganho na mesma, mas a eleição teria sido mais renhida).

 

Este ano é apenas Mitt Romney que pode contemplar a possibilidade de ganhar um bom impulso eleitoral com a sua convenção partidária, e é bem possível que saia de Tampa em vantagem nas sondagens. Na próxima semana os democratas reunir-se-ão em Charlotte, Carolina do Norte, para tentar um contra-ataque, mas o efeito não será o mesmo. Por vezes os presidentes até saem das convenções pior do que entraram - vide George H.W. Bush que, em 1992, terminou a Convenção Republicana mais distante de Bill Clinton do que antes dessa assembleia magna.

 

Seja como for, é a partir daqui que a campanha entra na sua fase mais séria. Muita gente só começa a sintonizar-se com o fenómeno a partir das convenções e do feriado do Dia do Trabalho, no início de Setembro. E ainda vamos ter três debates presidenciais e um debate vice-presidencial.


publicado por Nuno Gouveia, às 02:52link do post | comentar

 

 

A diversidade de estilos jornalísticos é uma das grandes virtudes do panorama mediático americano. Ao contrário de outras realidades, nos Estados Unidos a imprensa toma partido. Não toda, mas uma grande parte. Se queremos saber os argumentos de Mitt Romney, lemos a Weekly Standard e vemos a Fox News, por exemplo. Se, pelo contrário, quisermos saber o lado de Obama, então compramos a The New Republic ou vemos a MSNBC. Pelo meio, e para uma visão mais imparcial, temos o National Journal ou a CNN. Na dita imprensa de referencia, também há divisões deste género. Wall Street Journal para os republicanos ou New York Times para os democratas. Na Internet, também há os grupos de ambos os lados. Uma grande variedade que só é possível pelo grande mercado que existe nos Estados Unidos, mas também porque a política vende. Os jornais estão em crise, também nos Estados Unidos, mas entretanto têm surgido novos players no mercado, como o Politico, o Real Clear Politics, Huffington Post ou o The Drudge Report. 

 

Na convenção os grandes órgãos de comunicação social ocupam áreas de destaque, transformando também este evento num espaço ideal para se promoverem perante os colegas jornalistas que pululam por aqui. Segundo os números da organização, mais de 15 mil pessoas da área dos media estão credenciados. Sem surpresa, são as televisões, os maiores jornais e revistas que ocupam maior destaque na convenção, com as primeiras a terem os seus próprios estúdios móveis dentro do pavilhão onde irá decorrer a convenção. 


27
Ago 12
publicado por José Gomes André, às 17:14link do post | comentar

Forças

- o "timing" não podia ser melhor: os dados da economia e desemprego são desanimadores para os Democratas; as sondagens mostram uma subida de Romney; e a nomeação de Paul Ryan animou a base conservadora. A Convenção pode ser a cereja no topo do bolo numa campanha em crescendo.

 

- uma Convenção focada nos temas económicos e fiscais, a principal preocupação dos americanos e o campo onde os Republicanos mais podem capitalizar com as fragilidades da Administração Obama.

 

- apesar das renitências iniciais do "establishment" em relação a Romney, a "máquina Republicana" conseguiu reunir as maiores figuras do Partido na Convenção, que terá como oradores Condoleezza Rice, John McCain, Marco Rubio, Rand Paul, Mike Huckabee, Jeb Bush, Christ Christie e Tim Pawlenty, entre outros. 

 

Fraquezas

- um azar chamado "Isaac": não é propriamente uma novidade, mas a coincidência entre a chegada do furacão ao Sudeste dos EUA e a realização da Convenção Republicana traz problemas organizacionais e também riscos mediáticos, uma vez que a "mensagem política" poderá ser parcialmente abafada pelas notícias sobre o furacão.

 

- a Convenção serve também para definir a "plataforma ideológica" do Partido, e neste caso os Republicanos vivem uma autêntica crise de identidade, presos entre facções que pouco têm em comum: libertários, "conservadores sociais", apoiantes do "Tea Party", neoconservadores, "conservadores fiscais" e elites financeiras. Não vai ser fácil transformar esta manta de retalhos num partido coeso.

 

- apesar do esforço para combater a imagem de partido "WASP" (white anglo-saxon protestant), os Republicanos continuam a prestar pouca atenção aos grupos minoritários; se exceptuarmos Condoleezza Rice e os casos peculiares de Rubio (um latino da linha dura) e Fortuño (Governador...de Porto Rico), não há praticamente na Convenção representantes significativos de grupos sócio-políticos cruciais, como negros, hispânicos e mulheres.


publicado por Nuno Gouveia, às 00:46link do post | comentar

 

Tal como grande parte das ruas do centro de Tampa, também a Convenção Republicana estará encerrada esta segunda-feira. Pela segunda vez consecutiva, a Convenção Nacional Republicana sofre alterações devido a tempestades e furacões. Há quatro anos, a Convenção de Minneapolis ficou sem um dia pela ameaça de furacão que pairava sobre a Lousiana. Desta vez é a Florida que está na rota de uma tempestade tropical e que fez com que o Partido Republicano anulasse o primeiro dia de discursos. Com estas alterações, haverá um novo alinhamento, e, segundo consta por aqui, não se sabe se não haverá mais alterações. Neste momento, a tempestade ameaça transformar-se em furacão e poderá atingir a costa da Lousiana na terça-feira, precisamente sete anos depois do desastre do Katrina. Esperemos que corra tudo bem para aquela zona, e que, de arrasto, não traga mais alterações para a Convenção. 

