25
Fev 10
publicado por José Gomes André, às 23:28link do post | comentar | ver comentários (29)

Caro Miguel, o post que citei (do Pedro Marques Lopes) referia-se a um resumo de algumas das ideias de Ron Paul, e não a uma apreciação das mesmas, pelo que seria irrelevante mencionar que no texto original de onde elas foram retiradas havia posteriormente um elogio a Paul (em nenhum momento comentei a posição de Andrew Sullivan). Eu limitei-me a utilizar a mesma informação, embora com propósitos diferentes (criticar essas mesmas ideias), por razões que aliás enunciei: o fim da Reserva Federal e dos impostos directos conduziria, de facto, a um desmantelamento do governo federal, pois este deixaria de ter poder para agir sobre o sistema financeiro (acabando com uma lógica de regulação que, mesmo minimalista, parece ser requerida para evitar males maiores) ou até mesmo para pagar programas federais, pois não teria receitas suficientes para as financiar.

 

Por outro lado, a saída dos Estados Unidos das organizações internacionais representaria uma negação do papel preponderante que cabe a esta potência no equilíbrio mundial, abrindo espaço a novas lideranças de países onde não vigora de todo o mesmo respeito pelos direitos individuais, a democracia ou o liberalismo económico. Queremos mesmo um regresso ao isolacionismo americano pré-Segunda Guerra Mundial? Desejamos mesmo inflectir o percurso internacional das últimas décadas - que permitiu, entre outras coisas, o maior crescimento económico e o mais significativo e alargado período de paz global na história da humanidade?

 

P.S. Não sei se a menção ao "comentário televisivo" se referia a mim, mas se assim fosse, devo esclarecer que rejeito por completo essa abordagem. O estilo do discurso político conta, claro, mas procuro fazer depender as minhas análises sobretudo da substância do mesmo, por motivos evidentes.


publicado por Nuno Gouveia, às 15:42link do post | comentar | ver comentários (2)

Já referi aqui que uma das primárias mais interessantes deste ciclo eleitoral acontece na Florida. Nesta primária defrontam-se também as duas alas do Partido Republicano, onde o jovem Marco Rubio lidera o Charlie Crist, governador do Estado. Rubio tem sido apoiado pelos sectores conservadores e pelo Tea Party, sendo que Crist tem o apoio do establishment republicano de Washington e dos moderados. 

 

Ontem foi publicada uma notícia que relatava que Rubio terá utilizado o cartão de crédito do GOP para despesas pessoais quando era líder da Câmara dos Representantes na Florida. As despesas são insignificantes, mas demonstram que a campanha vai ficar suja nos próximos meses. Crist perdeu popularidade nos últimos meses, depois da economia do estado ter entrado em grave crise e, especialmente, por ter aparecido ao lado do Presidente Obama, apoiando o seu plano de estímulos.

 

A Florida é um swing state, mas tem sido dominada nos últimos anos pelo aparelho republicano. Mas nas últimas presidenciais votou em Obama. Enquanto a campanha para as primárias vai decorrendo, as sondagens indicam que qualquer um vencerá facilmente o seu opositor democrata. No entanto, apoiantes de Rubio têm lançado a semente que Crist poderá desistir da candidatura republicana e concorrer como independente ao senado ou mesmo pelo Partido Democrata. Não sei se é apenas ruído, mas a verdade é que a desistência de Crist pela nomeação republicana iria transformar a eleição de Novembro numa das mais interessantes do país. A seguir com atenção. 


publicado por José Gomes André, às 02:11link do post | comentar | ver comentários (2)

 


23
Fev 10
publicado por José Gomes André, às 19:22link do post | comentar | ver comentários (25)

 

Em boa hora Pedro Marques Lopes, citando Andrew Sullivan, recordou a excentricidade das ideias políticas de Ron Paul, das quais se destacam o isolacionismo, a pretensão de retirar os EUA das grandes organizações internacionais (como a ONU ou a NATO) e o desejo de eliminar os impostos directos sobre rendimentos e a extinção de instituições de regulação financeira (como a Reserva Federal), entre outros disparates que demoliriam o Estado federal e destruiriam por fim a credibilidade dos Estados Unidos no mundo.

