O Governo Federal americano pode encerrar esta sexta-feira. Os últimos dias têm sido pródigos em discussões entre os líderes de ambos os partidos para evitar que o Governo deixe de funcionar. Esta situação não é nova, pois já aconteceu durante o primeiro mandato de Bill Clinton. Mas o que está em causa neste conflito orçamental entre o Partido Republicano e o Partido Democrata?
O anterior Congresso, dominado pelos democratas, não conseguiu aprovar um orçamento para 2011, o que contribuiu para que se chegasse a Março sem dinheiro para manter o Estado Federal em funcionamento. Nas últimas semanas ambas as câmaras do Congresso aprovaram medidas de curto-prazo, permitindo evitar o "government shutdown". Mas tem vindo a diminuir o apoio de vários congressistas e senadores para esta solução, pelo que terá de haver um acordo para impedir essa situação. O que separa os partidos? O Partido Republicano, pressionado pelos membros do Tea Party, tem sido implacável nos cortes, prevendo já este ano o corte em 61 mil milhões de dólares na despesa. O Partido Democrata, pelo seu lado, discorda destes cortes, além que estão contra os alvos principais: entre outros, o financiamento à National Public Radio, programas federais no apoio ao planeamento familiar e a medidas incluídas na ObamaCare aprovada ano passado.
Consequências: várias agências federais ficariam a funcionar com os serviços mínimos e centenas de milhares de funcionários federais seriam mandados para casa, sem pagamento. Esta situação não interessa a ninguém, mas, a exemplo do que sucedeu em 1995, poderiam ser os republicanos a sofrer as consequências. Esta teoria não é consensual, mas é a principal teoria defendida pelos analistas americanos.Estamos perante um jogo de xadrez, onde o principal jogador é o Speaker John Boehner. Por um lado, terá de ceder aos democratas, diminuindo a verba dos cortes. Ninguém pense que obterá os cortes desejados. Mas por outro, tem de conseguir um acordo que não lhe cause dificuldades perante a ala tea party, intransigente ao combate ao défice.
O que poderá acontecer? O dinheiro acaba amanhã, e prevejo que ambos os partidos irão passar no Congresso mais uma resolução que financie o governo durante mais uma semana, e nos próximos dias, cheguem finalmente a um acordo para este ano, que preverá cortes, mas longe dos 61 mil milhões. Os números que se têm falado andam à volta dos 40 mil milhões. Uma nota final. Se é tão complicado cortar 60 mil milhões de dólares agora, como será quando o debate centrar-se nos cortes de biliões que serão necessários de fazer nos próximos anos?