31
Jan 10
publicado por Nuno Gouveia, às 20:27link do post | comentar

Discussão no "This Week" da ABC News deste Domingo sobre a vitória de Scott Brown e também sobre cobertura negativa da Fox News à Administração Obama. Com as participações de Arianna Huffington, George Will, Paul Krugman e Roger Ailes, CEO da Fox News.


publicado por Nuno Gouveia, às 17:48link do post | comentar

1. Charles Krauthammer escreve sobre o tratamento dado pela Administração Obama ao terrorista que tentou explodir um avião no Natal. 

2. Andrew Sullivan aborda os problemas de uma sociedade americana profundamente dividida entre esquerda e direita, e as dificuldades da agenda da Administração Obama. 

3. Ainda sobre o discurso do Estado de União, Peggy Noonan no WSJ

4. Por cá, destaco a análise do Bernardo Pires de Lima ao discurso de Obama.


publicado por Nuno Gouveia, às 11:26link do post | comentar | ver comentários (6)

Quem seguiu a campanha presidencial de 2008 deve lembrar-se bem da Obama Girl, autora de do "Crush on Obama",  vídeo de apoio a Barack Obama que se transformou num verdadeiro sucesso na Internet. Na última semana foi revelado pelo NY Post que Amber Lee Ettinger, verdadeiro nome da Obama Girl, estava desiludida com o mandato do Presidente. Sean Hannity, que não perde uma boa oportunidade, convidou-a para estar no seu programa. O resultado foi este...


publicado por José Gomes André, às 01:34link do post | comentar

 

(Iniciamos hoje uma "série" onde apresentaremos uma selecção dos melhores cartoons políticos ou de imagens que marcam a actualidade. Os nossos e-mails estão à disposição dos nossos leitores para contribuições que, desde já, muito agradecemos.)


publicado por Era uma vez na América, às 01:14link do post | comentar

Ao longo dos últimos dias, o "Era uma vez na América" voltou a merecer referências blogosféricas que muitos nos honram. Pedindo desculpas por eventuais omissões, ficam os nossos agradecimentos a Isabel GoulãoEduardo Pitta, Carla Hilário Quevedo e às "sugestões" do João Luís.


29
Jan 10
publicado por Nuno Gouveia, às 15:52link do post | comentar

Hoje a imprensa americana relata que os julgamentos de Khalid Shaikh Mohammed e de outros terroristas presos em Guantanamo podem não se realizar em Nova Iorque. Barack Obama terá dado a ordem ao Procurador-geral Eric Holder para procurar outras localidades. A decisão de utilizar tribunais civis para julgar os terroristas considerados responsáveis pela organização do 11 de Setembro tem suscitado muita controvérsia na sociedade americana, com os republicanos a acusaram a Administração de colocar em causa a segurança nacional ao não os realizarem em tribunais militares. Outra das criticas que tem surgido é os enormes gastos que esta decisão acarreta, mais de 200 milhões de dólares por ano aos cofres americanos. O mayor de Nova Iorque, Michael Bloomeberg, e outros destacados políticos do estado também têm demonstrado a sua oposição a estes julgamentos.

 

Obama prometeu reverter as politicas da Administração Bush relativamente ao tratamento oferecido aos terroristas que estão em prisões americanas. A decisão de um julgamento civil para os cabecilhas do 11 de Setembro ia de encontro a essas promessas, mas a verdade é que haverá também julgamentos militares para outros terroristas de Guantanamo. Por outro lado, a dificuldade em encerrar a prisão, apressou a decisão de julgar KSM em Nova Iorque, para acalmar as criticas da sua base mais à esquerda. O que não contava era com a oposição dos democratas de Nova Iorque, que demonstram receio pela segurança da cidade e com os enormes custos de um julgamento em Manhattan. Com as notícias conhecidas hoje, acredito que a Administração Obama não vai recuar na intenção de julgar KSM em tribunais civis, mas não será fácil convencer outras localidades a aceitar estes julgamentos, muito impopulares nos Estados Unidos.