 

Sem surpresas, Paul entusiasma os fóruns libertários, os quais por sua vez têm uma grande presença na internet e uma notável capacidade de organização - quer na angariação de fundos, quer na publicitação das suas ideias na comunicação social. Mas uma coisa é saber dinamizar uma mensagem, outra é recolher aceitação política junto do eleitorado. E aí - pese embora os esforços dos voluntários ou o entusiasmo recente da CPAC - Ron Paul tem sido pouco mais que nulo, de um ponto de vista nacional (basta recordar que nas Primárias Republicanas de 2008 Paul obteve somente 1,6% dos delegados à Convenção Nacional).

 

Num país globalmente conservador (e utilizo aqui o termo para designar uma perspectiva cautelosa que domina a mundividência popular), imaginar que um político tão radical pudesse chegar à Casa Branca - ou que o Congresso estaria disponível para prosseguir a sua agenda - não passa de pura ficção.


publicado por Nuno Gouveia, às 15:35link do post | comentar | ver comentários (1)

John McCain vai enfrentar uma primária difícil na sua reeleição para o senado. O anterior nomeado republicano à presidência terá como opositor o antigo congressista republicano J.D. Hayworth. As sondagens conhecidas dão uma vantagem de 20 por cento a McCain, mas dado o ambiente hostil que os incumbentes enfrentam neste ciclo eleitoral, e a crescente oposição do Tea Party Movement a republicanos moderados, Mccain poderá ter problemas para vencer as primárias, que se realizam apenas a 24 de Agosto. Por isso tornam-se importantes os apoios que tem recebido dentro do Partido Republicano. Hoje soube-se que Mitt Romney irá apoiar McCain, juntando-se a outros nomes como Scott Brown e Sarah Palin. E o antigo congressista Dick Armey do Texas, considerado muito próximo do Tea Party, também já declarou seu o apoio á reeleição de McCain. Mas, apesar destes endorsements, não daria como garantida a sua nomeação. O ambiente é extremamente hostil também para republicanos moderados, e veja-se o que aconteceu ao governador da Florida, Charlie Crist. Ainda há poucos meses era considerado imbatível, e agora tem 20 pontos de desvantagem sobre o jovem Marco Rúbio, anterior Speaker do estado e nova estrela do movimento conservador americano. 


publicado por Nuno Gouveia, às 15:26link do post | comentar | ver comentários (3)

A Administração Obama e o Partido Democrata vão fazer um último esforço para implementar a prometida reforma da saúde. Nas próximas semanas saberemos se terá sucesso ou não. Depois de um ano de avanços e recuos, de vitórias e derrotas, os democratas tentam agora um último esforço para aprovar aquela que terá sido a mais emblemática promessa de campanha de Barack Obama. Não sei se terão os votos necessários.

 

Depois de no último ano terem aprovado diferentes versões na Casa dos Representantes e no Senado, e de terem perdido a maioria anti-fillibuster com a vitória de Scott Brown, os democratas vão mesmo avançar com a tentativa de reconciliação no Senado, precisando apenas de 50 votos (o VP Joe Biden poderá desempatar). Não será fácil, dado que o novo plano apresentado esta semana por Barack Obama poderá enfrentar a oposição de muitos senadores democratas e a total oposição dos republicanos. Na próxima quinta-feira, Barack Obama irá reunir-se com os republicanos, numa iniciativa transmitida em directo pela televisão, para tentar um acordo bipartidário. Mas na verdade esta reunião não tem possibilidade de sucesso, pois por um lado Obama já apresentou o seu plano e não existe grande possibilidade de recuo, e por outro, os republicanos já fizeram saber que não irão dar o seu aval. Será um bom espectáculo televisivo, com ambas as partes a tentar convencer a opinião pública da sua justiça, mas pouco mais.

