31
Ago 10
publicado por Nuno Gouveia, às 22:27link do post | comentar

Barack Obama discursa hoje em directo da Sala Oval às 20h00 (locais) sobre a retirada das forças militares do Iraque. Um momento marcante da sua presidência.


29
Ago 10
publicado por Nuno Gouveia, às 23:13link do post | comentar

 

O dia de ontem foi marcado pelo "Restoring Honor" de Glenn Beck no Lincoln Memorial em Washington. Entre 500 mil e um milhão de pessoas, os números variaram conforme o meio de comunicação, mas pelas imagens que vi não há dúvida que foi um grande momento do Tea Party e do apresentador da Fox News. Isto voltou a colocar o movimento conservador nos escaparates dos jornais americanos e mundiais. E também Glenn Beck, o mórmon e popular apresentador da Fox News. Sendo uma máquina de fazer dinheiro, Beck tem caminhado nos últimos tempos numa outra direcção, colocando-se na linha da frente do movimento conservador. Várias vezes ele tem dito que não tem interesse na política partidária e que descarta qualquer candidatura, até porque, como ele diz, há gente bem melhor e mais capaz para ocupar os cargos públicos. Eu acho que tem toda a razão. Mas, e como provou o encontro de ontem em Washington, a sua capacidade de mobilização é fantástica, e será uma voz importante no futuro, se o desejar.  Até ao momento não se meteu em nenhuma corrida eleitoral deste ano, mas, vejo-o, por exemplo, a imiscuir-se na corrida presidencial de 2012, com consequências imprevistas. E não me parece que essa influência possa ser muito positiva para o GOP, ao ter em Beck um possível king maker. Mas é uma personalidade cujo percurso se deve acompanhar de muito perto.

 

E em ano eleitoral, o Tea Party vai ser fundamental para muitos desfechos, como já tem sucedido em várias primárias do Partido Republicano. Uma força que vai levar muitos congressistas e senadores até Washington. Mas, e como já fui dizendo por aqui, também tem/terá efeitos perversos para o GOP. A primeira consequência deste entusiasmo é encostar, em certos estados, o partido à direita. E se em alguns estados isso não acarretará grandes consequências, como no Utah ou Alaska, noutros poderá significar derrotas. A poucos meses de entrar nas primárias presidenciais, isso poderá transformar o processo de escolha republicano num concurso de quem é o mais conservador. Tudo poderá depender dos resultados de estados como no Kentucky, Nevada ou Colorado. Numa eleição em que o Presidente recandidato poderá estar vulnerável, isso pode prejudicar as suas hipóteses de vitória. A menos que surja um novo Ronald Reagan, que em 1980 derrotou Jimmy Carter pela direita, se o candidato republicano tomar posições demasiado à direita durante as primárias, dificilmente Obama será derrotado. Ou tornará tudo mais complicado. Há alguns potenciais candidatos que praticamente são inelegíveis, mas o que acontecerá se um destes for o nomeado?

 

Mas há uma coisa que muita gente não percebe sobre o Tea Party: algumas das posições que movimento defende são perfeitamente mainstream nos Estados Unidos. Há hoje um grande consenso na sociedade americana que o big government não serve os interesses do país e que é preciso regressar ao small government e ao fiscal conservatism. Muitos candidatos democratas de distritos conservadores estão a concorrer numa plataforma política assente nessa ideia, e alguns deles, estão mesmo a fazer campanha contra Obama/Pelosi/Reid. A América é maioritariamente um país de centro-direita, e Obama parece não perceber isso. Não é um socialista (um dos radicalismos do Tea Party é precisamente demonizar o adversário, e isso em política nunca é sensato nem sequer positivo) e talvez nem sequer um social-democrata à europeia. Mas tem governado demasiado à esquerda para a realidade social americana. Se Obama não tivesse avançado com a sua agenda reformista "liberal" e tivesse procurado governar ao centro, como prometeu durante a campanha, talvez este tea party nunca tivesse existido. O plano de estímulos, o défice federal e a reforma da saúde tornaram inevitável um movimento deste género. Glenn Beck não nasceu com Obama. Mas sem ele nunca se teria transformado nesta figura simbólica da América actual. Para o bem ou para o mal, Beck é uma criação de Barack Obama. Tal como o Tea Party.


