28
Jun 12
publicado por Nuno Gouveia, às 15:16link do post | comentar | ver comentários (44)

O Supremo Tribunal emitiu há momentos o seu veredicto: a lei da saúde de Obama é constitucional. Numa decisão em que o Juiz Presidente John Roberts, nomeado por George W. Bush, juntou-se ao quatro juizes nomeados por democratas, contra quatro juizes nomeados por republicanos, a lei da saúde que tantas dores de cabeça tem dado a Obama sobreviveu intacta. Esta é uma grande vitória para Barack Obama, reforçada pelos rumores dos últimos meses que a decisão seria em sentido contrário. O Supremo considerou que o mandato, a parte mais polémica da lei, é um imposto, e como tal, está de acordo com a Constituição. Conforme disse há dias, os republicanos têm agora apenas uma possibilidade para revogar esta lei: Mitt Romney ser eleito Presidente e terem maiorias nas duas câmaras no Congresso. Nem sempre as vitórias políticas são transformadas em vitórias eleitorais, e é expectável que os republicanos fiquem motivados para derrotar esta lei nas urnas. Mas Barack Obama recebeu hoje um balão de oxigênio. Disso não tenho dúvidas. 


26
Jun 12
publicado por Alexandre Burmester, às 17:14link do post | comentar | ver comentários (6)

Embora as opiniões na sua maioria - incluindo a nossa neste blogue - se inclinem há muito para o Sen. Marco Rubio como companheiro de Mitt Romney na corrida presidencial, eu começo a ter as minhas dúvidas.

 

Há uma certa tendência no facto de a escolha do candidato a Vice-Presidente ser uma surpresa - e os exemplos são numerosos: Richard Nixon (com Dwight Eisenhower em 1952), Spiro Agnew (com o referido Nixon em 1968), Geraldine Ferraro (com Walter Mondale em 1984), Dan Quayle (com George H.W. Bush em 1988), Al Gore (com Bill Clinton em 1992), Jack Kemp (com Bob Dole em 1996), Dick Cheney (com George W. Bush em 2000) e, acima de todas, talvez, Sarah Palin (com John McCain em 2008).

 

 

 

Significa isto que a sabedoria convencional, digamos assim, é muitas vezes derrotada nestes vaticínios. E quer-me parecer que o mesmo vai suceder este ano na candidatura republicana. Apesar de tudo o que se diz acerca de Rubio, Chris Christie e Bob McDonnell, aparentemente os holofotes da Campanha Romney estarão cada vez mais focados em dois homens do Mid-West: o Senador Rob Portman do Ohio, antigo congressista e antigo Director do Gabinete de Gestão e Orçamento sob George W. Bush, e Tim Pawlenty, antigo Governador do Minnesota, e ex-candidato nas primárias republicanas deste ano.

 

A escolha de um ou de outro, a acontecer, revelaria duas coisas: a importância que a campanha de Romney estará a dar ao Mid-West, e o importante factor da experiência executiva. Marco Rubio poderá - e é decerto - ser um nome  e uma figura apelativa, tanto pela sua história pessoal como pelo seu potencial apelo num determinado sector do eleitorado - no seu caso, o hispânico.

 

Mas uma das armas que Romney e a sua campanha brandem contra o Presidente Obama é a sua falta de experiência - nomeadamente executiva - e Rubio cai facilmente na mesma categoria. Já Portman e Pawlenty - além de serem do Mid-West - e o primeiro do fulcral estado do Ohio - são figuras com a tal experiência executiva.

 

Acresce que Pawlenty era o favorito número um dos "especialistas" em 2008, mas John McCain surpreendeu tudo e todos com a inusitada escolha de Palin. 

 

 

 

Se eu tivesse de apostar na escolha de Romney iria num destes dois. E poderia enganar-me redondamente, claro, pois, como atrás disse, a escolha do candidato vice-presidencial é uma caixinha de surpresas.

 

 

 

 

Fotos: Em cima: o Sen. Rob Portman; em baixo: o ex-Governador do Minnesota, Tim Pawlenty. 


