29
Mar 13
publicado por Nuno Gouveia, às 16:51link do post | comentar | ver comentários (7)

 

O governador de New Jersey perdeu popularidade entre o movimento conservador americano após a sua actuação no pós furacão Sandy. Nos últimos meses o seu nome desapareceu do radar conservador, não tendo sido inclusive convidado para a CPAC deste ano. Mas ninguém pense que desapareceram as suas possibilidades para 2016. Ele vai ter a reeleição em Novembro deste ano, e é aí que as suas atenções estão concentradas. As sondagens atribuem-lhe uma vitória esmagadora contra a sua opositora democrata. O que poderá querer dizer isto para 2016?

 

Christie é neste momento um político extremamente popular num estado profundamente democrata. Se garantir a reeleição com facilidade, será normal que as suas atenções redireccionem-se para a arena nacional. Até Novembro poucas ou nenhumas intenções dará sobre as suas ambições presidenciais, mas após isso, poderá começar a construir uma possível campanha para as primárias republicanas. Christie é um moderado com um profundo apelo no eleitorado independente e até democrata, e até há bem pouco tempo, nos conservadores. Isso faz dele um candidato de sonho para o Partido Republicano. Mas, já encontramos outros candidatos do género que chegaram às primárias e desfizeram-se. Lembram-se de Rudy Giuliani? O que Christie precisará de fazer para ter hipóteses de vencer a nomeação? Se for o candidato moderado, como foi Jon Huntsman em 2012 ou o próprio Giuliani em 2008, terá poucas hipóteses. Mas se conseguir apresentar-se no estilo de Mitt Romney ou John McCain, procurando apoios entre as diversas facções do partido mais relevantes, como os moderados, os fiscal conservatives, os tea partiers e a direita religiosa, aí sim, poderá ser um candidato fortíssimo. Porque o nomeado tem sido alguém que consegue reunir apoios de todo o lado, mesmo que em alguns sectores tenha dificuldades de penetração, e, acima de tudo, ter apoio de uma parte importante do establishment. Os republicanos vão chegar a 2016 desesperados por uma vitória e não acredito que escolham alguém inviável para as eleições nacionais. Esse é o meu cepticismo para as possibilidades de um dos nomes do momento: Rand Paul. Pelo contrário, Marco Rubio, que tem as mesmas raízes de Paul, tem muitas mais possibilidades de sucesso, porque não se tem confinado à direita mais conservadora, pois tem angariado aliados em diversos sectores do partido. 


20
Mar 13
publicado por Nuno Gouveia, às 16:23link do post | comentar | ver comentários (5)

 

À chegada a Israel, Obama não poderia ser mais claro no seu apoio a Israel, tendo afirmado que aliança entre os dois países é eterna. O consenso sobre Israel nos Estados Unidos chega a ser caricato: na última campanha presidencial americana ambos os candidatos se digladiavam para mostrar quem era mais amigo de Israel. Esta semana foi divulgada uma sondagem nos Estados Unidos sobre quem teria "razão" no conflito Israelo-Palestiniano. Os resultados foram claros: 55% Israel, 5% os palestinianos e o resto ambos. Enquanto esta super maioria em favor de Israel se mantiver, nenhum político americano arriscará mudar o que quer que seja na relação entre os dois países.

 

Esta é a primeira visita oficial de Obama a Israel, o que lhe valeu críticas por não ter visitado durante o seu primeiro mandato, mesmo que George W. Bush também não o tenha feito no primeiro mandato. Aliás, tanto Ronald Reagan como George H. Bush nunca o fizeram enquanto estiveram na Casa Branca. Mas, de facto, durante o primeiro mandato, Obama teve alguns atritos com Benjamin Netanyahu e esta viagem destina-se sobretudo a reforçar os laços entre os dois dirigentes, agora que foram reforçados nas urnas. Não é esperado que Obama proponha algo de inovador nem que apresente qualquer proposta significativa para avançar o processo de paz com os palestinianos. Desde o fracasso de Bill Clinton, os presidentes americanos têm mantido uma distância assinalável deste processo, e não é de esperar que Obama inverta a situação nesta visita. A Síria, a Primavera Árabe e sobretudo o Irão deverão estar na agenda desta visita. Por outro lado, Obama vai também encontrar-se com os líderes palestinianos, sobretudo para reforçar a posição americana que o único representante legítimo é a liderança de Mahmoud Abbas. Portanto, o que vai fazer Obama nesta primeira viagem internacional do seu segundo mandato? Ouvir, marcar uma posição e pouco mais. Tudo mais do que isto será uma surpresa para os analistas internacionais. 