26
Ago 10
publicado por Nuno Gouveia, às 22:55link do post | comentar | ver comentários (5)

Os democratas iniciaram o Verão ansiando por uma recuperação económica que os levasse a conter danos para as eleições de Novembro. Barack Obama em Junho lançou o mote que este iria ser um "Recovery Summer" para a economia americana. Mas a poucas semanas do fim do Verão, as notícias continuam a ser negativas para os Estados Unidos. O que tem levado vários republicanos a "cair" em cima da Admnistração. Ainda esta semana o líder da minoria, John Boehner, pediu a demissão de toda a equipa económica da Casa Branca, dado o "falhanço das políticas económicas do governo". Os democratas continuam a defender que se não tivessem actuado a situação seria bem pior, mas estão longe de convencer os americanos. E o que poderá aconter a 3 de Novembro?


Em primeiro lugar são cada vez mais os analistas independentes a defender que os republicanos podem mesmo assumir a maioria nas duas câmaras do Congresso. Os sinais que recebemos das várias primárias indicam isso mesmo: ainda esta semana na Florida votaram mais republicanos que democratas em eleições disputadas, o que não é nada normal. O número de eleitores democratas nas primárias costuma ser mais elevado, mas este ano, pela primeira vez em muitos ciclos eleitorais, têm sido mais os republicanos a participarem nas primárias. O que é indicador seguro, maior até que as sondagens, que o eleitorado republicano está mais motivado para ir às urnas este ano. Além disso, várias sondagens mostram que os republicanos têm vindo a ganhar terreno em estados cruciais no senado nas últimas semanas. A Florida, o Colorado e o Ohio, por exemplo, mostram que os candidatos republicanos estão a subir. Para conquistar a maioria no Senado, os republicanos teriam de vencer 7 da 8 eleições que neste momento são considerados Toss Ups pelo Real Clear Politics. Mas ainda há bem pouco tempo eram 11 as corridas nesse estado, e três delas passaram para o lado republicano nas últimas semanas. Na Câmara dos Representantes a situação é bem mais complicada para os democratas. Os republicanos têm mesmo sérias hipoteses de conquistar a maioria. Há duas semanas o Real Clear Politics atribuia mais lugares prováveis aos democratas que republicanos, mas conforme vão sendo publicadas sondagens, as corridas têm-se deslocado favoravelmente para a coluna vermelha. Ninguém do lado democrata  quererá admitir a possibilidade de perderem o controlo do Congresso, mas têm surgido várias notícias que apontam neste sentido. Ainda hoje o Politico publicou uma peça com vários democratas, a coberto do anonimato, a explicar o seu pessismo.


Olhando para o cenário parece-me evidente que os democratas estão mesmo em risco de sofrerem uma hecatombe histórica. Mas há alguns aspectos que os podem ajudar, e não consider que já estejam derrotados. Em primeiro lugar, a escolha de alguns candidatos republicanos, considerados demasiados afastados do mainstream político. Harry Reid, que com um adversário normal estaria já derrotado, ainda luta pela sobrevivência no Nevada, devido à nomeação de Sharron Angle. Além que não podemos nos esquecer da máquina democrata. Em 2006 os republicanos evitaram uma derrota ainda maior devido aos esforços do GOP liderados por W. Bush e Karl Rove. Há que contar com a equipa de Obama no terreno para ajudar a vencer algumas eleições. Barack Obama pode não ser muito popular, mas a sua capacidade de angariação de dinheiro está intacta. E ele já anda na estrada em angariações milionárias.E depois há também os casos de candidatos democratas que têm vindo a fazer campanha afastando-se da liderança do partido. Principalmente na Câmara dos Representantes, isso pode funcionar em alguns distritos mais conservadores.


24
Ago 10
publicado por Nuno Gouveia, às 16:29link do post | comentar | ver comentários (2)

Mitt Romney será um dos candidatos republicanos à presidência dos Estados Unidos em 2012. Em relação a outros potenciais candidatos ainda  pode haver algumas dúvidas: Sarah Palin pode esperar por outra oportunidade, pois os seus conselheiros sabem que não tem grandes hipóteses de vencer uma eleição geral, mesmo contra Barack Obama. Newt Gingrich pode recuar novamente, como já o fez no passado. E Mike Huckabee pode perceber que, tal como Sarah Palin, não tem grandes chances de derrotar Obama e solidificar a sua imagem de líder da direita religiosa nos próximos anos. Mas sobre Mitt Romney não há dúvidas: vai mesmo avançar no próximo ano para a sua segunda corrida presidencial. Depois de em 2008 ter emergido como figura nacional, disputando o voto republicano com John McCain, agora que é considerado como o frontrunner nesta fase, não deixará de perder a oportunidade.

