Nas últimas semanas muito se falou na recuperação de Barack Obama nas sondagens. Afinal de contas, os seus níveis de popularidade recuperaram para os 50 por cento, e parece que tinha iniciado uma subida sustentável. Mas as coisas não são assim tão simples. Como a história nos ensina, é complicado fazer prognósticos a médio prazo, e não consideraria assim tão certa a sua reeleição. Como sempre tenho dito, ainda falta saber muitas variáveis para a equação eleitoral de 2012: como estará a economia em 2012? Como estará a taxa de desemprego? E muito importante, quem será o nomeado republicano? Sem conhecermos estes dados, e ninguém os saberá até ao verão de 2012, tudo não passarão de especulações. Temos é de ir olhando para os indicadores que nos dão.
Esta sondagem da Gallup mostra duas coisas importantes: na frente externa, Obama consegue obter números razoáveis, fruto das opiniões dos republicanos e independentes serem relativamente positivas para Obama. Na condução da guerra no Iraque e Afeganistão e na situação do Egipto. Por outro lado, nos assuntos internos de maior relevo, nomeadamente na economia, no défice e na saúde, as coisas não estão tão positivas. E, como quase sempre sucede, serão os assuntos de política interna a decidir as eleições. Será aqui que as atenções se devem concentrar até 2012. A menos que aconteça um verdadeiro desastre ou uma vitória na frente externa*.
* Por vezes acontecimentos extraordinários podem mudar uma eleição eleitoral. O exemplo do caso dos reféns de Teerão de 1979. Apesar de Carter ter lidado mal com a queda do Xá e ascensão ao poder dos Ayatollahs, no inicio da crise, a popularidade de Carter atingiu níveis elevados, com taxas de aprovação acima dos 60 por cento. Um ano antes, esta andava pela casa dos 20 por cento. Mas com o arrastar dos acontecimentos, e com a degradação da situação dos reféns, Carter foi perdendo novamente popularidade até ser derrotado por Ronald Reagan em 1980. Se a crise dos reféns tivesse rebentado pouco antes das eleições presidenciais, Carter poderia ter sido reeleito, apesar da péssima situação económica e dos reféns em Teerão. Como a crise demorou a resolver-se, a situação nada ajudou Carter.