Ainda falta muito para Novembro de 2012, mas a campanha para as primárias arranca já no próximo ano. Depois das Intercalares, os potenciais candidatos irão aparecer, e no inicio de 2011 haverá os anúncios de candidaturas no lado republicano. E, apesar de pouco provável, não seria inédito que surgisse um candidato a disputar as primárias democratas com Barack Obama, a exemplo do que sucedeu em 1980 com Jimmy Carter e 1992 com George. H. Bush. Os incumbentes acabaram por derrotar Ted Kennedy e Pat Buchanan respectivamente, mas essa tarefa dificultou imenso a campanha para as eleições gerais, que acabariam por perder. Mas nem num cenário de verdadeiro desastre em Novembro para o Partido Democrata acredito que surja um sério opositor a Obama. Mas nunca se sabe.
Mas serão as primárias republicanas de 2012 vão concentrar as atenções mediáticas. Nos próximos meses deverão aumentar as movimentações dos potenciais candidatos. Ainda ontem soube-se que o governador da Louisiana, Bobby Jindal, vai lançar um livro no próximo verão, uma iniciativa que poderá significar o seu interesse na nomeação. Os nomes vão desfilando, e ainda hoje, o surpreendente Ron Paul venceu a Straw Poll* da CPAC (Conservative Political Action Conference), à frente de nomes como Mitt Romney, Sarah Palin ou Tim Pawlenty. Apesar de ter sido vaiado quando foi anunciado o resultado, Ron Paul demonstrou que ganhou terreno nos últimos dois anos.
Os principais candidatos
Mitt Romney é um dos frontrunners à nomeação de 2012. A notoriedade alcançada na última campanha presidencial, aliada às suas movimentações desde então, colocam o antigo governador do Massachusetts na linha da frente. Em 2008 terá cometido o erro de apresentar-se como o candidato conservador, ele que tinha um passado de moderado. Todas as suas intervenções públicas fazem-me acreditar que vai mesmo lutar pela nomeação. Procurará ser o neste ciclo eleitoral o candidato moderado, com apoios no establishment, ao mesmo tempo que tentará não alienar os sectores conservadores. Em tempos de crise económica, Romney poderá ser também o candidato ideal, dado o seu passado como empresário de sucesso. A dois anos das primárias, esta é a minha aposta para a nomeação republicana, com a consciência que é ainda falta uma eternidade e tudo pode mudar.
Sarah Palin é um nome incontornável no actual Partido Republicano. Apesar de ter poucas hipóteses de alcançar uma vitória nas eleições gerais, poderá ser uma séria candidata à nomeação republicana, especialmente se tiver o apoio dos sectores conservadores e do Tea Party movement. Será uma séria candidata se avançar, mas terá de vencer a batalha da credibilidade. Numa sondagem conhecida esta semana, 72 por cento dos americanos consideram que ela não tem as condições para Presidente, e mais de 50 por cento dos republicanos pensam o mesmo. Será sempre uma candidata que terá a forte oposição do establishment republicano e dos sectores intelectuais do GOP.
Mike Huckabee poderá também apresentar-se novamente como candidato. Ganhou notoriedade no último ciclo eleitoral e tem uma presença regular na Fox News. Tem a vantagem de ter uma relação de empatia com o povo americano, e apesar dos seus valores conservadores, entrar bem no eleitorado independente. Contudo, as suas posições no tempo em que foi governador do Arkansas, nomeadamente na área económica, entram em conflito com os fiscal conservatives. Se Sarah Palin também se candidatar, terá poucas hipóteses de obter a nomeação. Mas é um nome a ter em conta.
Tim Pawlenty não é nome conhecido do grande público americano. Contudo o ainda governador do Minnesota tem executado um trabalho notável desde 2008, feito campanha com muitos candidatos em todo o país, angariado muito dinheiro, e conquistado apoio entre o establishement republicano. Ao mesmo tempo, tem cortejado os sectores mais conservadores, nomeadamente a direita religiosa, e pode aparecer como um candidato transversal do Partido Republicano. Apesar de ser o menos "famoso" do lote de favoritos, poderá surgir com uma força inesperada em 2011. A seguir com muita atenção.
Newt Gingrich tem andado por aí. Não é um nome consensual dentro do Partido Republicano, apesar de ser o obreiro da grande vitória do GOP em 1994. Os escândalos que afectaram a sua vida pessoal, em sequência de algumas posições que desagradaram os sectores conservadores, colocam-no em sérias dificuldades para vencer umas primárias republicanas. No entanto, Gingrich é um verdadeiro génio, e tem feito um trabalho notável em prol das ideias republicanas através da sua organização, American Solutions. Não o descarto totalmente da corrida.
Outros possíveis candidatos
Bobby Jindal, governador da Lousiana, era uma estrela ascendente dentro do Partido Republicano. Vários comentadores apontavam-no até como um potencial frontrunner da nomeação de 2012. Mas a sua entrada na arena nacional no ano passado, na resposta ao discurso do estado da união de Barack Obama, correu-lhe muito mal. Um péssimo discurso, que recebeu criticas da esquerda à direita. Desde então tem andado mais discreto e nem tem sido falado como potencial candidato. Mas pode sempre ressurgir, e notícia do seu livro pode indicar que Jindal tem pretensões. Claro que os seus 38 anos também indicam que Jindal pode bem esperar pela sua oportunidade noutro ciclo eleitoral.
Bob McDonnell foi eleito há poucos meses para governador da Virgínia. Mas neste estado apenas pode cumprir um mandato, que terminará em 2013. Dada a sua resposta ao discurso de Obama no estado da união ter corrido muito bem, e as suas credenciais conservadoras serem impecáveis, pode ter a tentação de avançar. É pouco plausível, mas sei bem que os americanos por vezes gostam de apostar em candidatos improváveis, e McDonnell tem o perfil para ser esse candidato
John Thune transformou-se no herói dos republicanos em 2004, quando derrotou o então líder democrata no Senado, Tom Daschle, no Dakota do Norte. O seu nome tem sido referido insistentemente em alguns círculos, e será o senador com mais hipóteses de avançar para a Casa Branca. E os apoios que poderá obter no establishment do partido poderiam ajudá-lo nessa campanha.
Ron Paul terá 76 anos em 2012. E nunca teria hipóteses de vencer a nomeação republicana. Mas a sua actividade política não tem abrandado, e como vimos na Straw Poll da CPAC, tem ganho apoios dentro da base do GOP. Poderá surgir novamente como o candidato da ala libertária.
O antigo senador da Pennsylvania, Rick Santorum, os governadores do Mississípi e Indiana, Haley Barbour e Mitch Daniels, e os congressistas Mike Pence do Indiana, Paul Ryan do Wisconsin e Eric Cantor da Virgínia são outros dos nomes que têm aparecido nas listas de possíveis candidatos.
*Uma votação entre todos os participantes da CPAC2010.