 

Os sinais abundam desde 2008. Romney nunca parou a nível nacional, angariando dinheiro para os seus colegas republicanos, mantendo sob sua alçada o núcleo duro de apoiantes, cortejando outros líderes republicanos, e claro, visitando várias vezes o Iowa e New Hamphsire. Hoje o Boston Globe notícia a sua operação para estas Midterms, que irá passar pela visita a 25 estados da União para apoiar candidatos republicanos. Acredito que até Março de 2011 Romney avance. E o que podemos esperar de um Mitt Romney nesta corrida presidencial?

 

Em 2008 Romney disputou com Huckabee o voto conservador, enquanto McCain e Giuliani eram os candidatos moderados e do establishment. Curiosamente, ou talvez não, Romney tinha sido Governador do Massachusetts, e era visto como um centrista no seu estado. Tudo mudou na corrida presidencial de 2008. O seu discurso assentava muito nos valores sociais, muito do agrado do eleitorado conservador do Iowa. Apesar de ter credenciais na área da economia, Romney foi um Social Conservative candidate. Para o próximo ano tudo voltará a mudar. Não irá voltar atrás nas suas posições, mas certamente deixará esse eleitorado para outros potenciais candidatos, como Palin, Huckabee ou até Rick Santorum. Romney irá centrar o seu discurso na economia e na política externa. Um anti-Obama, com credenciais económicas e muito próximo dos sectores tradicionais do Partido Republicano na política externa. Strong National Defense e Fiscal Conservatism vão ser palavras muito ouvidas da sua corrida presidencial. A dúvida é precisamente se seus zig-zags do passado não irão colocar em risco a longa campanha das primárias. Ao contrário de 2008, não acredito que as suas posições sobre o aborto quando foi governador do Massachusetts regressem para o ensombrar. Romney é um adversário fabuloso para os seus potenciais adversários republicanos. Ao contrário de Huckabee e Palin, tem credenciais económicas. Pré-candidatos como Tim Pawlenty, Mitch Daniels ou Santorum não são conhecidos a nível nacional, enquanto Romney tem a vantagem da corrida presidencial de 2008, o que lhe deu visibilidade e reconhecimento. É considerado um tipo brilhante que pode derrotar Obama, e não tem a desvantagem de Palin, por exemplo, que não é considerada presidenciável pela maioria dos americanos. Mas também apresenta fragilidades. Não como Newt Gingrich, que apesar de ser considerado uma das vozes mais influentes do movimento conservador americano, tem muitos esqueletos do seu tempo de Speaker. A reforma da saúde que aprovou enquanto governador, que muitos dizem ser semelhante à ObamaCare, irá estar em força na campanha eleitoral dos seus adversários. E Romney é mórmon. Não foi por isso que perdeu em 2008, mas não sei até que ponto isso lhe retira força em determinados estados.

 

Neste momento, e olhando para os potenciais candidatos, acredito que seja o favorito do establishment republicano, considerado aquele que tem mais possibilidades de derrotar Obama. O GOP tem a tradição de nomear o next in line, e neste ciclo eleitoral, esse candidato seria Romney. Mas vivemos tempos conturbados nos Estados Unidos, e nem sempre o pragmatismo tem moldado o pensamento dos eleitores. Veja-se alguns resultados surpreendentes em várias primárias republicanas do actual ciclo eleitoral. Neste momento acredito que Romney, Pawlenty ou um outro governador, como Daniels, irão disputar o voto moderado, enquanto Huckabee, Palin, entre outros potenciais, irão lutar pelo voto social conservative. Pelo meio está Gingrich, que tem vindo a posionar-se mais à direita nesta corrida eleitoral. Mas devido ao seu passado, também pode tentar ser o candidato do establishment. Do lado libertário, lá surgirá Ron Paul, ou o antigo governador do New Mexico, Gary Johnson, conhecido pelo seu apoio à legalização da Marijuana.