18
Mar 13
publicado por Nuno Gouveia, às 23:16link do post | comentar

 

A Fox News é genericamente apontada como o canal por excelência ideológico do panorama mediático americano. E talvez o seja, até porque é líder de audiências há imensos anos, e é, de longe, o canal de notícias com mais lucrativo nos Estados Unidos. Mas será o canal mais partidário do espectro televisivo americano? Da fama não se livra, e é inegável que possui um pendor conservador, cujo fundador, Roger Ailes, nunca escondeu. Aliás, a Fox News é uma máquina de fazer dinheiro mas é, também, um projecto político.

 


Segundo um estudo da Pew Research Center divulgado hoje, a MSNBC é, de longe, a televisão mais opinativa, com cerca de 85% do tempo destinado a opinião (pró-Obama), enquanto a Fox News apresenta uma ligeira maioria para os programas de opinião, enquanto a CNN é a única das três estações a apresentar mais cobertura noticiosa, naquilo que a Pew denomina de "Factual Reporting". A MSNBC sempre teve o pendor "liberal", mas nos últimos anos a estação acantonou-se em redor da Administração Obama e desde então tem funcionado um pouco como o braço armado do Partido Democrata nos media. Pelo seu lado, a Fox News, apesar de manter o prime-time ocupado por dois conservadores proeminentes, Bill O'Reilly e Sean Hannity, tem vindo um esforço por apostar no seu lado noticioso, nomeadamente com os reconhecidos Shepard Smith, Chris Wallace e Bret Baier, a MSNBC tem caminhado no sentido inverso. No entanto, os resultados são positivos para a MSNBC, pois ultrapassou nos últimos anos a CNN, apresentando o melhores resultados de sempre.

 

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17
Mar 13
publicado por Nuno Gouveia, às 23:31link do post | comentar | ver comentários (3)

 

A Conservative Political Action Conference (CPAC) é tradicionalmente (pelo menos nos últimos anos) um palco onde brilham mais políticos mais conservadores do Partido Republicano. Esta conferência, que se realizou neste último fim de semana, é palco para os activistas mais empenhados do partido. Desta vez não foi excepção, e Rand Paul e Marco Rubio foram as grandes estrelas da convenção, perspectivando desde já um duelo para 2016. Chris Christie não foi convidado (e ele até agradecerá, pois tem a batalha da reeleição para vencer este ano no democrata New Jersey), Paul Ryan teve uma passagem bastante discreta, provando que a sua candidatura a Vice Presidente terá prejudicado o seu status nos corações conservadores, e Jeb Bush, que tem sido um dos possíveis nomes para 2016, teve uma reacção fria. O mais discreto governador do Wisconsin, Scott Walker, também teve uma boa recepção, tendo até afirmado publicamente que estará disponível para uma candidatura em 2016. Bobby Jindal, governador da Lousiana, teve uma passagem discreta pela CPAC e está longe do fulgor que lhe anteviam em 2009. O que quer dizer este primeiro parágrafo: os republicanos terão, de certeza absoluta, um leque de candidatos com muito mais qualidade do que em 2012 e mesmo em 2008. Este leque de políticos garante por si um debate de qualidade para 2016, sendo para mim certo que estarão aqui os principais candidatos à nomeação em 2016. 

 

Há também uma luta pela direcção do partido, onde Rand Paul e Marco Rubio, dois políticos eleitos com apoio do Tea Party na vaga de 2010, se destacaram. Paul é o herdeiro (político) da facção libertária do seu pai Ron Paul, onde se destaca um discurso mais agressivo em relação ao papel do estado na sociedade, sendo que no campo das liberdades civis e sociais, se aproximará mais da esquerda americana. Também na frente externa há mais divisões, com Rubio a defender uma via mais em consonância com o legado republicano dos últimos 30 anos, mais intervencionista, e, se quisermos, próximo dos neoconservadores. Por outro lado, temos uma facção mais moderada, representada em Jeb Bush e talvez Chris Christie, que possui um discurso mais inclusivo em relação às minorias (onde é acompanhado por Rubio) e representa o conservadorismo mais tradicional, na linha de George W. Bush, John McCain, Bob Dole ou Ronald Reagan. A força de Rubio é que poderá granjear apoios em quase todas as facções do GOP. Rand Paul venceu a Straw Poll, mas isso quer dizer muito pouco. O seu pai também a venceu várias vezes e nem por isso chegou a ser um candidato sério à nomeação. Rand é um político de uma estirpe diferente e poderá ser um osso duro de roer. Mas os principais candidato para 2016, para mim, continuam a ser três: Marco Rubio, o favorito a esta distância, Paul Ryan, pela capacidade de reunir apoios entre as elites republicanas e Chris Christie, que tem andado arredado das hostes conservadores, mas que deverá estar de volta após garantir a reeleição em Novembro deste ano. Mas diria que pela primeira vez talvez desde 1964, não haverá nenhum candidato claramente favorito no Partido Republicano. E diria mais: se Hillary Clinton não for candidata, o mesmo acontecerá no Partido Democrata. Umas eleições e campanha que promete. 