 

A minha cobertura em Tampa irá dividir-se por aqui e pelo 31 da Armada, blogue pelo qual estou credenciado na Convenção Nacional Republicana. 

 


25
Ago 12
publicado por Nuno Gouveia, às 01:13link do post | comentar | ver comentários (11)

O documentário "Obama's America 2016", baseado num livro de Dinesh D'Souza, filho de indianos de Goa e com descendência portuguesa, alcançou esta sexta-feira o número um da box office do cinema americano. É provável que este filme anti-Obama seja ultrapassado ainda durante este fim de semana, como relata esta notícia, mas não deixa de ser um excelente indicador para os republicanos, que iniciam segunda-feira a sua Convenção Nacional em Tampa. Na próxima semana escreverei por aqui algumas impressões desta convenção, onde são esperados mais de 15 mil pessoas da área dos media. 


23
Ago 12
publicado por Nuno Gouveia, às 17:21link do post | comentar

 

Já é conhecido o alinhamento para os quatro dias de "festa" em Tampa. De realçar que este ano as televisões nacionais (ABC, CBS e NBC) apenas irão transmitir em directo uma hora por dia e apenas nos últimos três dias da convenção, isto porque os democratas apenas terão três dias de convenção. Por isso, e como isso só foi anunciado ontem à noite, é provável que o discurso de Ann Romney seja desviado para um dos outros dias. Os canais por cabo de notícias (CNN, Fox News e MSNBC) irão transmitir muito mais do que isso, mas as audiências dos outros canais ultrapassam largamente o âmbito do cabo. 

 

Dado o posicionamento dos discursos, podemos concluir que Mitt Romney quer, sobretudo, destacar as novas figuras do Partido Republicano, como Chris Christie, Susana Martinez ou Marco Rubio. Interessante será também seguir o discurso de Condoleezza Rice, que irá discursar antes de Paul Ryan na quarta-feira, e deverá ser o grande discurso sobre política externa nesta convenção. 

 


Segunda-feira, 27 de Agosto "We can change it"

Destaques: Rand Paul, Arthur Davis, Nikki Haley, Mike Huckabee e Ann Romney.

 

Terça-feira, 28 de Agosto, "We built it"

Destaques: Rick Santorum, Kelly Ayotte, John Kasich, Bob McDonnell, Scott Walker, Bobby Jindal, Susana Martinez e Chris Christie.

 

Quarta-feira, 29 de Agosto "We can change it"

Destaques: John McCain, Jeb Bush, Rob Portman, Luis Fortuño, Tim Pawlenty, Condoleezza Rice e Paul Ryan.

  

Quinta-feira, 30 de Agosto  "We Believe in America"

Destaques: Marco Rubio e Mitt Romney.


22
Ago 12
publicado por Nuno Gouveia, às 16:13link do post | comentar | ver comentários (1)

Referi anteriormente que faltava à convenção democrata o entusiasmo e energia que rodeou outras convenções. Não era bem isto que estava a pensar, mas foi anunciado hoje que Eva Longoria, a actriz da famosa série "Donas de Casa Desesperadas" vai discursar na Convenção. Os democratas habitualmente dominam Hollywood, mas não é normal as estrelas surgirem em papeis de destaque na campanha (a excepção é nas angariações de fundos). 


21
Ago 12
publicado por Nuno Gouveia, às 12:40link do post | comentar | ver comentários (19)

Todd Akin era até Domingo passado um desconhecido candidato republicano ao senado pelo estado do Missouri, e com boas hipóteses de vitória contra a actual senadora Claire McCaskill. Tudo mudou depois de uma entrevista desastrada a um canal local, onde afirmou que as mulheres que sofrem violações legítimas (?) raramente engravidam. Uma frase impossível de explicar que gerou, como seria de esperar, reacções de ambos os partidos. A questão é simples: se Todd Akin não se afastar da corrida, McCaskill será reeleita, colocando a maioria no Senado bem mais difícil para os republicanos, e poderá colocar ainda o Missouri ao alcance de Barack Obama, que o perdeu em 2008 contra John McCain, e que, apesar de algumas sondagens indicarem uma vantagem curta de Mitt Romney, ninguém acredita que não cairia para a coluna republicana este ano. Os riscos são grandes, e, talvez por isso, as reacções mais veementes não foram de democratas. Houve críticas é certo, mas sem dúvida que é do seu interesse que Akin não se retire. 

