As Primárias Presidenciais tendem a ser naturalmente voláteis, devido à especificidade do eleitorado, ao desconhecimento de muitos candidatos e à peculiar dinâmica da campanha. A comunicação social, sempre em busca de histórias picantes e disputas acesas, alimenta essa volatilidade, endeusando e enterrando candidatos enquanto o Diabo esfrega o olho.
Este cenário é propício ao surgimento de candidatos bizarros, entusiasmando os media, que os vendem como casos de ascensão meteórica. A corrida Republicana é disto exemplo, com Michelle Bachmann, Rick Perry e Herman Cain a ocuparem sucessivamente o estatuto de favoritos instantâneos, para logo caírem em desgraça.
O que resta depois de todo este folclore? Habitualmente, os melhores candidatos. Aqueles que resistem à espuma dos dias, que passam pelo crivo do tempo e do escrutínio público (os debates são, a este respeito, indispensáveis). Eis a razão pela qual defendo as "Primárias", apesar do circo que lhes está associado.
No caso concreto do Partido Republicano, depois do fanatismo desbragado de Bachmann, da impreparação de Perry e do populismo trauliteiro de Cain, sobram os dois candidatos mais preparados e mais sólidos: Mitt Romney e Newt Gingrich. Diferentes no estilo e nas propostas (Gingrich parece-me mais conservador que Romney), mas dando ambos garantias de qualidade política e capacidade eleitoral. God Save the Primaries.