 

O ambiente politico é hostil aos democratas, e muitos senadores e congressistas dão mostras de nervosismo por este plano da Casa Branca. Um voto favorável poderá significar a perda do seu lugar em Novembro, e nem todos estão dispostos a arriscar a sua carreira política. A impopularidade da reforma é imensa, mas também há quem defenda que se os democratas não a aprovarem, será ainda pior, pois isso irá demonstrar inabilidade para liderar, apontando o exemplo das consequências do fracasso em 1993. De qualquer forma, parece-me que os democratas irão sempre ter grandes dificuldades em Novembro, pelo que o ambiente poderá não ser muito afectado em caso de sucesso na reforma da saúde. Com a vantagem de motivar a base para as difíceis eleições que se aproximam. 


21
Fev 10
publicado por Nuno Gouveia, às 17:14link do post | comentar | ver comentários (12)

Ainda falta muito para Novembro de 2012, mas a campanha para as primárias arranca já no próximo ano. Depois das Intercalares, os potenciais candidatos irão aparecer, e no inicio de 2011 haverá os anúncios de candidaturas no lado republicano. E, apesar de pouco provável, não seria inédito que surgisse um candidato a disputar as primárias democratas com Barack Obama, a exemplo do que sucedeu em 1980 com Jimmy Carter e 1992 com George. H. Bush. Os incumbentes acabaram por derrotar Ted Kennedy e Pat Buchanan respectivamente, mas essa tarefa dificultou imenso a campanha para as eleições gerais, que acabariam por perder. Mas nem num cenário de verdadeiro desastre em Novembro para o Partido Democrata acredito que surja um sério opositor a Obama. Mas nunca se sabe.


Mas serão as primárias republicanas de 2012 vão concentrar as atenções mediáticas. Nos próximos meses deverão aumentar as movimentações dos potenciais candidatos. Ainda ontem soube-se que o governador da Louisiana, Bobby Jindal, vai lançar um livro no próximo verão, uma iniciativa que poderá significar o seu interesse na nomeação. Os nomes vão desfilando, e ainda hoje, o surpreendente Ron Paul venceu a Straw Poll* da CPAC (Conservative Political Action Conference), à frente de nomes como Mitt Romney, Sarah Palin ou Tim Pawlenty. Apesar de ter sido vaiado quando foi anunciado o resultado, Ron Paul demonstrou que ganhou terreno nos últimos dois anos.


Os principais candidatos


Mitt Romney é um dos frontrunners à nomeação de 2012. A notoriedade alcançada na última campanha presidencial, aliada às suas movimentações desde então, colocam o antigo governador do Massachusetts na linha da frente. Em 2008 terá cometido o erro de apresentar-se como o candidato conservador, ele que tinha um passado de moderado. Todas as suas intervenções públicas fazem-me acreditar que vai mesmo lutar pela nomeação. Procurará ser o neste ciclo eleitoral o candidato moderado, com apoios no establishment, ao mesmo tempo que tentará não alienar os sectores conservadores. Em tempos de crise económica, Romney poderá ser também o candidato ideal, dado o seu passado como empresário de sucesso. A dois anos das primárias, esta é a minha aposta para a nomeação republicana, com a consciência que é ainda falta uma eternidade e tudo pode mudar. 


Sarah Palin é um nome incontornável no actual Partido Republicano. Apesar de ter poucas hipóteses de alcançar uma vitória nas eleições gerais, poderá ser uma séria candidata à nomeação republicana, especialmente se tiver o apoio dos sectores conservadores e do Tea Party movement. Será uma séria candidata se avançar, mas terá de vencer a batalha da credibilidade. Numa sondagem conhecida esta semana, 72 por cento dos americanos consideram que ela não tem as condições para Presidente, e mais de 50 por cento dos republicanos pensam o mesmo. Será sempre uma candidata que terá a forte oposição do establishment republicano e dos sectores intelectuais do GOP.