25
Jun 12
publicado por Nuno Gouveia, às 09:56link do post | comentar

Debate entre Stephanie Cutter da campanha Obama e Eric Fehrnstrom assessor de Mitt Romney, a discutirem o estado da corrida e o Twitter como arma de comunicação. Bob Schieffer, um jornalista da velha escola, está surpreendido como uma rede social de 140 caracteres pode ser tão importante numa campanha presidencial. Vale a pena ver.


24
Jun 12
publicado por Nuno Gouveia, às 23:03link do post | comentar

 

Quando John Roberts, o Juiz Presidente do Supremo Tribunal, anunciar a decisão sobre a reforma da saúde de Obama, tudo vai mudar nesta campanha eleitoral. A maior obra legislativa do mandato de Obama irá conhecer o seu destino esta semana. As previsões apontam para amanhã, mas o NY Times especula que possa ser noutro dia. Apesar de não haver nenhuma fuga de informação sobre a decisão, a maior parte dos insiders de Washington esperam que, pelo menos, o mandato individual que a lei preconizava vai receber um chumbo do tribunal, o que será considerado uma grande derrota para a Administração. As outras opções em cima da mesa é a revogação total da lei ou a declaração da constitucionalidade da lei. Os republicanos esperam, no entanto, que se o mandato individual for derrubado, a lei acabe por desmoronar-se, colocando à vista o fracasso de Obama, que despendeu imenso capital político para aprovar esta lei. Mas, como já tivemos oportunidade de observar no passado, nem sempre uma derrota se consubstancia dessa forma no complexo jogo político. E Obama tentará utilizar esse resultado como forma de motivar a sua base eleitoral. Pelo contrário, se a lei sobreviver no Supremo, serão os republicanos que irão tentar utilizar essa derrota judicial para motivarem os eleitores a eleger Mitt Romney, como a última oportunidade de derrubar esta lei. 

 

Um aspecto parece-me claro: como esta lei foi aprovada, e se não houver alterações no Supremo, esta lei terá apenas uma hipótese para ser revogada: 2013. E isso só será possível se os republicanos tiveram maiorias no Congresso e Mitt Romney na Casa Branca. Esta lei continua extremamente impopular, mas há alguns aspectos dela que não o são. Portanto, será um jogo do rato e do rato à volta da lei, com democratas e republicanos a tentarem capitalizar. 


23
Jun 12
publicado por Nuno Gouveia, às 13:20link do post | comentar

No seguimento de um post meu de Abril, aconselho aqui uma boa peça do correspondente da Lusa em Nova Iorque, Paulo Dias Figueiredo, sobre o papel que o Twitter e Facebook estão a desempenhar nesta campanha eleitoral. Para esta notícia, o jornalista ouviu o Lee Rainie, director do prestigiado Pew Research Center.

 

Em conversa há dias referi que se a eleição de 2008 foi sobretudo dominada pelo Facebook, esta campanha está a ser marcada pelo Twitter. Por vezes é verdadeiramente delicioso assistir aos "ataques" entre os spinners de ambas as campanhas, com destaque para David Axelrod e Eric Fernstrom. Nos Estados Unidos tudo é feito às claras e com objectivos concretos. Não enganam ninguém e estão presentes na rede para favorecerem o seu "homem" ou o seu "lado". O objectivo no Twitter para os operacionais da política é sobretudo um: influenciar a arena mediática. E, diga-se, nesta campanha eleitoral alguns dos factos mais relevantes nasceram no Twitter ou tiveram lá a formulação da mensagem que depois foi repetida nos media. A agenda setting de uma campanha eleitoral, teoria investigada e desenvolvida pelo influente investigador Maxwell McCombs, passa hoje pelo Twitter. Não está a ser discutido no Twitter? Não existe mediaticamente e ninguém quer saber disso.

