Newt Gingrich declarou há poucos minutos no Twitter que é candidato à nomeação republicana de 2012. O site oficial também já está online.
Depois de no mês de Março ter declarado intenção que ia entrar na corrida, numa situação bastante confusa, o herói republicano da vitória de 1994 assumiu que desta é para valer. Newt Gingrich é uma figura controversa. Intelectualmente superior, não raras vezes deixa-se envolver em episódios menos condizentes com o estatuto do seu génio político. Capaz de debater os assuntos de uma forma profunda, muitas vezes cai no populismo fácil e radical que infesta a facção mais conservadora da sociedade americana. Líder do partido republicano na segunda metade do GOP, como Speaker da Câmara dos Representantes, liderou a ofensiva dos valores contra Bill Clinton durante o escândalo de Monica Lewinski. Ao mesmo tempo, estava a manter um caso extra-casamento com a actual esposa. Convertido ao catolicismo, Newt vai no seu terceiro casamento. É esta figura divisiva que é, a partir de hoje, candidato oficial às presidenciais de 2012.
Apesar do seu estatuto de estrela mediática, da máquina infernal que montou nos últimos anos, poucos consideram que Newt tem hipóteses de vencer a nomeação. Pelo seu currículo de polémicas, pela incapacidade de manter uma campanha organizada e coerente, e pela aversão que gera em grande parte do eleitorado independente. Além do mais, numa época em que a política é dominada pela novidade e pela juventude, Newt é considerada uma figura do passado. Mas nem por isso posso desclassificar a sua candidatura.
A entrada de Newt Gingrich no panorama significa muito: em primeiro lugar, haverá substância e qualidade no debate destas primárias. Apesar das declarações bombásticas que são usuais em Newt, ele contribuirá com muitos temas para o debate público, e ninguém poderá acusá-lo de falta de ideias. A dificuldade é saber se Newt conseguirá moderar o seu ímpeto populista com as suas qualidades intelectuais. Um Newt que consiga ser a voz de uma nova geração de ideias para o futuro dos Estados Unidos, e que consiga, ao mesmo tempo, ter uma linguagem acessível para a base republicana e para o establishment, será certamente uma voz a ter em conta. Conhecendo o seu passado incongruente, acredito que vá protagonista de alguns dos melhores e dos piores momentos desta campanha. Muito dificilmente vencerá a nomeação, mas deixará uma marca nesta campanha presidencial.