 


publicado por José Gomes André, às 01:12link do post | comentar | ver comentários (4)

 

1. Surpreendeu-me o discurso pela sua abrangência. Na verdade, deu para recordar os feitos alcançados no primeiro ano (cortes de impostos para a classe média, estabilização do sistema financeiro, aposta na educação), regressar a temas importantes da sua campanha presidencial ("reformar Washington", apelar à cooperação bi-partidária) e ainda apresentar um vasto conjunto de prioridades para o próximo ano (combate ao desemprego, medidas de incentivo para pequenas e médias empresas, etc.).

 

2. Obama apontou ao centro, mas de uma maneira curiosa: ora falando para a sua base, ora piscando o olho à Direita. Por um lado, insistiu em temas tipicamente Republicanos (apoio aos pequenos negócios, combate ao défice, reforço da segurança interna, até mesmo defesa da energia nuclear e da exploração petrolífera!). Por outro, tranquilizou as hostes Democratas, sublinhando a necessidade de taxar os lucros bancários, avançar com maior regulamentação ambiental, prosseguir com a reforça do sistema de saúde e lutar contra a discriminação dos homossexuais no exército. 

 

3. Embora preferindo um tom conciliador, Obama adoptou porém uma linguagem dura nalgumas matérias. Recordou aos Republicanos as suas responsabilidades no quadro político americano (criticando o seu obstrucionismo) e lembrou aos Democratas que a proximidade de um ciclo eleitoral difícil não justifica o abandono cobarde das suas prioridades políticas, mesmo que impopulares. Por outro lado, o Presidente lançou ainda uma curiosa - e rara - crítica ao Supremo Tribunal, pela decisão de revogar a Lei McCain-Feingold (que controlava o financiamento das campanhas eleitorais).

 

4. Na política externa, poucas surpresas. É de esperar o reforço das relações diplomáticas e económicas com a Rússia e a China, e o progressivo isolamento do Irão e da Coreia do Norte. Obama comprometeu-se ainda a "vencer" no Afeganistão e a garantir que as tropas de combate deixarão o Iraque até Agosto (veremos como o consegue fazer sem provocar um banho de sangue).

 

5. Foi globalmente um discurso interessante e bem apresentado, com uma variedade suficiente para agradar a diversos sectores. Terá cumprido o objectivo de estancar as críticas mais severas e conferir um novo fôlego a uma governação ainda desequilibrada. Mas foi só um discurso.

 


28
Jan 10
publicado por Nuno Gouveia, às 16:08link do post | comentar | ver comentários (7)

Uma nota prévia: Barack Obama é um excelente orador e ontem, mais uma vez, fez um belo discurso. Dito isto, interessa lembrar que nem sempre um bom discurso é eficaz, e o de ontem tinha um objectivo claro: parar a sangria das sondagens desfavoráveis e dar o mote de partida para o ano eleitoral. Foram dados bastantes sinais, para tentar aplacar os críticos e motivar a base democrata. As sondagens das pessoas que ouviram o discurso indicam que a maioria gostou do que ouviu, e isso, por si, é um bom sinal para o Presidente.

 

Como era de esperar, Obama abordou maioritariamente assuntos da agenda interna, com a economia, a política ambiental e a reforma da saúde a dominarem a maior parte do tempo. Foi um discurso invulgarmente longo, onde Obama regressou ao tom da sua campanha presidencial. Muitas das passagens do seu discurso foram retiradas directamente de outros proferidos durante a campanha. Assumindo uma postura de liderança, falou para ambos os lados do espectro político. Comprometeu-se a aprofundar esforços no sentido de viabilizar a reforma da saúde, abordou sem dogmas a sua agenda ambiental e energética, mas também falou em cortes de impostos, em diminuir o défice e nas preocupações da classe médica, temas do agrado dos republicanos. Deixou críticas a ambos os partidos e abordou novamente um dos seus principais temas de campanha: o bipartidarismo. Estava dado o mote para as intercalares. Por fim, disse que irá propor o fim da limitação da participação dos gays no exército, com a revogação do “Don´t tell, Don´t Ask” de Bill Clinton. Esta medida irá certamente agradar os liberais, o que poderá ter sido uma boa jogada, depois da desilusão que vinha a tomar conta destes apoiantes.