 

Mais do que o número de followers que os candidatos têm, a começar por Obama, que tem cerca de 16 milhões e Mitt Romney, que tem muito menos, 570 mil, o mais importante é a capacidade de influência que as campanhas têm na rede. O Presidente tem muitos milhões de seguidores, mas, além de um bom número desses serem estrangeiros (e logo não votam), esta não é uma rede que assenta a sua importância na divulgação da mensagem pelas massas (uma função primordial do Facebook), mas sim pela capacidade de influenciar as elites políticas e jornalísticas, os principais utilizadores do Twitter. Também não são as contas dos políticos que são as mais relevantes (apesar de ser essencial a sua presença na rede e o desenvolvimento de conteúdos interessantes), mas fundamentalmente o poder do "exército" de cada um. É isso que determina o sucesso de uma campanha na rede.


22
Jun 12
publicado por Alexandre Burmester, às 10:20link do post | comentar | ver comentários (2)

Desde 1988 - eleição de George H.W. Bush - que os republicanos não vencem no Michigan numa eleição presidencial, o que fez dele um estado "azul".

 

Mas as mais recentes sondagens apontam para um empate técnico nesta altura entre Barack Obama e Mitt Romney. É certo que Romney é natural do estado e filho de um seu antigo popular Governador, George Romney, mas não me parece que isso sejam factores predominantes, até porque grande parte dos eleitores do Michigan já se não recordará de George Romney.

 

Além disso, Romney expressou a sua reprovação pelo "bail-out" de General Motors e Chrysler efectuado pela Administração Obama, o que, em princípio, o colocaria mal perante largos sectores do eleitorado deste estado. 

 

O certo é que todas as evidências apontam no sentido de a campanha de Romney não ir descurar - antes pelo contrário - este estado, até porque a sua pujança financeira, directa e indirecta, lho permitirá, obrigando a campanha de Obama a gastar dinheiro num estado onde decerto não previra ter grande dispêndio.

 

Mas a questão fulcral é esta: se o Michigan estiver em jogo, mesmo que acabe por ser ganho por Obama,  o que signifcará isto para a "big-picture" no Midwest?


21
Jun 12
publicado por Alexandre Burmester, às 15:41link do post | comentar | ver comentários (2)

"Fast and what?", perguntarão muitos ao ler o título deste apontamento. De facto, os media não têm prestado grande atenção a este potencial escândalo que tem vindo a germinar em Washington, mas as coisas poderão estar para mudar brevemente.

 

Resumidamente, a Fast and Furious foi uma operação levada a cabo pelo FBI envolvendo a autorização de venda ilícita de armas a narco-traficantes mexicanos, com o objectivo de apanhá-los, digamos, com a boca na botija. Mas a coisa correu mal, perdeu-se o rasto às armas e até já um guarda fronteiriço americano foi morto por uma dessas armas.

 

A Câmara dos Representantes está a tentar investigar o assunto,  através da Comissão de Supervisão e Reforma Governamental, tendo esta solicitado ao Procurador-Geral Eric Holder que lhe facultasse determinados documentos relativos ao caso. Como a resposta de Holder foi negativa, a Comissão declarou que o Procurador-Geral está a incorrer em desobediência à Câmara. Entretanto, o Presidente Obama invocou o "privilégio executivo" a fim de evitar que a documentação seja fornecida à Comissão.

 

E é aqui que "a porca torce o rabo". De facto, embora o privilégio executivo tenha sido usado com regularidade no passado (George W. Bush, por exemplo, invocou-o seis vezes e Bill Clinton catorze), embora nem sempre ratificado em tribunal, a expressão adquiriu contornos negativos desde a sua invocação pelo Presidente Nixon durante as investigações do Congresso acerca do Caso Watergate.

 

Desde o Watergate, de facto, cada vez que um presidente invoca o privilégio executivo, o público e os seus opositores (e, por vezes, também alguns seus correligionários) tendem a indagar-se em que será que a matéria que a Casa Branca se recusa a revelar a poderá prejudicar mais que a recusa em si mesma.

 

Barack Obama é aqui também apanhado numa contradição, pois em 2007, enquanto Senador, criticou o Presidente Bush por este ter utilizado a sua autoridade executiva para impedir o seu conselheiro Karl Rove de depôr perante o Congresso.

 

O caso poderá crescer de importância, até porque estamos em ano de eleições.

 

A seguir. 