Mike Huckabee poderá também apresentar-se novamente como candidato. Ganhou notoriedade no último ciclo eleitoral e tem uma presença regular na Fox News. Tem a vantagem de ter uma relação de empatia com o povo americano, e apesar dos seus valores conservadores, entrar bem no eleitorado independente. Contudo, as suas posições no tempo em que foi governador do Arkansas, nomeadamente na área económica, entram em conflito com os fiscal conservatives. Se Sarah Palin também se candidatar, terá poucas hipóteses de obter a nomeação. Mas é um nome a ter em conta.


Tim Pawlenty não é nome conhecido do grande público americano. Contudo o ainda governador do Minnesota tem executado um trabalho notável desde 2008, feito campanha com muitos candidatos em todo o país, angariado muito dinheiro, e conquistado apoio entre o establishement republicano. Ao mesmo tempo, tem cortejado os sectores mais conservadores, nomeadamente a direita religiosa, e pode aparecer como um candidato transversal do Partido Republicano. Apesar de ser o menos "famoso" do lote de favoritos, poderá surgir com uma força inesperada em 2011. A seguir com muita atenção.


Newt Gingrich tem andado por aí. Não é um nome consensual dentro do Partido Republicano, apesar de ser o obreiro da grande vitória do GOP em 1994. Os escândalos que afectaram a sua vida pessoal, em sequência de algumas posições que desagradaram os sectores conservadores, colocam-no em sérias dificuldades para vencer umas primárias republicanas. No entanto, Gingrich é um verdadeiro génio, e tem feito um trabalho notável em prol das ideias republicanas através da sua organização, American Solutions. Não o descarto totalmente da corrida.


Outros possíveis candidatos


Bobby Jindal, governador da Lousiana, era uma estrela ascendente dentro do Partido Republicano. Vários comentadores apontavam-no até como um potencial frontrunner da nomeação de 2012. Mas a sua entrada na arena nacional no ano passado, na resposta ao discurso do estado da união de Barack Obama, correu-lhe muito mal. Um péssimo discurso, que recebeu criticas da esquerda à direita. Desde então tem andado mais discreto e nem tem sido falado como potencial candidato. Mas pode sempre ressurgir, e notícia do seu livro pode indicar que Jindal tem pretensões. Claro que os seus 38 anos também indicam que Jindal pode bem esperar pela sua oportunidade noutro ciclo eleitoral.


Bob McDonnell foi eleito há poucos meses para governador da Virgínia. Mas neste estado apenas pode cumprir um mandato, que terminará em 2013. Dada a sua resposta ao discurso de Obama no estado da união ter corrido muito bem, e as suas credenciais conservadoras serem impecáveis, pode ter a tentação de avançar. É pouco plausível, mas sei bem que os americanos por vezes gostam de apostar em candidatos improváveis, e McDonnell tem o perfil para ser esse candidato


John Thune transformou-se no herói dos republicanos em 2004, quando derrotou o então líder democrata no Senado, Tom Daschle, no Dakota do Norte. O seu nome tem sido referido insistentemente em alguns círculos, e será o senador com mais hipóteses de avançar para a Casa Branca. E os apoios que poderá obter no establishment do partido poderiam ajudá-lo nessa campanha.  


Ron Paul terá 76 anos em 2012. E nunca teria hipóteses de vencer a nomeação republicana. Mas a sua actividade política não tem abrandado, e como vimos na Straw Poll da CPAC, tem ganho apoios dentro da base do GOP. Poderá surgir novamente como o candidato da ala libertária.


O  antigo senador da Pennsylvania, Rick Santorum, os governadores do Mississípi e Indiana, Haley Barbour e Mitch Daniels, e os congressistas Mike Pence do Indiana, Paul Ryan do Wisconsin e Eric Cantor da Virgínia são outros dos nomes que têm aparecido nas listas de possíveis candidatos.  

 

*Uma votação entre todos os participantes da CPAC2010.    

