A agência de rating Standard & Poor's baixou esta noite o rating da dívida americana a longo prazo para AA+, o que acontece pela primeira vez na história dos Estados Unidos. Os analistas prevêm que se as outras duas agências seguirem o mesmo caminho, a Moodys e a Fitch, isso poderá custar cerca mais de 100 mil milhões de dólares por ano em juros. Esta decisão não é surpresa, mas o governo americano esperava que o acordo que foi aprovado recentemente para o aumento do limite do endividamento impedisse esta descida.
Ainda é cedo para apontar responsabilidades, mas ninguém ficará bem na fotografia. Os responsáveis da S&P referem que esta descida reflecte a opinião que o plano aprovado pelo Congresso e pela Administração falha em controlar a dívida americana. Pelas razões apontadas pela agência de rating, há muito "sumo" para ambos os lados: por um lado os republicanos vão acusar os democratas de não terem ido tão longe como eles desejavam nos cortes na despesa, falhando num verdadeiro plano para controlar a dívida galopante do país. Por outro, os democratas vão contrapor que a intransigência dos republicanos em não aumentar os impostos limitou as negociações. Como quase sempre sucede em política, a verdade estará algures no meio entre as diferentes opiniões. Mas no plano estritamente político, será importante acompanhar como a opinião pública irá reagir. No entanto, parece-me que quem não sairá bem desta situação é o Presidente Obama, que será encarado como um líder fraco e sem capacidade de apresentar soluções. A reeleição parece cada vez mais difícil. Resta-lhe esperar que os republicanos surjam aos olhos dos americanos como parte do problema, e nesse caso, a escolha do mal menor seja Obama em 2012. Nesse ponto, interessa também saber quem irá emergir das primárias republicanas e de que forma ele será encarado pelo eleitorado independente, que irá decidir essas eleições. Mas quem pensava que haveria um período de tréguas neste Verão estava bem enganado.