20
Jun 12
publicado por Alexandre Burmester, às 16:43link do post | comentar | ver comentários (4)

 

 

 

Saíu recentemente o quarto volume da biografia de Lyndon Johnson da autoria de Robert Caro, este intitulado "The Passage of Power". Já vamos em quatro volumes e cerca de três mil páginas e ainda só estamos em 2 de Julho de 1964, dia em que Johnson promulgou a Lei dos Direitos Civis, o ponto máximo da sua carreira.

 

A carreira política de Johnson não se distinguiu, diga-se, pela honorabilidade, dado que, segundo Caro, desde o liceu que Johnson se habituara a ganhar eleições fraudulentamente. No segundo volume desta biografia, "Means of Ascent", Caro denuncia, inclusivamente, a vitória fraudulenta de Johnson na sua primeira eleição para o Senado em 1948, além de sugerir - o que não constitui propriamente uma grande surpresa - que LBJ também teve uma "mãozinha" no resultado do Texas  nas presidenciais de 1960. Isto é uma alegação historicamente significativa, pois, juntamente com as "manobras", digamos assim, da máquina democrática de Chicago, terá permitido a vitória de John Kennedy sobre Richard Nixon.

 

Mas a eleição de 1960 deixa hoje poucas dúvidas acerca da sua limpeza (ou falta dela).  O que importa aqui salientar é o magistral retrato de um homem complexo e algo neurótico, mas ao qual a História não tem feito a devida justiça. O nome de Johnson ficou essencialmente associado ao fiasco da Guerra do Vietname, mas a Lei dos Direitos Civis é um marco de monta na história americana e na civilização ocidental. Convém referir que John Kennedy não conseguira fazer aprovar essa lei, a qual concedia direitos iguais aos negros, à época ainda vítimas de grande discriminação nos estados do Sul. E isso, mesmo contando com maiorias em ambas as câmaras do Congresso, só que o Sul, embora quase completamente democrático desde o fim da Guerra Civil, se opunha a essa legislação. O Partido Democrático era, até essa altura, uma desconfortável coligação de liberais do Nordeste e de conservadores do Sul, zona do país onde o Partido Republicano - o partido de Abraham Lincoln - não existia na prática.

 

Usando a sua experiência adquirida como líder da maioria no Senado entre 1954 e 1960, Johnson conseguiu fazer aprovar a lei, embora, num à-parte, tenha dito, profeticamente: "Aquele sacana do Richard Nixon vai-nos limpar o Sul e torná-lo um bastião republicano". De facto, foi a partir daqui que os republicanos, dos quais a maior figura na altura era, de facto, o então antigo Vice-Presidente Richard Nixon, ressurgiram no Sul, o que não deixa de ser irónico, pois tanto Nixon como quase todas as principais figuras republicanas eram a favor da legislação.

 

Para se ter uma ideia do modo como as opiniões se dividiam acerca da matéria,  refiro que a lei passou no Senado com 46 votos democráticos  a favor e 21 contra, e 27 votos republicanos a favor e 6 contra. Não há dúvida que o principal obstáculo à sua passagem residia nos democratas do Sul.

 

Há muito que Lyndon Johnson almejava a presidência, e candidatou-se nas primárias democráticas de 1960. Nunca acreditou muito nas hipóteses de sucesso da candidatura de John Kennedy, que considerava um "um playboy rico e preguiçoso". Esse seu excesso de confiança acabaria por ser-lhe fatal, acabando, contudo, por aceitar o lugar de candidato a Vice-Presidente. Mas entre Johnson e os Kennedy nunca houve grande amor, especialmente entre ele e Robert Kennedy, que acabaria por ferir fatalmente a sua recandidatura em 1968.

 

Aguardo com expectativa a sequência desta monumental biografia.

 

 

 

 

Robert Caro: "The Years of Lyndon Johnson: Volume 4, The Passage of Power, Bodley Head (edição inglesa). 


19
Jun 12
publicado por Alexandre Burmester, às 17:21link do post | comentar | ver comentários (7)

O Nuno referiu aqui  que Barack Obama subira a parada com a sua recente decisão executiva acerca do repatriamento de imigrantes ilegais.