 


20
Fev 10
publicado por Nuno Gouveia, às 18:43link do post | comentar | ver comentários (3)

Alexander Haig, Secretário de Estado de Ronald Reagan, faleceu hoje com 85 anos. Haig foi um militar de carreira e fez parte também das Administrações Nixon e Ford. Em 1988 candidatou-se à nomeação republicana, mas retirou-se da corrida antes das primárias do New Hampshire. Deixo aqui este artigo da jornalista da AP, Anne Gearan, sobre a vida de Haig.


18
Fev 10
publicado por José Gomes André, às 18:31link do post | comentar | ver comentários (5)

O Nuno Gouveia tem escrito que o ciclo eleitoral deste ano é especialmente difícil para o Partido Democrata, devido ao clima político que se vive na América, aos (relativos) insucessos da Administração Obama e ao bom recrutamento de candidatos do lado Republicano. Neste e noutros posts futuros, junto-me à discussão, sublinhando que este cenário negro para os Democratas o é também por razões estruturais.

 

Refiro-me em particular à natureza das eleições intercalares, que implicam tradicionalmente uma derrota do partido ao qual pertence o Presidente, apesar de este não ser directamente escrutinado. Na verdade, com afluências mais baixas do que em ano de presidenciais, as eleições intercalares mobilizam sobretudo os grupos de oposição e os cidadãos descontentes, convidando ao voto de protesto contra a Administração federal. Esta situação ocorre de forma praticamente indiscriminada, i.e., independentemente do ciclo económico ou político, das maiorias existentes no Congresso ou da própria popularidade do Presidente.

 

Vejamos, por exemplo, os resultados para a Câmara dos Representantes em eleições intercalares nos últimos cinquenta anos: 

 

 
 Ano
 
Partido do Presidente
Resultado do partido do Presidente face a eleição anterior
1962
Democrata (D)
-4 lugares
1966
D
-48
1970
Republicano (R)
-12
1974
R
-48
1978
D
-15
1982
R
-26
1986
R
-5
1990
R
-8
1994
D
-54
1998
D
+5
2002
R
+8
2006
R
-30

 

Como podemos verificar, excepto em 1998 (quando os EUA viviam um período de invulgar prosperidade económica) e 2002 (no contexto extraordinário do pós-11 de Setembro), em todas as eleições intercalares o partido do Presidente sofreu perdas significativas para a câmara baixa federal. Tal sucedeu quer quando o Congresso era dominado pelo partido oposto ao Presidente (1970, 74, 82, 86, 90), quer quando este beneficiava de um apoio claro na Câmara dos Representantes (62, 66, 78, 94, 2006). Da mesma forma, este padrão eleitoral parece ser indiferente ao tipo de vitória obtida pelo Presidente dois anos antes, ocorrendo ora depois de triunfos esmagadores (66, 74, 82, 86), de êxitos claros (78, 90, 94) ou de vitórias pirrónicas (62, 70, 2006).

 


publicado por Nuno Gouveia, às 15:11link do post | comentar | ver comentários (2)

Num artigo do Político, Alex Isenstat, escreve sobre aquilo que tenho referido aqui várias vezes: e excelente fase de recrutamento do GOp para as eleições de Novembro. Um aspecto que poderá ser decisivo para as Intercalares. Noutro artigo, refere as possíveis consequências da retirada de Evan Bayh e questão do timming escolhido.


O colunista do Washinton Post, E.J. Dionne, defende que os democratas estão a perder a "message war" na batalha pela conquista da opinião pública. 


Por fim, e em sentido contrário com o que tem sido regra do lado republicano, Newt Gingrich escreve um artigo onde defende que os republicanos e Obama devem trabalhar em conjunto.