13
Mar 13
publicado por Nuno Gouveia, às 10:43link do post | comentar

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09
Mar 13
publicado por Nuno Gouveia, às 13:06link do post | comentar | ver comentários (2)

 

Esta semana foi noticia um pouco por todo o mundo, e Portugal não foi excepção, o filibuster de Rand Paul no Senado à nomeação de John Brennan para liderar a CIA. Confesso que nem concordo com a posição de Paul, mas esta colocou em evidência toda a hipocrisia que reina em Washington, onde salvaram-se, além do próprio Paul, alguns republicanos como John McCain e Lindsay Graham, democratas como Ron Wyden e algumas vozes da esquerda americana. Recorde-se: Paul insurgiu-se contra Brennan por este ter sido o responsável pelo sistema de eliminação de terroristas através de Drones, e pelo facto da Administração ter dado a entender que Obama tinha a autoridade para mandar assassinar cidadãos americanos em solo nacional. Não tenhamos dúvidas: a esmagadora maioria dos democratas, incluindo o próprio Presidente Obama, estaria ao lado de Rand Paul se o presidente ainda se chamasse George W. Bush. Isto para não falar do barulho estridente que se ouviria por parte dos media, das organizações americanas “liberais” e da comunidade internacional, incluindo em Portugal. Por outro lado, os republicanos que agora apoiaram, timidamente ou não, Rand Paul, estariam a defender o programa de Drones se o presidente fosse um dos deles. Por isso, o meu aplauso para Rand Paul, que quase de certeza faria o mesmo em qualquer circunstância, e também para John McCain e Lindsay Graham, que não tiveram problemas em defender o Presidente no Senado, mantendo uma coerência que é rara nos dias de hoje. 

 

Em relação ao programa de Drones e à possível eliminação de cidadãos americanos em solo nacional, parece-me que Rand Paul exagerou nos termos em que colocou a situação. Mas este é um debate que a sociedade americana deveria ter, pois é uma questão fundamental sobre o futuro dos Estados Unidos: deverá o Presidente ter a autoridade para eliminar cidadãos sem julgamento? Em que circunstâncias isso pode acontecer? Hoje falamos de terrorismo, mas no futuro poderá ser outro motivo qualquer. E, não esqueçamos, outros países irão ter a mesma capacidade para eliminar alvos deste modo.

 

O filibuster é uma das maravilhas da democracia americana e já não se via um deste género há imenso tempo. Mr Rand Paul went to Washington e agora cuidado com ele em 2016. Não penso que terá força política para vencer a nomeação, mas três anos é muito tempo, e não se sabe para que direcção vai evoluir o Partido Republicano e a sociedade americana, e estas posições são extremamente populares entre os mais jovens. Uma coisa é certa: ninguém pense que Rand Paul irá ter o papel menor que o pai teve nas duas últimas primárias. 


03
Mar 13
publicado por Nuno Gouveia, às 18:32link do post | comentar

 

No inicio de Março entraram em vigor cortes efectivos na despesa federal, incluindo na defesa, que irão contabilizar 1,2, mil bilhões de dólares na próxima década. Em 2011, no acordo bipartidário que permitiu aumentar o limite do endividamento federal, estava incluída uma cláusula que dizia que se o Congresso não aprovasse um orçamento até ao final de Fevereiro, estes cortes entrariam em vigor em Março. Como aconteceu. Obama e os republicanos não se entenderam onde cortar esta soma, pelo que os cortes são automáticos. Obama voltou a pedir aos republicanos para aumentar impostos, para fazer com que que os cortes fossem menores, mas não conseguiu formalizar nenhum acordo.

 

Desde que foi reeleito, Barack Obama tem agido como se o sistema político americano de repente tivesse sido reinventado. Já não seria preciso negociar com os adversários, e bastariam apenas golpes de mágica para obter tudo o que desejaria. Com um Partido Republicano em grave crise após a derrota de Novembro, e com as sondagens favoráveis, Obama tem actuado de forma arrogante e pouco capaz de gerar consensos. Obviamente do outro lado encontram-se republicanos também eles pouco dispostos a cederem. Mas na verdade, nos últimos tempos permitiram o aumento de impostos para os mais ricos e o aumento do limite do endividamento sem cortes nenhuns, situações que sempre tinham negado no passado. Como um dos sectores mais afectados pelos cortes é precisamente o Departamento de Defesa, Obama contou que isso faria com que os republicanos cedessem. Obama apostou que os republicanos iriam novamente ceder, mas parece que a fragilidade dos republicanos tem limites. As negociações entre os dois lados continuam, e há quem pense que neste caso será Obama a ceder, ou seja, a negociar um pacote de cortes na despesa sem novos aumentos de impostos. O que este caso demonstra é que a política e os jogos de bastidores irão continuar a dominar Washington, e que Obama não terá sempre tudo o que desejar do Congresso. Se é que alguém ainda tivesse dúvidas disso. Fica a lição para futuras batalhas legislativas. 


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