 

Claro que uma decisão dessas a quatro meses e meio de eleições tem de ser lida como essencialmente motivada por cálculos políticos. Mas eu pergunto se o número de votantes latinos que Obama espera ganhar com esta decisão não será suplantado pelo número de votantes da classe trabalhadora branca - o sector do eleitorado que mais se opõe a amnistias a imigrantes ilegais - que perderá em consequência da mesma decisão.

 

E a classe trabalhadora branca acaba por ser um sector do eleitorado verdadeiramente crucial em "swing-states" como Pensilvânia, Ohio, Wisconsin e Iowa, muito mais crucial e numeroso que o voto hispânico, essencialmente concentrado num pequeno número de estados. De facto, só em três "swing-states", Colorado, Nevada e Florida, o voto hispânico representa mais de 10% do eleitorado, e desses três há que, provavelmente, descontar a Florida, cuja comunidade hispânica é essencialmente a cubana - tradicionalmente mais próxima dos republicanos.

 

Portanto, esta decisão de Obama poderá vir a revelar-se mais prejudicial que favorável.

 

É evidente que a campanha de Mitt Romney  não criticará a decisão frontalmente, mas sim de modo oblíquo, como já começou a fazê-lo. E é também evidente que a palavra "amnistia" (verdadeiro anátema para boa parte do eleitorado branco) voltará a surgir como arma ofensiva dos republicanos em campanha.


18
Jun 12
publicado por Nuno Gouveia, às 10:40link do post | comentar | ver comentários (5)

Tumblr de Mitt Romney

 

Na frente do autocarro em que está a realizar uma tournée pelo Midwest. 


17
Jun 12
publicado por Nuno Gouveia, às 22:42link do post | comentar | ver comentários (10)

Barack Obama emitiu na sexta-feira uma ordem executiva para impedir que as autoridades deportem jovens ilegais que estejam a viver em território americano. Segundo as estimativas, serão perto de 800 mil que poderão ser abrangidos por esta espécie de amnistia. Apesar de haver quem considere que o Presidente não tem autoridade para decretar esta ordem executiva (Obama há um ano disse qualquer coisa semelhante), esta é uma medida que terá impactos na campanha. O Presidente continua a apostar em reforçar a sua base eleitoral, o que tem sido muito inteligente da sua parte. Depois do apoio ao casamento gay, para motivar o eleitorado jovem, agora esta medida executiva dedicada aos hispânicos, que também coloca problemas a Romney. Este tem um grande défice de apoio nesta comunidade, pois a última sondagem que li dava apenas 23% a Romney contra os 61% de Obama. Esta decisão atira para a agenda mediática a discussão sobre a imigração ilegal, uma área em que Obama não investiu nestes quatro anos e que tinha sido uma promessa de campanha. Apesar desta acção não atacar o problema de fundo (são cerca de 12 milhões de ilegais no país), dá-lhe algum fôlego eleitoral. 

 

Romney reagiu contra o método e não propriamente contra a medida, dizendo praticamente o mesmo que Marco Rubio, que poderá ser um dos beneficiados desta situação. Romney necessita de recuperar no eleitorado hispânico, e a sua grande cartada pode ser a escolha de Rubio para candidato a Vice Presidente. Por enquanto, as sondagens indicam que essa escolha lhe dará uma vantagem na Florida, mas é incerto que impacto terá no eleitorado hispânico de outros estados. Rubio é descendente de cubanos e há quem defenda que o resto dos hispânicos, que são maioritariamente oriundos do México e de outras comunidades do continente, não serão levados a votar em Romney por causa do senador da Flórida. Eu penso que não, e que Rubio pode ser uma boa ajuda para Romney em estados como o Nevada e Colorado, com grandes comunidades hispânicas e que as sondagens indicam estarem situação de empate técnico. De resto, nos restantes swing states, a Florida com Rubio estará quase assegurada e em estados como o Ohio, Iowa, Michigan, Wisconsin, Virgínia, Pensilvânia ou New Hampshire o voto hispânico é reduzido. Cada vez mais vejo Marco Rubio, senador de 41 anos, como candidato a Vice Presidente de Mitt Romney. E esta acção de Obama, que coloca os republicanos em dificuldades, poderá contribuir para que tal suceda. 