16
Fev 10
publicado por Nuno Gouveia, às 17:29link do post | comentar

 

 

Se a eleição fosse na próxima terça-feira, esta seria a minha previsão de resultados. E como se vê, o GOP está em boa situação para obter uma vitória esmagadora nas próximas intercalares. E muito pode ainda alterar-se, pois alguns estados ainda nem têm os candidatos definidos, muitas primárias vão decorrer e poderá haver ainda mais surpresas, entre desistências e novos candidatos. Mas se as eleições fossem já na próxima semana, o mapa eleitoral não deveria andar muito longe deste que apresento. O Partido Republicano provavelmente não perderia nenhum lugar que agora detém, e iria conquistar senadores no Nevada, Arkansas, Illinois, Pennsylvania, Indiana, Dakota do Norte, Colorado e Delaware. Nesta previsão, os resultados não seriam suficientes para conquistar a maioria no Senado, pois ficariam com 49 senadores, a dois da maioria, pois em caso de empate, o Vice-presidente tem o voto de desempate. Neste cenário, não seria surpresa que o independente Joe Liebberman, que neste momento está no caucus democrata, passasse para o lado dos Republicanos. 


Nas cores mais suaves destaco os estados que poderão mudar facilmente de lado até Novembro. Do lado democrata, Califórnia, Washington (se Dino Rossi entrar na corrida), Nova Iorque (se George Pataki avançar) e Wisconsin (o antigo governador Tommy Thompson poderá ser candidato) são os estados que os republicanos podem almejar conquistar em Novembro. Do lado republicano, ainda há muitos estados com a situação indefinida, especialmente no Illinois, Pennsylvania, Nevada, Colorado, Indiana, Missouri, Ohio e New Hampshire, estes três últimos actualmente ocupados por republicanos. 


Mantenho a convicção que este será um excelente ano para os republicanos, mas com a salvaguarda que tanto poderá ser uma vitória avassaladora (ainda maior do que a apresentada neste mapa) ou mais reduzida, com a recuperação de apenas 4 ou 5 lugares. E reforço que a nove meses ainda muito pode mudar, dado que se considera que nenhum senador tem o lugar seguro, dado o forte sentimento anti-incumbente que neste momento existe nos Estados Unidos. Nos próximos meses esta previsão irá ser actualizada, de acordo com as sondagens e o nome dos candidatos. 


15
Fev 10
publicado por Nuno Gouveia, às 17:26link do post | comentar | ver comentários (2)

O Senador democrata do Indiana, Evan Bayh, vai anunciar hoje que não será candidato nas próximas Intercalares de Novembro. Esta notícia é um sério revés para os democratas, que ainda há poucos meses consideravam este lugar seguro. Está certo que houve sondagens negativas para o candidato, mas na semana passada foram publicados bons estudos para Bayh, mesmo depois da entrada na corrida do antigo senador republicano, Dan Coats. 

As consequências desta decisão são terríveis para o Partido Democrata, dado que o Indiana é um swing state tendencialmente conservador, que desta forma poderá eleger mais facilmente um republicano. 


14
Fev 10
publicado por Nuno Gouveia, às 22:49link do post | comentar | ver comentários (2)

Hoje surgiram notícias que terá sido constituído no Nevada o Tea Party, possibilitando uma corrida ao Senado contra Harry Reid. Este é um dos lugares mais ambicionados pelos republicanos nas Intercalares de Novembro. Os pretendentes à nomeação republicana, Sue Lowden e Danny Tarkanian, lideram com uma vantagem confortável Harry Reid em todas as sondagens. Se for verdade que o Tea Party avança no Nevada, a situação poderá ficar mais fácil para Reid. Mas, e como afirmei aqui, duvido que esta hipotética candidatura possa ter apoios de figuras nacionais do movimento conservador. Isso significaria a provável reeleição do Líder da Maioria Democrata no Senado, um dos ódios de estimação dos conservadores americanos. 


publicado por Nuno Gouveia, às 01:31link do post | comentar

Já ano passado tinha visto esta ideia dos cartões do GOP e tinha achado bastante piada. Uma forma divertida de fazer política e oferecer "armas" aos seus apoiantes para espalhar a mensagem. E a verdade é que já foram enviados directamente do site mais de 237 mil postais virtuais. Um sucesso. 