 

A grande dúvida que suscita este discurso, e como já foi apontado pelos críticos republicanos, é que a acção da sua Administração no último ano foi contraditória com alguns dos princípios que ontem defendeu. A sua agenda foi claramente dominada pela ala esquerda do Partido Democrata, o Congresso esteve mais que nunca dividido em duas trincheiras, e a transparência que apregoou nem sempre foi uma realidade, como no caso das negociatas dos votos do Arkansas e Nebraska ou a promessa não cumprida de transmitir as negociações da reforma da saúde na C-Span. Se há um ano, o discurso baseava-se numa promessa de mudança, ontem renovada, agora existe um ano de trabalho para contrapor e o saldo não é completamente favorável. Resta saber se Obama irá, finalmente, conseguir impor a sua agenda, que ontem foi reafirmada, e apaziguar as criticas de que tem sido alvo. Uma tarefa monumental para a sua Administração.

 

Nota final para a resposta dos republicanos, que ontem esteve a cargo do recentemente eleito governador da Virgínia, Bob McDonnell. Estes são sempre discursos muito complicados, e nos últimos dois anos as respostas foram catastróficas. Na memória de muitos ainda estará a resposta de Bobby Jindal ano passado, que recebeu criticas generalizadas. Ontem, McDonnell esteve à altura, e conseguiu motivar os republicanos. Reafirmando os princípios conservadores, deu um bom pontapé de saída para sua carreira nacional. Ainda vamos ouvir falar muito deste politico.

 

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27
Jan 10
publicado por Nuno Gouveia, às 15:52link do post | comentar | ver comentários (7)

O terreno político é fértil em situações destas, e rapidamente alguém que representa a esperança para milhões dos seus cidadãos se transforma num ser desprezado e ignorado. Nos Estados Unidos, talvez pelos seus cidadãos terem o hábito de ver nos políticos algo mais do que um ser humano, tendem a enfrentar casos destes mais regularmente que outros países. A relação de amor que criam com os seus apoiantes favorece estes ódios que se criam contra os políticos. Ainda recentemente, o popular governador de Nova Iorque, Eliot Spitzer, caiu na praça pública em directo, depois de conhecidos os seus affairs com prostitutas. Gary Hart, um dos favoritos à nomeação presidencial democrata de 1984, abandonou a corrida depois de lhe ser conhecida uma relação extra-matrimonial. Nada de novo, portanto.


John Edwards apenas entrou na politica em 1998, quando foi eleito senador pelo conservador estado da Carolina do Norte. Antes tinha feito fortuna como advogado de consumidores contra grandes empresas. Desde 2000 que começou a visitar regularmente o Iowa, e a sua ascensão fulgurante no Partido Democrata rapidamente o transformou num potencial candidato presidencial. Em 2004 candidatou-se à nomeação democrata, e apesar de apenas ter vencido uma primária, na Carolina do Sul, causou boa impressão e foi escolhido por John Kerry para seu parceiro no ticket.

 

Retirado do Senado em 2004, John Edwards começou imediatamente após a vitória de Bush-Cheney a preparar nova candidatura para 2008. Nesta campanha, John Edwards surgiu como o candidato da esquerda do Partido Democrata, assentando a sua campanha na reforma da saúde, na erradicação da pobreza e contra a guerra do Iraque (que ele tinha votado a favor). Ao mesmo tempo, o cancro que afectava a sua esposa, Elisabeth Edwards, foi sendo habilmente relatado na imprensa. A sua campanha apostou numa vitória no caucus do Iowa para obter a nomeação, mas este não era o seu ano. Os ventos da história sopravam para os lados de Barack Obama. Depois de um segundo lugar no Iowa, à frente de Hillary Clinton, Edwards ficou em terceiro lugar nas restantes primárias do mês de Janeiro, e retirou-se no ainda antes da superterça-feira.  Apesar de nova derrota, o politico da Carolina do Norte ainda fazia parte do imaginário dos democratas, fazendo lembrar os tempos em que fora considerado um novo JFK. O visual, o carisma e discurso cativante faziam parte do seu esplendor.  Nesses longos meses em que Barack Obama e Hillary Clinton se digladiaram pela nomeação, o nome de Edwards pairou sempre sob o espectro de ser novamente escolhido para candidato a Vice-presidente.