15
Jun 12
publicado por Alexandre Burmester, às 22:21link do post | comentar | ver comentários (11)

Escrevo estas linhas a propósito do artigo do Nuno sobre o actual mapa eleitoral.

 

As vantagens do Presidente Obama nos chamados "swing-states" são, regra geral, medidas por empresas que se baseiam em eleitores registados (excepção:  a Rasmussen que mede os votantes prováveis, medida mais rigorosa, mas também um método mais dispendioso de fazer sondagens).

 

O fundamental a reter das sondagens nesta altura da campanha, nomeadamente nos "swing-states", que são os que decidirão a eleição, é que Obama fica sempre aquém dos 50% das intenções de voto. E os estudos sobre esta matéria revelam que os indecisos acabam por se decidirem, numa margem de 80%/20% a favor do opositor do Presidente.

 

Assim sendo, eu diria que, nesta altura, as perspectivas não são muito animadoras para Obama. Os actuais números são semelhantes aos que Gerald Ford e Jimmy Carter apresentavam por esta altura (os de Carter até eram melhores, diga-se).  E não falo de George H.W. Bush, o qual, provavelmente, teria sido reeleito não fora a emergência do candidato independente Ross Perot, o qual fez de Bill Clinton o único presidente a ser eleito duas vezes sem uma maioria do voto popular.

 

Ainda vamos ter as convenções partidárias, e só a partir dessa altura os 15% de eleitores - grosso modo - que decidem as eleições vão verdadeiramente prestar atenção à campanha.

 

Uma campanha em que um presidente se recandidata acaba sempre por ser um referendo à sua governação e, neste contexto, surge cada vez mais pertinente a pergunta de Ronald Reagan aos eleitores aquando de um (penso que o último) debate com o Presidente Jimmy Carter: "Vocês acham que estão hoje melhor que há quatro anos?" 


13
Jun 12
publicado por Nuno Gouveia, às 23:39link do post | comentar | ver comentários (7)

 

Barack Obama continua a deter alguma vantagem em relação a Mitt Romney, mas nas últimas semanas o republicano conquistou algum terreno. Diria que se as eleições fossem hoje, a noite seria muito longa, podendo mesmo repetir-se a situação de 2000. Obama tem uma ligeira superioridade no colégio eleitoral sobre Romney, mas tem dois estados que facilmente poderão cair na coluna dos empates: New Mexico e Pensilvânia. Em relação aos estados mais frágeis da coluna de Romney, é improvavél que o mesmo suceda em algum. Conforme se pode ver, a cinco meses das eleições está tudo em aberto. As campanhas, mas sobretudo o rumo da economia irão determinar o destino desta eleição. 

 

* Quem quiser pode fazer a sua projecção neste site do Real Clear Politics


12
Jun 12
publicado por Nuno Gouveia, às 22:31link do post | comentar | ver comentários (6)

BarackObama.Tumblr


10
Jun 12
publicado por Nuno Gouveia, às 19:04link do post | comentar | ver comentários (9)

Barack Obama está muito diferente daquele candidato que vimos em 2008, que fez uma campanha extraordinária e quase isenta de erros. Defender um mandato é bem mais complicado do que atacar o que existe. A mensagem de há quatro anos era de mudança, agora é de status quo. John McCain em 2008 cometeu um grave erro no inicio da crise quando disse que "the fundamentals of our economy are strong", quando já era evidente que uma grave crise se estava a abater sobre os Estados Unidos. Na sexta-feira passada, Barack Obama teve o seu momento, ao proferir numa conferência de imprensa a frase assassina "The private sector is doing fine". Ora, esse não é o sentimento geral que os americanos têm, e com uma taxa de desemprego superior a oito por cento, ninguém poderá levar a sério isto que o Presidente disse. Mais tarde, Obama tentou corrigir o erro, ao dizer o contrário, mas já era tarde. Esta frase dominou os ataques republicanos e os debates na imprensa este fim de semana. Não sei se terá o mesmo impacto da gaffe de McCain em 2008, até porque essa foi proferida já numa altura muito próxima da eleição. Mas não deixa de ser mais um contratempo para Obama, que tem tido bastantes nas últimas semanas. 