13
Fev 10
publicado por Nuno Gouveia, às 20:33link do post | comentar | ver comentários (1)

 

Cartoon do Politico


09
Fev 10
publicado por Nuno Gouveia, às 20:01link do post | comentar

A primeira Convenção do Tea Party Movement decorreu este fim de semana, com destaque para a presença de Sarah Palin. Além do seu discurso, e da polémica por ter levado umas notas escritas na mão(?), interessa-me mais discorrer sobre o que poderá significar este movimento para o futuro do Partido Republicano.


Um grupo de cidadãos conservadores, mais à direita que o mainstream GOP, iniciou uma "revolta" popular no ano passado contra as politicas big government de Barack Obama. Com a reforma da saúde, surgiu como um movimento organizado, que liderou uma das frentes de batalha contra os democratas. Nos últimos tempos surgiram também alguns sinais que este movimento poderá transformar-se num partido e apresentar um candidato alternativo ao GOP em 2012. Sarah Palin, estrela do movimento, afirmou este fim de semana que poderá estar disponível para se candidatar à nomeação, e uma possível derrota nas primárias poderia tornar viável esta terceira candidatura.


Eu não acredito que este Tea Party Movement se vá distanciar do GOP, e nem que se apresentem a eleições. A meu ver isso seria um enorme erro estratégico. Rush Limbaugh, estrela conservadora da rádio e apoiante do movimento, já veio a terreiro avisar que nem pensar em criar um novo partido, pois isso seria entregar o poder aos democratas. Até se analisarmos a história verificamos que candidaturas independentes estão condenadas ao fracasso. Como Ross Perot em 1992 ou George Wallace em 1968. No primeiro caso a vantagem foi para Bill Clinton (D) e no segundo para Richard Nixon (R). Os Estados Unidos, apesar de maioritariamente de centro-direita, dificilmente elegeriam alguém tão afastado do mainstream político.


O futuro do Tea Party Movement deverá passará por aquilo que já tem sido ensaiado: apoiar os candidatos conservadores nas primárias, tentando derrotar os candidatos do establishment partidário. Na Florida e no Kentucky estão bem lançados para obterem vitórias importantes nas primárias para o senado, mas também já foram derrotados nas primárias do Illinois. Mas, nas eleições gerais, certamente não deixarão de estar ao lado dos nomeados republicanos, como aconteceu na eleição de Scott Brown do Massachusetts. Como vimos nessa eleição, serão uma força a muito importante, nomeadamente em voluntários e apoio financeiro, mas não deixarão de estar ao lado dos candidatos do GOP.


Se estiver errado, virei aqui assumir isso. Mas também não tenho dúvidas que se alguma vez se apresentarem a eleições separados do Partido Republicano, isso será uma excelente notícia para os democratas.


publicado por José Gomes André, às 19:47link do post | comentar | ver comentários (3)

 

Deverá ou não um Presidente dos Estados Unidos receber o Dalai Lama? George W. Bush fê-lo em quatro ocasiões, sem consequências de maior para as (boas) relações entre americanos e chineses, embora também sem que daí resultassem efeitos positivos para a condição dos tibetanos. Obama começou por recusar esta hipótese (em Outubro do ano passado), mas dentro de alguns dias terá um encontro com o líder máximo budista, em Washington.

 

Eis um tema difícil, que o aspecto concreto do exercício de poder transforma em verdadeiro dilema. Por um lado, aceitar o encontro hostiliza as autoridades chinesas (como as próprias sublinham), num momento em que a China é o maior parceiro económico e também o maior credor dos Estados Unidos. Por outro lado, recusar essa audiência não só representa uma negação dos valores essenciais que fundam a experiência americana, como implica um sinal de fraqueza da maior potência mundial.

 

As hesitações de Obama revelam como os dois argumentos expostos são simultaneamente pertinentes. E porque é tão complexo tomar uma decisão equilibrada e taxativa nesta matéria.