 

Mas no Verão a bomba rebentava: durante a campanha das primárias, Edwards manteve uma relação com uma assessora da sua campanha. Para um politico que tinha feito dos valores familiares um elemento central da sua vida, esta situação era inaceitável aos olhos dos americanos. E soube-se na altura que esse facto já tinha sido descoberto por alguns jornalistas, mas que perante ameaças da sua equipa de campanha, tinham recuado na notícia. Nunca mais Edwards foi o mesmo: esquecido pelos colegas democratas, nem sequer foi convidado para ir a Denver à Convenção Democrata. Mas o pior para Edwards estava para vir.

 


publicado por José Gomes André, às 01:59link do post | comentar | ver comentários (2)

 

Num período de crise, não espanta que as pessoas lamentem particularmente o estado de coisas e exprimam incerteza sobre a possibilidade e o momento de uma recuperação. Mas nos Estados Unidos (e em grande parte do mundo ocidental, atrevo-me a dizer) o cenário é especialmente grave. Numa sondagem recente da Gallup, 67% dos inquiridos consideram que a economia só irá melhorar num espaço equivalente ou superior a dois anos. 28% entendem mesmo que serão precisos mais de cinco anos para se registar uma recuperação económica.

 

Estes dados denotam uma evidente desilusão com a Administração Obama, mas vão além das críticas potenciais ao actual Presidente. Com efeito, em estudos recentes da PPP e da Economist, os inquiridos revelam estar igualmente descontentes com ambos os partidos americanos (51% contra os Democratas, 56% contra os Republicanos - com apenas 30% e 19% de índices de satisfação, respectivamente), sendo também muito críticos face ao desempenho do Congresso (61% desaprovam a sua conduta, face a somente 14% de respostas positivas).

 

Na verdade, o que está em causa é uma profunda decepção com toda a classe política, quer pela forma como esta não foi capaz de evitar o surgimento de uma tal crise, quer pela sua inépcia para diminuir os seus efeitos nefastos e impulsionar um novo período de crescimento.


26
Jan 10
publicado por Nuno Gouveia, às 15:53link do post | comentar

Um ano após terem uma conquistado uma maioria como há muito não se via nos Estados Unidos (Senado, Câmara dos Representantes e Casa Branca), a liderança democrata surge em grande dificuldades para suster o avanço dos republicanos. Enquanto os prognósticos para Novembro vão sendo cada vez mais catastróficos, com um repetição de 1994 a pairar sob o espectro politico, começam a surgir vozes incómodas dentro do Partido Democrata. Evan Bayh, Senador do Indiana, e que ontem recebeu sondagens negativas para a sua reeleição, apelou aos democratas para mudarem de politicas e aproximarem-se do centro. Uma congressista do Arkansas, que anunciou a sua retirada da reeleição, desferiu ontem um forte ataque a Barack Obama. Mas também surgem vozes de democratas, como Paul Begalla ou James Carville a apelar ao Presidente para continuar com a sua agenda e optar por uma estratégia mais agressiva para com os republicanos. Se o Partido Republicano se divide entre moderados e conservadores, mas por agora unidos contra o Presidente, no lado democrata há dois rumos antagónicos que disputam a liderança da agenda democrata.

 

Com vários democratas a anunciar a sua retirada (ainda ontem surgiram rumores que a senadora do Arkansas, Blanche Lincoln poderá desistir) e várias recusas para concorrer, no GOP o cenário é inverso. E as apostas viram-se para estados que ainda há pouco tempo seriam impensáveis. Em Nova Iorque, o antigo governador George Pataki pode mesmo avançar para tentar derrotar a substituta de Hillary Clinton, Kirsten Gillbrand, no Illinois o lugar que pertenceu a Barack Obama pode mesmo ser conquistado pelo republicano Mark Kirk e no Indiana, que ainda há duas semanas era considerado “safe” para Evan Bayh, pode haver reviravolta se o congressista Mike Pence* anunciar a sua candidatura. Com esta sequência de noticias, a própria maioria no Senado pode estar em perigo, o que apenas poderá acontecer se os republicanos recuperarem 10 lugares aos democratas. Algo muito difícil, mas que começa a ser discutido abertamente pelos analistas políticos. E na Câmara dos Representantes, seguindo a análise da vitória de Scott Brown no Massachusetts, tudo é possível, com os republicanos a necessitarem de conquistar 40 lugares.