09
Jun 12
publicado por Nuno Gouveia, às 12:01link do post | comentar | ver comentários (3)

 

 

Mitt Romney poderá avançar mais cedo com o nome do seu parceiro no ticket republicano. Até há bem pouco tempo esperava-se que anunciasse a sua escolha bem perto da Convenção Nacional Republicana, que se realizam em Tampa entre 27 e 30 de Agosto. Mas têm sido publicadas notícias que Romney poderá fazê-lo mais cedo para potenciar a angariação de fundos durante os meses do Verão. Entretanto surgiram rumores que Rob Portman e Paul Ryan já tiveram audiências privadas com Mitt Romney e que em breve será a vez de Marco Rubio. Estes são os nomes que tem sido mais referidos pela imprensa, juntamente com Chris Christie, Bob Jindal e Bob McDonnell. Conhecendo o perfil de Mitt Romney, desta vez não será de esperar nenhuma grande surpresa no escolhido, como aconteceu em 2008, pelo que é bem provável que estes sejam mesmo os finalistas. 


07
Jun 12
publicado por Nuno Gouveia, às 20:21link do post | comentar | ver comentários (7)

Ao contrário do que fui lendo por aí, sempre entendi que Mitt Romney tem uma verdadeira hipótese de triunfar. As últimas semanas confirmaram esta minha asserção. Hoje foi anunciado o valor da angariação de fundos do mês de Maio e pela primeira vez Mitt Romney ultrapassou Barack Obama, conseguindo 76 milhões de dólares contra 60 do Presidente. Já no mês passado os valores foram muito semelhantes entre ambos. Um dos aspectos que sempre me pareceu incontestável é que Obama teria grande vantagem financeira sobre o seu adversário republicano. Algo que começa a parecer uma miragem. Se os números acompanharem este ritmo, não só Romney poderá possuir directamente mais dinheiro do que Obama, como poderá ultrapassar em larga medida os democratas se lhes juntarmos os valores das Super Pacs, onde os republicanos têm obtido grandes somas. Nem George Clooney ou Sarah Jessica Parker estão a salvar o Presidente nesta área. 

 

Por outro lado, este final da Primavera está a instalar nos republicanos um espírito de vitória. Ao contrário dos democratas, que ainda há poucos meses estavam convencidos da inevitabilidade da reeleição de Obama. Durante as primárias havia um sentimento entre o GOP que muito dificilmente Romney teria a capacidade para derrotar Obama. A economia mostrava sinais de recuperação, Romney passava por dificuldades para concluir as primárias com um leque de adversários muito fracos e os seus números na angariação de fundos eram banais. Ao mesmo tempo, Romney cometia erros infantis e havia um clima instalado nos media que a corrida não seria assim tão renhida como alguns analistas republicanos clamavam. As últimas semanas mudaram tudo. Romney desde que obteve a nomeação tem executado uma campanha isenta de erros, os principais ataques de Obama têm fracassado, muito com a ajuda de alguns democratas como Bill Clinton, Ed Rendell ou Cory Booker, o desemprego voltou a aumentar e para finalizar, a vitória de Scott Walker no Wisconsin. As sondagens nacionais continuam a dar uma ligeira vantagem a Obama, mas dois estados tradicionais que têm votado democrata nas últimas décadas podem estar em jogo: Wisconsin e Michigan. Se juntarmos a isso a vantagem que Romney já tem em estados que votaram Obama, como o Indiana e Carolina do Norte e a situação de empate técnico na Florida, Ohio, Iowa, Virgínia, Nevada e New Hampshire, estamos a falar numa eleição disputadíssima. 

