25
Out 12
publicado por Nuno Gouveia, às 16:16link do post | comentar | ver comentários (8)

 

O último debate sobre política externa demonstrou o papel quase liliputiano que a Europa representa hoje para os Estados Unidos. Sim, a Europa continua a ser um parceiro comercial e um aliado, mas nunca como nesta campanha os assuntos europeus estiveram tão ausentes. Outrora considerada a região do globo prioritária para os interesses americanos, neste debate nem uma discussão sobre o velho continente, onde até está o seu grande parceiro e aliado no Afeganistão, a Inglaterra. Apesar da crise que afecta grande parte dos países da União Europeia, a única referência veio de Mitt Romney, utilizando a Grécia como um exemplo a não seguir. Isto seria impensável ainda há poucos anos atrás, pois o reforço dos laços com a Europa sempre esteve entre as prioridades americanas. Mas o mundo mudou, e com isso, a Europa perdeu.

 

Não sou especialista em relações internacionais, mas parece-me que a total sua ausência nesta campanha é preocupante. Vários investigadores europeus, incluindo o Henrique Raposo que explicou muito bem o fenómeno no seu livro “Um mundo sem europeus”, têm vindo a destacar o continuado declínio do poder europeu, em contraste com a ascensão da Ásia e de outras potências emergentes. O actual caos que se vive em alguns países do sul, acrescido da falta de liderança nas instituições europeias, tem vindo a acelerar rapidamente este declínio, que nos coloca à margem dos grandes palcos internacionais. Seria bom que a discussão sobre o enfraquecimento europeu começasse a sair da academia e do mundo dos jornais, e entrasse dentro dos gabinetes dos políticos. Para o melhor ou pior, Tony Blair foi o último dirigente europeu que teve verdadeira influência em Washington. De resto, todos os outros são ou foram totalmente irrelevantes para quem está na Casa Branca. E isto passou-se com Obama, mas não tenhamos dúvidas que acontecerá o mesmo com outro qualquer ocupante da Casa Branca, seja ele republicano ou democrata. Estaremos, nós Europa, condenados à insignificância?


24
Mai 11
publicado por Nuno Gouveia, às 15:58link do post | comentar

 

Barack Obama está a realizar uma visita à Europa, que inclui passagens pela Irlanda, Inglaterra, França e Polónia. Começou na Irlanda, onde esteve durante o fim de semana para "reencontrar" as suas raízes ancestrais (a família da mãe é de origem irlandesa)  e neste momento encontra-se na Inglaterra, onde tem encontros marcados com David Cameron e a rainha Isabel II.

 

A eleição de Obama em 2008 foi considerada pela generalidade dos analistas europeus como uma lufada de ar fresco para as relações transatlânticas, depois das desconfianças e desacordos com a Administração Bush. Mas esse cenário não se concretizou e esta visita surge num momento em que a relação entre os Estados Unidos e a Europa já conheceu melhores dias. Obama tem centrado a sua actuação numa visão do mundo pós transatlântica, sendo cada vez menos centrada na Europa. Normal, acrescento eu, pois o mundo de 2011 não é o mesmo de 2001, cuja centralidade se deslocou do Atlântico para outras regiões do planeta (ler, por exemplo, Um Mundo sem Europeus, de Henrique Raposo). As Administrações americanas apenas ainda não tinham "acordado" para esta realidade, pois a sombra da guerra fria ainda dominava a atenção da diplomacia americana. Nos últimos anos Bush, já assistimos a um desvio de atenções, nomeadamente com o aprofundamento das relações com a India, mas Obama é verdadeiramente o primeiro presidente a encarar a Europa como apenas mais uma zona de interesse para o seu país. 

 

No entanto, os dois blocos continuam a ter muitos interesses em conjunto, nomeadamente a guerra do Afeganistão, a intervenção na Líbia ou o processo de paz no Médio Oriente. Um dos assuntos que não deixará de ser abordado entre os líderes europeus e Obama é o voto que está previsto acontecer em Setembro na ONU em relação à declaração unilateral da Palestina em tornar-se um estado independente. Os Estados Unidos já avisaram que vão vetar a resolução, mas precisam de obter o apoio de alguns dos congéneres europeus, nomeadamente da Inglaterra e da França, para impedir o isolamento internacional de Israel. Já agora, também gostava de saber a posição portuguesa em relação a este voto. Outro dos assuntos que será discutido será a substituição de Dominique Straus-Khan no FMI, tema este que deverá ser decidido na cimeira do G-8, que se realizará em França. Obama irá terminar este périplo na Polónia, onde tentará afastar os fantasmas que surgiram desde a sua eleição, com as cedências da Casa Branca à Rússia, nomeadamente em relação ao escudo anti-míssil que seria instalado na Polónia e Republica Checa. O leste europeu tem sido um fiel aliado dos Estados Unidos desde o fim da URSS, e Obama pretenderá que assim continue. 

 

 


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