 

Este cenário negro para os democratas deverá estar a ser analisado pela equipa de Barack Obama, que deverá anunciar o rumo que pretende seguir no discurso do estado da união. A minha previsão, e que poderá ser desmentida amanhã, é que Obama fará aquilo que tem marcado a sua carreira politica. Transmitirá vários sinais, tentando indo do encontro às criticas que tem recebido. Por um lado, irá sublinhar que não muda de rumo, nomeadamente na reforma da saúde. Mas também irá evidenciar alguns sinais que poderão agradar aos críticos. Tentará demonstrar que vai procurar consensos com os republicanos, e atacar algumas das razões da sua impopularidade: desemprego, estado da economia e intervenção federal na economia. A minha grande dúvida é se, com esta estratégia ambígua, poderá alcançar os seus objectivos. 


*Adenda: Li agora que o congressista Mike Pence não se vai candidatar ao Senado. Isto pode não mudar muito, pois nas sondagens conhecidas ontem, o republicano John Hosteller também se mostrava muito competitivo em relação a Evan Bayh.


publicado por José Gomes André, às 01:42link do post | comentar

Na próxima quarta-feira, às 21h (2h em Portugal), Barack Obama realizará perante uma sessão conjunta do Congresso o seu "Discurso sobre o Estado da União". Mais do que um mero requisito constitucional, esta é uma tradição fundamental da vida política americana, utilizada pelo Presidente para descrever o ambiente político actual e influenciar decisões futuras do Congresso, traçando as grandes metas e prioridades legislativas dos meses seguintes.

 

Derivado do precedente britânico (o monarca discursava na sessão de abertura do Parlamento), este procedimento foi seguido à risca desde a entrada em vigor da Constituição, cuja secção 3ª do Artigo 2º determina: "O Presidente deverá, de tempos a tempos ["from time to time"], prestar ao Congresso informações sobre o Estado da União e submeter à sua consideração as medidas que julgue necessárias e convenientes". O objectivo desta disposição era atribuir ao chefe do Executivo a possibilidade de condicionar a agenda legislativa do Congresso, entendendo os Pais Fundadores americanos que o Presidente tinha um papel muito limitado neste domínio (a história alteraria essa situação).

 

Curiosamente, como vemos, o articulado constitucional não se refere a uma comunicação "anual", mas meramente periódica. Como em tantas outras questões formais, a prática seguida pelo Presidente George Washington (um discurso anual) criou um sólido precedente, ainda hoje respeitado. Todavia, ao contrário do primeiro Presidente americano, muitos foram os chefes do executivo que optaram por transmitir ao Congresso uma declaração escrita e não um discurso oral (desde Jefferson a William H. Taft). Já no século XX, Woodrow Wilson reinstaurou esta última tradição, seguida (com raras excepções) por todos os Presidentes até aos nossos dias.

 

Um dos acontecimentos políticos mais vistos e comentados nos EUA, este momento solene está também repleto de curiosidades. Uma das mais interessantes refere-se à necessidade de designar um membro da Administração para não estar presente na sessão (ficando em local desconhecido). Devido à (rara) aparição conjunta de várias figuras de topo da hierarquia federal, garante-se assim que, em caso de um atentado ou acidente, um dos membros do governo federal sobrevive a essa tragédia, impedindo que o país ficasse sem uma chefia legalmente reconhecida.


25
Jan 10
publicado por José Gomes André, às 16:57link do post | comentar

Já está online a edição do programa desta semana, dedicada ao "primeiro ano" de Obama, e na qual tive o prazer de participar: http://tv1.rtp.pt/programas-rtp/index.php?p_id=19920&e_id=&c_id=8&dif=tv

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publicado por Nuno Gouveia, às 16:13link do post | comentar | ver comentários (2)

 

David Plouffe, director de campanha de Barack Obama na corrida presidencial de 2008, vai reforçar a equipa da Casa Branca. Esta é considerada uma consequência directa da derrota no Massachusetts, mas também representa a preocupação que existe neste momento sobre o ciclo eleitoral de 2010. Plouffe, depois da vitória de Barack Obama, optou por manter-se afastado da Casa Branca, tendo publicado recentemente “Audacity to Win” (estou a ler o livro, e em breve deixarei aqui as minhas impressões), onde conta a sua versão sobre a histórica campanha de Obama.

