A longa carreira política de Joe Lieberman está a chegar ao fim. Segundo fontes democratas, o senador não vai recandidatar-se em 2012, o que não surpreenderá ninguém. Senador desde 1988, Lieberman assumiu grande protagonismo na vida política nos últimos anos. Primeiro, em 2000, ao candidatar-se a Vice Presidente no ticket de Al Gore. Quatro anos depois, ele próprio tentou a nomeação democrata, mas sem grande sucesso. A sua visão pró-guerra do Iraque valeu-lhe uma derrota nas primárias de 2006, mas Lieberman não desistiu e foi reeleito senador como Independente. Em 2008, num passo surpreendente, e talvez (não tenho a certeza disto) inédito para um antigo candidato a VP, apoiou o republicano e amigo de longa data John McCain para Presidente. Discursou na Convenção Republicana, foi muito bem recebido e chegou a ser apontado como o preferido para VP de McCain. Nos bastidores comentou-se que só não foi a escolha final porque a base conservadora ameaçou transformar a Convenção num inferno, o que fez com que McCain se virasse para Tim Pawlenty e finalmente para Sarah Palin.
Lieberman é actualmente uma das vozes moderadas do caucus democrata no Senado, apesar do seu estatuto de independente. Nunca se passou para os republicanos, apesar das grandes divergências com os seus colegas democratas. A grande amizade com Harry Reid, que sempre o protegeu nestes últimos anos, manteve-o no mesmo lado. As suas perspectivas para 2012 seriam sempre difíceis. Se avançasse como Independente, desta vez era provável que tivesse uma oposição séria de um republicano, o que não aconteceu em 2006. A hipótese de vencer uma primária, republicana ou democrata, neste momento era meramente académica. Portanto, com o cenário de reeleição bastante reduzido, Lieberman optou pela retirada. Uma longa carreira que, indiscutivelmente, teve os seus méritos e deixou uma marca bem vincada na vida política americana.