16
Dez 15
publicado por Nuno Gouveia, às 00:18link do post | comentar

 

William F. Buckley estaria horrorizado a assistir a esta campanha republicana. O intelectual que ajudou a "limpar" o movimento conservador americano da extrema-direita, colocando movimentos como a John Birch Society fora do âmbito de influência do Partido Republicano, ficaria, certamente, decepcionado. Não digo que Donald Trump vá ganhar. Continuo a acreditar que até nem deve ganhar uma só eleição. Mas temos assistido a coisas impensáveis ainda há poucos anos.

 

Quem acompanha a política norte-americana, e principalmente as primárias, saberá que normalmente aparecem candidatos "extremistas" que por vezes até surgem à frente nas sondagens. Mas, mal começam a ser conhecidos, ou a dizer barbaridades, desaparecem. Em 2012 tivemos o caso de Michelle Bachmann, por exemplo. Mas não este ano. Trump tem proferido mil e uma declarações que o desqualificam como candidato a Presidente dos Estados Unidos. Ideias racistas, misóginas ou simplesmente patetas, que derrubariam qualquer outro candidato. Se é verdade que há um grande descontentamento entre a base republicana com os líderes do partido, não é menos verdade que Trump é um demagogo que nem sequer representa o conservadorismo que essa base desafecta apregoa.

 

Por outro lado, o verdadeiro perigo de Trump é que as suas ideias têm trazido para o mainstream político aquelas correntes que Buckley afastou do GOP. Movimentos ligados aos White Supremacists têm elogiado abertamente Trump e o próprio foi entrevistado por Alex Jones, um conspiracionista muito popular entre os meios extremistas. Ontem, num comício, um apoiante gritou "sieg heil" e vários manifestantes têm sido agredidos por apoiantes de Trump, a lembrar tempos de má memória. Trump usa a retórica do ódio e do medo, assemelhando-se a um qualquer político da extrema-direita clássica. Um candidato que quer expulsar 12 milhões de ilegais, que diz que vai construir um muro em toda a fronteira com o México (e que vai colocar este a pagar) e que quer barrar a entrada nos Estados Unidos de todos os muçulmanos, incluindo cidadãos americanos que se tenham ausentado do país, não deveria ser levado a sério. Mas os seus 30% nas sondagens nacionais (que não são muito relevantes nesta fase), a sua liderança confortável no New Hamsphire e o empate com Ted Cruz no Iowa, indiciam o contrário. Neste momento, uma fatia considerável do eleitorado republicano a pensar em votar nele. E isso é uma desgraça.

 

A campanha mais parecida que há memória foi a do candidato segregacionista, o democrata George Wallace, que em 1968 se candidatou como independente, vencendo em cinco estados do Sul. Mesmo que campanha termine como é mais expectável (ou seja, com uma corrida entre Ted Cruz e Marco Rubio ou até Chris Christie, que parece renascer no New Hampshire), o Partido Republicano vai precisar de atacar as razões que permitiram a Trump granjear de algum apoio depois das barbaridades que tem dito. Caso contrário, um dia cairão mesmo nas mãos de um demagogo de extrema-direita.

 

(Post escrito antes do debate desta noite)


12
Dez 15
publicado por Nuno Gouveia, às 16:06link do post | comentar

Entrevista ao Francisco Castelo Branco sobre as primárias republicanas.


05
Dez 15
publicado por Nuno Gouveia, às 16:06link do post | comentar

Esta semana foram publicadas duas sondagens nacionais entre Hillary Clinton e os seus potenciais opositores republicanos. Se é verdade que neste momento não devemos ligar muito a estas sondagens, principalmente porque do lado republicano a indefinição ainda é grande, estes números não são muito animadores para a antiga Secretária de Estado. Por um lado, a animosidade do lado republicano faz com que os eleitores do seu partido ainda não se tenham colocado atrás de um só candidato. Por outro, Hillary já é a quase certa nomeada democrata (digo quase, porque Bernie ainda tem uma remota hipótese e escreverei em breve sobre isso), e o seu eleitorado já estará todo alinhado atrás dela. O que esta sondagem da CNN e a da Quinnipiac nos dizem é que, no momento, os dois republicanos com melhores hipóteses são Marco Rubio e, algo surpreendente, Ben Carson. Mas o mais interessante de ambas as sondagens são os indices de favorabilidade dos candidatos da Quinnipiac. Donald Trump é, de longe, o candidato mais impopular, com 35% de opiniões favoráveis contra 57% de desfavoráveis. Segue-se Clinton com 44-51, e já em terreno positivo, Carson com 40-33 e Rubio com 37-28. Ted Cruz fica-se pelos 33-33. Estes números dizem-nos que se a esmagadora maioria dos americanos já têm uma opinião sobre Clinton e Trump (e ela não é positiva, sobretudo em relação ao republicano), Rubio, Carson e Cruz precisam ainda de maior notoriedade, o que quer dizer que as opiniões sobre os três ainda não estão consolidadas. 

Estas sondagens corroboram a minha tese que Rubio é o melhor candidato republicano  e que Trump, apesar de liderar a corrida republicana, terá muitas dificuldades em ser eleito. É que os americanos conhecem-no bem, e a maioria não gosta dele. Os republicanos tradicioais até podem estar dispostos a votar nele nas eleições gerais, mas penso que Hillary Clinton, apesar de também estar em terreno negativo, facilmente exporia as óbvias fraquezas de Trump. E eles sabem disso


03
Dez 15
publicado por Nuno Gouveia, às 22:54link do post | comentar

Podem consultar na newsletter diária do Paulo Querido, Hoje, um trabalho feito pelo Francisco Castelo Branco, onde respondi a algumas perguntas. 


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