 

Plouffe será conselheiro de Barack Obama e ajudará na ligação com as várias corridas eleitorais do próximo ano. A estratégia de comunicação da Casa Branca não tem corrido da melhor forma, e tem sido alvo de criticas de vários democratas, que acusam a Administração de não conseguir “vender” a sua agenda ao povo americano. A entrada de Plouffe no inner circle de Obama pode também significar que a Casa Branca irá assumir responsabilidades directas nas campanhas dos candidatos democratas, algo que não sucedeu nas derrotas recentes no Massachusetts, New Jersey e Virgínia. 


publicado por Nuno Gouveia, às 15:08link do post | comentar | ver comentários (2)

Beau Biden anunciou hoje que não se vai candidatar ao Senado pelo Delaware, para ocupar o lugar que pertenceu ao seu pai até 2008. A possibilidade dos republicanos ganharem esta eleição para o Senado aumenta com esta decisão, pois o congressista Mike Castle já liderava as sondagens no estado, mesmo incluindo o nome do filho de Joe Biden pelo campo democrata. Este é mais um blue state que pode eleger um republicano para o Senado nas próximas intercalares.


publicado por Nuno Gouveia, às 00:07link do post | comentar

Neste vídeo do Político podemos ver a observar os comentários de Valerie Jarrett, David Axelrod e Robert Gibbs, assessores de Barack Obama, às eleições no Massachusetts.

 

Este blogue vai ter algumas séries" permanentes. Além da secção desta vídeos, o José Gomes André já arrancou com Produtos Seleccionados, onde iremos destacar alguns artigos relevantes, de portugueses ou não, sobre os Estados Unidos. Em breve teremos mais novidades


24
Jan 10
publicado por José Gomes André, às 19:57link do post | comentar

1. No Expresso desta semana (um bom manancial de artigos sobre os EUA), Miguel Sousa Tavares discorre sobre a tragédia do Haiti e o (essencial) papel norte-americano no plano de ajuda internacional, sublinhando que - pese embora erros recentes - nenhum outro país tem (ainda) os meios e sobretudo o prestígio dos americanos: 

"[...] os que estão no terreno e os que vêm de fora sabem bem que a única esperança para o Haiti é a presença americana. Não são os únicos que lá estão, mas são os únicos que o podem salvar, porque têm os meios, a vontade e a capacidade de organização para tal. A nação indispensável".

 

2. Também no Expresso, um artigo demolidor de Rui Ramos sobre a Administração Obama, que descreve verdadeiramente a queda de um anjo. Ramos sublinha, por outro lado, como os equilíbrios pretendidos por Obama dependem de várias circunstâncias que não pode controlar, e que por isso mesmo desaconselhariam as expectativas colossais que o mesmo foi alimentando ao longo da sua campanha.

"[...] A história da Presidência de Obama pode ainda vir a ser escrita, tal como a de Bush, numa imprevista caverna da Ásia. Antigamente, sabia-se que o acaso e a sorte contavam. Quando um jovem lhe perguntou o que é que mais temia,o velho Harold Macmillan ter-lhe-á dito: «Events, dear boy, events». Talvez aprendamos isso de novo com Obama."

 

3. Em língua inglesa, destaque para este excelente artigo no Washington Post sobre a nova estratégia Republicana na Internet, num palco onde os Democratas têm sido até agora predominantes (via José Manuel Fernandes).


publicado por Nuno Gouveia, às 16:36link do post | comentar

Charles Krauthammer, talvez o mais influente opinion maker conservador da actualidade, considerou que a semana que passou foi a melhor que teve desde a Spring Break da Faculdade de Medicina. A sua euforia talvez seja exagerada, mas esta foi provavelmente a melhor semana para o movimento conservador americano desde a vitória de Bush em 2004.