Resta dizer que dos outros nomes que se fala, também tenho poucas dúvidas que Pawlenty irá avançar. O seu mandato termina em 2011 e este é o seu tempo para avançar. Não pode esperar por outra oportunidade. Não é favorito e até é provável que não ganhe, mas uma corrida presidencial agora coloca-o na linha para outros anos. Não por acaso, as suas visitas ao New Hampshire e Iowa têm sido uma constante dos últimos meses.


23
Ago 10
publicado por Nuno Gouveia, às 00:07link do post | comentar | ver comentários (3)

Nas últimas semanas vários analistas americanos escreveram dezenas de crónicas estabelecendo paralelos entre a Presidência de Obama e outros antigos presidentes. Hoje até li um artigo da Noemi Emery a comparar Obama a Michael Dukakis, o candidato democrata derrotado nas presidenciais de 1988 por George H. Bush. Por outro lado, os democratas e analistas próximos da Casa Branca não perdem uma oportunidade para comparar estes primeiros 18 meses com o mesmo período das presidências de Bill Clinton e especialmente de Ronald Reagan. Também eles nesta altura tinham níveis de popularidade semelhantes ao de Obama, ambos sofreram uma pesada derrota nas Midterms e depois foram facilmente reeleitos. Entendo o desejo dos conservadores estabeleceram paralelos com o mandato falhado de Jimmy Carter. Percebo também que os democratas utilizem Reagan e Clinton para defender a actual Administração. Mas, à parte de ser um exercício académico interessante, pois de facto encontramos vários paralelos com essas três Administrações, na verdade assistimos a meras análises especulativas sobre o que poderá ser a Administração Obama. Não me parece que, além das analogias que naturalmente se encontram entre Obama e outros Presidentes,  possamos afirmar que será um novo Carter ou um novo Reagan. É ainda muito prematuro.


Outro exercício, e mais interessante, é verificar o que fizeram Bill Clinton e Ronald Reagan para sair do “buraco” em que estavam no final das suas primeiras Midterms. Reagan recuperou popularidade porque o desemprego baixou e os Estados Unidos tiveram nos dois anos seguintes um período de crescimento económico fulgurante. Reagan, tal como Obama, recebeu uma crise económica do seu antecessor, mas sempre disse que as suas politicas económicas iriam apresentar resultados. O que acabou por acontecer. Isto não o salvou de severas perdas nas eleições de 1982, mas ajudou-o a derrotar Walter Mondale num landslide em 1984. Bill Clinton depois da derrota de 1994 mudou de rumo. Contratou o consultor conservador Dick Morris, que já tinha trabalhado com ele no Arkansas, e abandonou a sua linha “liberal” da primeira metade do mandato. Apelou a diversos nichos do eleitorado com políticas centristas e obteve uma confortável vitória sobre Bob Dole em 1996. A questão que envolve Barack Obama é esta: o que vai fazer depois da derrota de Novembro e da sua popularidade andar na casa dos 40´s? Não pode ficar à espera da economia melhorar muito, pois nenhum analista considera essa possibilidade como provável. E não acredito que mude o rumo das suas politicas, como fez Bill Clinton. Mas se quiser ser reeleito, algo terá de fazer.


20
Ago 10
publicado por Nuno Gouveia, às 18:24link do post | comentar

A corrida presidencial de Barack Obama ficou decisivamente marcada pelo uso da Internet. Além de todas as outras virtudes que a longa campanha de Obama teve,  a utilização que efectuou das novas tecnologias marcaram o inicio de uma nova era na política norte-americana. Mas os republicanos não ficaram quietos, e têm procurado inovar nesta área. A campanha de Scott Brown no Massachusetts em Janeiro já tinha dado boas indicações que os estrategas republicanos tinham aprendido a lição de 2008.

 

Ontem foi publicado um estudo do L2, um Think Tank digital com investigadores da George Washington University e da New York University, que revela que os senadores republicanos retiram, em regra, mais proveito das redes sociais que os seus colegas democratas. Não por acaso, John McCain, é o líder no ranking elaborado pelos investigadores, seguido de perto pelo líder conservador Jim DeMint e pelo próprio Scott Brown. Este indice baseou-se na utilização das redes sociais como o Twitter, Facebook e Youtube. Também em relação aos candidatos ao senado, os republicanos levam vantagem neste estudo. Quem tiver interesse, pode fazer o download do estudo aqui.