 

A Super Pac de Karl Rove, Crossroads, anunciou que deixaria de investir no Missouri, o senador John Cornyn, responsável pelas campanhas senatoriais do GOP, disse que não iria apoiar financeiramente Akin na sua campanha, vários senadores, como Ron Johnson ou Scott Brown apelaram ao afastamento de Akin. O Tea Party Express, Sean Hannity da Fox News e a National Review em editorial fizeram o mesmo. Por fim, Mitt Romney condenou as palavras de Akin e sugeriu que este deverá afastar-se da corrida. Nos bastidores a pressão sobre Akin deverá ser ainda maior. Ao contrário do que sucedeu em 2010, quando perderam lugares no senado que deveriam ter ganho, como no Nevada com Sharon Angle e no Delaware com Christine O'Donnell, os republicanos desta vez tomaram uma posição. Um silêncio que pagaram caro em 2010 e que não querer repetir. Se Todd Akin não se retirar, será considerado um pária no partido, mas irá prejudicar a “marca” GOP no Missouri. Um caso a seguir com atenção nas próximas horas. 

 

Adenda (22.08.2012): Apesar do actual senador do Missouri, Roy Blunt, e de quatro antigos senadores, de um telefonema de Paul Ryan e de um apelo formal de Mitt Romney, Akin não desistiu ainda da candidatura. Será ainda possível ser substituído até ao dia 25 de Setembro. Este assunto deverá submergir nos próximos dias, mas é de esperar que a pressão para que ele desista continue. Hoje numa entrevista, o agora candidato pária do Partido Republicano deixou uma porta aberta à desistência. 


20
Ago 12
publicado por Nuno Gouveia, às 19:22link do post | comentar | ver comentários (3)

 

O Partido Democrata anunciou hoje mais nomes que vão discursar na sua convenção, que se realiza em Charlotte entre os dias 3 e 6 de Setembro. Ao contrário dos seus adversários e até do que tem sido normal nos últimos anos, os democratas não apresentam grandes novidades nem oradores que entusiasmam a base democrata. Talvez com excepção dos anteriormente anunciados Elisabeth Warren, candidata ao senado no Massachusetts, e Julian Castro, o Keynote Speaker da convenção, e excluindo Obama e Bill Clinton, claro. Mas esses não constituem novidade nenhuma. 

 

Rahm Emanuel, Mayor de Chicago e antigo chefe de gabinete de Obama, John Kerry, candidato democrata de 2004, Deval Patrick, governador do Massachusetts, Tim Kaine, candidato ao senado na Vírginia, Kamala Harris, Procuradora Geral da Califórnia, Martin O'Malley, governador do Maryland e Ted Strickland, antigo governador do Ohio. A estes podemos juntar os anteriormente anunciados Bill Clinton, Jimmy Carter, e claro, Joe Biden, Michelle e Barack Obama. A esta lista, que ainda deverá crescer mais com democratas, fica a faltar o tão anunciado republicano que irá discursar em Charlotte. Este sim, poderá ser um nome interessante. 


17
Ago 12
publicado por Alexandre Burmester, às 23:08link do post | comentar | ver comentários (6)

Especialmente após a escolha de Paul Ryan como candidato a Vice-Presidente, as supostas e/ou aparentes falhas e gaffes do Vice-Presidente Joe Biden ganham mais realce, aqui utilizado neste video de campanha:

 

www.weeklystandard.com/blogs/republicans-unite-around-biden_650128.html

 

 

 


16
Ago 12
publicado por Nuno Gouveia, às 17:59link do post | comentar

 

O nome de Arthur Davis não dirá muito à maioria das pessoas. Antigo congressista democrata do Alabama, foi candidato a governador deste estado em 2010, tendo perdido nas primárias. Há dois meses anunciou que abandonava o Partido Democrata, por este ter "virado demasiado à esquerda" e juntou-se ao Partido Republicano. Este tipo de movimentos são normais nos Estados Unidos. Mas o caso de Davis é especial, pois ele foi o primeiro congressista sem ser do Illinois a declarar o apoio a Barack Obama ainda em 2007. Fez parte da sua direcção de campanha e discursou na Convenção Nacional de Denver. Mas nos últimos anos afastou-se de Obama e declarou o apoio a Mitt Romney há duas semanas. 

 

Em 2008, Joe Lieberman, antigo democrata discursou na convenção republicana e em 2004, Zell Miller, antigo senador democrata da Georgia, também discursou na convenção republicana. Este ano, além de Davis, estão também na calha discursos de republicanos na convenção democrata, conforme já tinha adiantado aqui. Será que este tipo de discursos têm influência em algum eleitorado? Tenho as minhas dúvidas. 

 

Juntamente com Arthur Davis, foram também anunciados os nomes de Rob Portman, senador do Ohio, Kelly Ayotte, senadora do New Hampshire, o governador da Louisiana, Bobby Jindal e ainda Connie Mack, congressista da Florida. 


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