 

A vitória de Scott Brown na “casa” do liberalismo* americano foi uma consequência da oposição enfurecida que os republicanos têm feito à agenda da maioria democrata no Congresso e da Casa Branca, e da adesão popular que tem recebido. Quando há um ano líamos análises do funeral dos republicanos e da pretensa maioria de décadas dos democratas na politica americana, estávamos longe de pensar que essa ideia estaria desfeita apenas passado um ano. E se as vitórias de Chris Christie em New Jersey e Bob McDonnell na Virgínia já eram um claro indicador que a sina dos republicanos poderia não ser bem essa, a vitória de Scott Brown no Massachusetts e as sondagens para as próximas eleições intercalares evidenciam uma situação totalmente diferente. E o renascimento nacional dos republicanos pode estar bem próximo, com as vitórias que se esperam do próximo mês de Novembro. Estados democratas como a Califórnia, Delaware, Illinois ou até mesmo Nova Iorque podem eleger senadores republicanos.

 

Mas esta semana não foi boa para os republicanos somente pela vitória de Brown no Massachusetts. Também no campo dos media a situação piorou para o movimento progressista americano. A Air América, uma rádio criada em 2004 para contrabalançar a influência dos conservadores no espectro radiofónico, faliu esta semana, sendo isso um reflexo da total superioridade de personagens como Sean Hannity, Rush Limbaugh ou Laura Ingraham nas audiências da rádio. E na televisão, a Fox News continua a aumentar a sua liderança, com quatro ou cinco vezes mais espectadores que a liberal MSNBC ou a mais independente CNN. Esta semana, Bill O´Reilly não se coibiu de manifestar a sua alegria por esta superioridade, fazendo destaque disso mesmo no seu programa, líder de talk shows políticos há mais de nove anos. Apesar dos excessos e da parcialidade que existem nos media conservadores, a verdade é que os seus irmãos gémeos liberais não têm conseguido alcançar o mesmo sucesso comercial.

 

Prevejo uma semana muito interessante, pois será totalmente dominada pelo discurso de Barack Obama no Congresso. Uma boa altura para contra-atacar. 

 

*quando me refiro ao liberalismo americano estou a falar da esquerda americana. Não tem o mesmo sentido que damos aqui na Europa.


23
Jan 10
publicado por José Gomes André, às 16:36link do post | comentar | ver comentários (5)

Hoje (sábado) estarei na RTPN (21h10), no programa "Olhar o Mundo", com Márcia Rodrigues, para analisarmos o "primeiro ano" de Obama e falar sobre a política americana em geral. O programa repete no Domingo, na RTP2 (12h25).

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publicado por Nuno Gouveia, às 16:35link do post | comentar | ver comentários (7)

Na próxima quarta-feira, Barack Obama vai discursar perante as duas câmaras do Congresso, no tradicional State of the Union Adress. Um dos assuntos mais aguardados na sua declaração é precisamente a sua posição sobre a reforma da saúde. Depois da derrota dos democratas no Massachusetts, as dúvidas sobre o futuro desta reforma adensaram-se. Mas Obama discursou ontem no Ohio, e deu a entender que não vai desistir. 

 

Uma sondagem da Gallup refere que 55 por cento dos americanos pede o fim desta reforma, contra 39 por cento que pensa que os democratas devem avançar. Bill Clinton disse que o desastre das eleições de 1994 foi precisamente por terem desistido da reforma da saúde. Obama parece acreditar nisso, e está disposto a prosseguir. Se deixasse cair a reforma, a sua base de apoiantes iria sentir-se traída, complicando ainda mais a sua tarefa neste ano eleitoral. Pelo que depreendi das suas palavras no Ohio, Obama deverá anunciar na próxima quarta-feira que não desiste, e que irá continuar a apoiar esforços para aprovar uma nova lei da saúde. Mas ao não desistirem, Obama, Pelosi e Reid deverão encontrar um caminho para o sucesso. Que neste momento ainda não se vislumbra. 

 

Chris Matthews, apresentador do Hardball da MSNCB, em entrevista ao congressista democrata da Florida Alan Grayson, disse que era impossível aprovar a lei através do procedimento de reconciliação. A argumentação de Matthews,  e não desmentida por Grayson (parecia que não sabia do que estava a falar), é que é impossível criar uma nova legislação de base através deste método. Não sei se é verdade, mas este seria o método mais curto para avançar desde já. A outra possibilidade, que já referi aqui, não é neste momento uma hipótese, pois não existem os votos na Câmara dos Representantes para aprovar a lei do Senado. Se estes dois cenários estão realmente afastados, como poderão os democratas avançar?

 


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