Este não é o mesmo Mitt Romney que se candidatou em 2008. Não, hoje é o principal favorito a vencer as primárias republicanas e enfrentar Barack Obama nas presidenciais de 2012. E por isso, também será uma campanha bastante diferente da que assistimos há quatro anos atrás. Nesse ciclo eleitoral, Romney tentou ser o candidato de todos: da direita religiosa, dos fiscal conservatives, dos country republicans e dos falcões na política externa. E por isso, mudou de opinião várias vezes: no casamento gay ou no aborto. Tendo estado na política activa no Massachusetts e sendo seu governador durante quatro anos, num dos estados mais à esquerda nos Estados Unidos, Romney adoptou nessa campanha uma postura mais conservadora, em oposição com o seu passado de moderado. Perdeu a direita para Micke Huckabee e o centro para John McCain. Ninguém espere isso de Romney neste ciclo.
O seu caminho será tortuoso, cheio de obstáculos e, ninguém duvide, será o alvo preferencial dos sectores mais conservadores, a começar pelos activistas do tea party. O seu plano de saúde aprovado no Massachusetts, será o seu grande obstáculo. Mas também aqui Mitt já abraçou um novo estilo: em vez de mudar de opinião e pedir desculpa, a exemplo do que sucedeu em 2008, agora defendeu essa posição. No entanto, também a máquina republicana ainda não se sente confortável com ele, e por isso temos visto tanta procura por um novo candidato salvador: Paul Ryan ou Chris Christie têm sido dos nomes mais falados. Mas Romney é o favorito. Tem estatuto, tem uma máquina, e terá muito dinheiro para gastar. Neste momento, não há ninguém no campo republicano com a sua capacidade de angariação de dinheiro. E com os mil milhões de dólares esperados para a campanha de Barack Obama, o dinheiro vai ser muito importante nesta campanha.
Romney será o candidato moderado na corrida a derrotar. Mas tem um caminho evidente para a nomeação: tem de "aguentar-se" bem no primeiro caucus do Iowa (talvez um 3º ou 4º lugar), mas principalmente vencer as decisivas primárias do New Hampshire. Se não vencer aqui, Romney estará feito. Depois, terá de vencer no Nevada (aqui será fácil) e aguentar-se na Carolina do Sul (1º ou 2º). A seguir vem a Florida e depois a Superterça-feira, onde poderá segurar a nomeação, ou pelo menos, ganhar uma larga vantagem para o resto das primárias, a exemplo do que sucedeu com Obama em 2008.
Romney poderá ser um candidato temível para Barack Obama. Com um candidato a VP mais conservador (Marco Rubio ou Nikki Haley, por exemplo) irá criar entusiasmo à direita, podendo atacar pelo centro o Presidente. E com o seu currículo de empresário de sucesso, poderá causar muitas dificuldades a Obama. Se a economia estiver nas ruas da amargura por altura das eleições, Romney terá uma hipótese.
A seguir com atenção esta campanha, e, também os ataques que vai receber da direita. Um exemplo: hoje, no dia do seu anúncio no New Hampshire, Sarah Palin, numa atitude mesquinha, aproveitou o dia para regressar ao estado pela primeira vez desde as eleições presidenciais de 2008, num dos seus eventos da Palinpalooza. Curioso, não?