 

Neste momento, apesar de estar à defesa, Obama ainda tem alguns trunfos para jogar. É o presidente em exercício, os modelos de previsão de resultados eleitorais continua a apontar-lhe um ligeiro favoritismo e tem um Verão todo pela frente para tentar "destruir" Mitt Romney. A imprensa continua a favorecê-lo e a geografia eleitoral permanece uma vantagem para ele. Se é verdade que estão muitos estados em jogo que ele venceu em 2008, ele ainda tem um "rumo" mais fácil para a vitória do que Mitt Romney. Mas se ainda não é tempo para Chicago estar em pânico, o clima de apreensão deve ter crescido imenso nestas últimas três semanas.

 


06
Jun 12
publicado por Nuno Gouveia, às 16:13link do post | comentar | ver comentários (3)

 

O republicano Scott Walker infligiu ontem uma severa derrota ao Partido Democrata, aos sindicatos e, em última análise, também a Barack Obama. Depois de meses de conflito devido a uma polémica reforma que afectou sobretudo os sindicatos públicos, o governador do Wisconsin venceu confortavelmente, com 53% contra 46% do democrata Tom Barrett. Independentemente de algumas considerações laterais e do spin de ambos os lados, estas eleições mostram-nos os desafios que Barack Obama enfrenta. Esta eleição evidenciou que a base republicana está mesmo motivada para este ciclo eleitoral, e a elevada afluência às urnas ontem é prova disso. Num estado que não vota republicano em eleições presidenciais desde 1984, ontem os republicanos conseguiram ultrapassar os democratas nos esforços de Get Out The Vote. Um aviso para Obama, o que se pode complicar se estes sinais se materializarem nos outros estados democratas da região: Michigan e Pensilvânia. Alguns democratas desvalorizaram esta vitória, como o fizeram aquando das vitórias republicanas para os governos de New Jersey e Virgínia em 2009 e de Scott Brown para o senado no Massachusetts em 2010. Com os resultados que vimos nas eleições intercalares de 2010. Não quer isto dizer que Obama vá perder o Wisconsin ou até as eleições. Nas sondagens que foram efectuadas ontem dão vantagem a Obama, mas é preciso recordar que ele venceu neste estado com 14 pontos de vantagem sobre McCain. Mesmo uma vitória renhida no Wisconsin significará, inapelavelmente, uma diminuição do voto a nível nacional. Obama não perdeu as eleições ontem, mas se tal suceder, poderemos dizer que foi nesta semana que as começou a perder: a subida do desemprego, as declarações de Bill Clinton sobre Mitt Romney e a derrota no Wisconsin poderão ser factores decisivos.

 

A um outro nível, esta vitória de Scott Walker significa também que os sindicatos perderam alguma legitimidade eleitoral. Tendo apostado tudo no derrube do governador que atacou os direitos dos sindicatos, a derrota de ontem voltará a colocar esta questão em debate a nível nacional e haverá a tentação de outros governadores seguirem o exemplo de Walker. Uma boa noite para a agenda republicana. 

 

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05
Jun 12
publicado por Nuno Gouveia, às 16:56link do post | comentar | ver comentários (1)

AP Photo

Scott Walker, governador do Wisconsin, que vai hoje a votos, numas importantes eleições que o Alexandre já referiu aqui


04
Jun 12
publicado por Nuno Gouveia, às 23:16link do post | comentar | ver comentários (2)

O facto de Bill Clinton manter-se no activo da política, como o Alexandre Burmester referiu no post anterior, não o impede de envolver-se em polémicas. Especialmente com o seu partido. Barack Obama lançou há duas semanas um forte ataque ao passado de Mitt Romney como líder da Bain Capital, o que atraiu severas críticas por parte de alguns democratas mais ligados às empresas de capitais de risco. Esses ataques já não estavam a correr muito bem, mas parece-me que Bill Clinton terminou com essa ofensiva, ao elogiar o passado de empresário de Mitt Romney. Segundo o anterior presidente, e citando, the man who has been governor and had a sterling business career crosses the qualification threshold, elogiando ainda a Bain Capital pelo seu sucesso. Se não houver nada de novo nesta matéria, diria que Romney ultrapassou com distinção esta ofensiva, devendo agradecer por isso aos vários democratas, incluindo Clinton, que surgiram em sua defesa. 


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