 


publicado por José Gomes André, às 02:06link do post | comentar

... este vídeo num popular site americano (Slate), que imagina a final do Super Bowl (futebol americano) filmada por realizadores célebres como Tarantino, David Lynch, Wes Anderson, Jean-Luc Godard e Werner Herzog. Três minutos muito bons.


publicado por Era uma vez na América, às 00:36link do post | comentar

Ao Insurgente, por nos considerar o blogue da semana. 


07
Fev 10
publicado por Nuno Gouveia, às 19:27link do post | comentar | ver comentários (2)

 

The Audacity to Win, Viking Adult (November 3, 2009)

 

As campanhas presidenciais americanas são momentos únicos, vividos pelos protagonistas com grande intensidade. Os profissionais de marketing politico, também apelidados de Spin Doctors, rapidamente se transformam em estrelas mediáticas, como James Carville, Karl Rove ou Joe Trippi. O apogeu da carreira destes consultores é vencer uma eleição presidencial. Depois disso, podem viver o resto da vida à sombra desse sucesso. Alguns decidem manter-se no activo, mas boa parte deles retira-se da “acção”. Muitos tornam-se comentadores e escrevem best sellers.

 

David Plouffe não se retirou do activo e ainda há duas semanas foi notícia que tinha regressado para colaborar com a Casa Branca. Mas neste último ano, e como se percebe pela leitura do seu livro, preferiu fazer uma pausa para estar com a família. E lançou um livro sobre a corrida presidencial que colocou Barack Obama na Presidência. Um dos aspectos mais  fascinantes da vida destes profissionais da política é o verdadeiro ritmo alucinado em que vivem a sua actividade. E também o empenho, paixão política e pessoal que evidenciam pelo seu trabalho. Dos livros que já li do género, sinto que sem “paixão política”, dificilmente poderiam ser tão eficazes e comprometidos com os resultados. Não está apenas em questão derrotar o adversário: há uma crença real que o que estão a fazer é mesmo importante para o país. E foi isso precisamente que senti neste livro. Plouffe é um true believer de Obama, e mais do que colocar o seu “chefe” na Casa Branca, o seu desejo era mesmo fazer o correcto para os EUA. 

 

Este é um livro que acompanha o período de Novembro de 2006, logo após as intercalares, até à vitória final de Barack Obama. Para quem acompanhou esta campanha e escreveu muito sobre ela, como eu, o mais interessante é verificar que muitas das análises que realizei estavam certas. Mas também que me enganei redondamente noutras. Esta foi uma campanha quase isenta de erros graves, e que decorreu sempre de acordo com o estabelecido pelo inner circle. E há um aspecto esclarecedor que se retira das palavras de Plouffe: a estratégia da campanha de Hillary Clinton terá sido mesmo uma das mais incompetentes de toda a história da politica americana, sendo constante o “gozo” q pela campanha dirigida por Mark Penn. Sobre a campanha de McCain, também há algumas criticas, mas estas são sempre menores, até porque Plouffe sabia que o maior adversário para Obama já tinha sido derrotado nas primárias.

 

Destaque óbvio para o papel das novas tecnologias, que Plouffe refere várias vezes. Sem a sua utilização inteligente, não teria sido possível colocar Barack Obama na Casa Branca. Uma estratégia revolucionária, mas também lúcida, que já é objecto de estudo por todos os académicos desta área. A harmonia que existiu na campanha Obama, algo nem sempre fácil em situações do género, é também uma das imagens de marca relatadas.  Até como se viu na entourage de McCain, que várias vezes foi apanhada em contradições e disputas internas. Nada disso se passou na campanha de Obama.


Obviamente que este livro não conta tudo, nem refere algumas dirty tricks que utilizaram, mas isso também não seria de esperar. Percebe-se na essência os bastidores da mais surpreendente e uma das mais bem sucedidas campanhas presidenciais americanas. Aconselho a sua leitura. 

 


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