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Fev 11
publicado por Nuno Gouveia, às 17:25link do post | comentar

A Administração Obama, num momento de fragilidade, foi apanhada de surpresa pelos acontecimentos no Egipto. Só assim se pode compreender as declarações dos primeiros dias das manifestações, com Hillary Clinton a considerar o Egipto estável e Joe Biden a dizer que não se podia chamar a Hosni Mubarak um ditador. Mas é verdade que soube corrigir o tiro inicial, a partir do momento em que Barack Obama se pronunciou pela primeira vez sobre o assunto. Por muita retórica que possa existir, acredito que o tom de Washington sobre o Egipto não seria diferente com outro Presidente. Mas nem por isso o futuro do Egipto deixa de estar relacionado com a forma como Obama será avaliado pelos americanos em 2012.

 

Há duas componentes da diplomacia americana: o que se diz publicamente e o que se faz nos bastidores. Até ao momento, parece evidente que os Estados Unidos olham já para o futuro do Egipto pós-Mubarak. Se por um lado, os americanos colocam-se ao lado das forças democráticas que se manifestam nas ruas do Cairo, por outro, nos bastidores, as acções perante o exército egípcio que estarão a ser conduzidas têm dois objectivos claros: facilitar uma transição pacífica sem um banho de sangue, e por outro, criar as condições necessárias para impedir que a Irmandade Islâmica assuma os destinos da revolução. Dificilmente os Estados Unidos terão num futuro governo um aliado tão seguro como o actual regime. Isso é passado. No entanto, as excelentes relações que têm com o exército podem produzir frutos. É pouco credível que uma organização que defende a introdução da Sharia, a perseguição aos cristãos e às mulheres e que pretende rasgar o acordo de paz com Israel, possa ser aceitável para o Estados Unidos. Isso seria cometer o mesmo erro de 1979, quando muitos acreditaram que os islâmicos de Khomeini poderiam ser uma força aceitável dentro do jogo democrático. E é neste tabuleiro perigoso que os americanos jogam. Se o Egipto cair nas mãos de extremistas islâmicos, Obama ficará numa posição muito frágil. No Verão de 2012, quando a campanha de reeleição estiver no auge, a situação do Egipto não deixará influenciar a ordem do dia. E é nisso que Obama também deve estar a equacionar.



A Irmandade Muçulmana defende a perseguição ao cristãos? Pelo menos em termos de opiniões expressas (que, claro, podem não coincidir com as pensadas) creio que não.

http://www.digitaljournal.com/article/299783
Miguel Madeira a 4 de Fevereiro de 2011 às 19:33

Tenho lido que existe um receio generalizado que os cristãos coptas ficarão em grande perigo se a Irmandade Muçulmana chegar ao poder. Mais ainda do que nos últimos anos. Até tenho lido que a comunidade copta, não sei se é verdade, tem alinhado por Mubarak por estes dias. Por outro lado, quem será que está por trás dos ataques à comunidade copta no Egipto? Certamente não serão as oposições democráticas ou até as facções ligadas ao regime de Mubarak.

A respeito da comunidade copta, efectivamente o papa dos coptas está ao lado de Mubarak, mas muitos deles estão nas manifestações anti-Mubarak (até costumam rodear as manifestações quando os manifestantes muçulmanos se prostam a rezar); o mufti também está ao lado de Mubarak - será que podemos dizer que "os muçulmanos apoiam Mubarak" a partir disso?

A respeito dos ataque à comunidade copta, há uns anos atrás costumavam ser organizados (ou pelo menos incentivados) pela "Gama'a al-Islamiyya".

Miguel Madeira a 4 de Fevereiro de 2011 às 22:56

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