17
Ago 10
publicado por Nuno Gouveia, às 00:46link do post | comentar | ver comentários (3)

A ideia de construir uma mesquita no Ground Zero de Nova Iorque está a incendiar a campanha para as eleições intercalares de Novembro. Para mim é um tema onde os republicanos podem ganhar muitos votos, mas não sei se ganharão a razão. Assumo que se fosse americano também estaria contra a construção de uma mesquita no local onde foram assassinados três mil pessoas por terroristas islâmicos. Não questiono que a ideia dos mentores do projecto seja essa, mas na verdade essa mesquita não deixaria de se transformar num símbolo de vitória para os radicais. Gritos de vitória esfuziariam nos círculos terroristas; afinal de contas, sem o atentado da Al-Qaeda, não haveria lugar a mesquita naquele local. Aliás, as autoridades de Nova Iorque, que apesar de não se terem manifestado contra a sua edificação (apesar de quase 70 por cento dos nova-iorquinos serem contra) aconselharam os seus promotores a construírem noutro local, predispondo-se a ajudar em encontrar um espaço alternativo. Se o objectivo não é meramente simbólico, então não se deveriam opor a construí-la noutro local. Aliás, o apoio dado hoje pelo Hamas (como diz aqui o Jorge Costa) ao projecto deve ser levado em linha de conta neste propósito. Aposto que a Al-Qaeda também apoia.

 

Mas, e como bem afirmou o governador republicano de New Jersey, ambos os lados estão a transformar este assunto num tema nacional, politizando o que não o deveria acontecer com assunto tão emocional. Vários têm sido os republicanos a manifestarem-se contra, e hoje até tiveram um aliado de peso: o líder democrata no senado, Harry Reid. Barack Obama, primeiro disse que apoiava, mas depois retirou esse apoio de forma muito atrapalhada. Porque será que o Presidente dos Estados Unidos deve opinar sobre um tema destes? Se os republicanos críticos, e agora também muitos democratas, se juntam à discussão por motivos eleitorais, não deveria o Presidente ser mais recatado? Para mim este tema deveria ser discutido pelos nova-iorquinos e pelas famílias das pessoas que morreram no 11 de Setembro, que devem ter uma palavra a dizer no que irá suceder no Ground Zero. A construção de uma mesquita não deveria ser um grande tema de combate numas eleições nacionais, principalmente quando a economia está nas condições actuais, e o país está a combater duas guerras no exterior. Os Estados Unidos têm pela frente grandes desafios, mas a construção, ou não, de uma mesquita, não é um deles.



13
Ago 10
publicado por Nuno Gouveia, às 11:27link do post | comentar | ver comentários (14)

Estamos no Verão. Tem havido sondagens para todos os gostos (ou quase). Mas há tendências que não enganam. A popularidade de Barack Obama permanece no vermelho. Os republicanos têm mantido uma vantagem confortável nas intenções de voto para Novembro. Além disso, as últimas sondagens deram vantagem aos republicanos nos díficeis estados da Califórnia, Colorado, Missouri, Wisconsin, Florida (apesar de surgir atrás de Charlie Crist noutra com um outro candidato democrata), Ohio, Kentucky, New Hampshire e empatados no Illinois. Se os republicanos vencerem estes estados todos, e ganharem dois entre a Pennsylvania, Nevada ou Washington, outros três dos estados considerados battleground states, os republicanos irão assumir o controlo do Senado. Díficil? Muito. Mas os ventos sopram favoravelmente para o lado dos republicanos. E se isto continua assim até Outubro, os democratas terão bastantes dificuldades em assumir o controlo no resto da campanha.


07
Ago 10
publicado por Nuno Gouveia, às 00:52link do post | comentar | ver comentários (9)

Alertado pelo Diogo Moreira, cheguei a esta notícia que dá conta que o RNC mudou as regras das primárias republicanas para 2012. A alteração das primeiras eleições para o mês de Fevereiro e fim do sistema Winner Takes All (WTA) em alguns Estados são as principais alterações aprovadas.

 

Depois do sucesso que foram as eleições primárias democratas, estas alterações eram consideradas urgentes por muitos analistas políticos americanos. Recordo que Barack Obama e Hillary Clinton arrastaram as primárias democratas até Junho de 2008, fazendo com que os candidatos tivessem de competir nos 50 estados. Além da publicidade que deu aos candidatos, especialmente ao nomeado, esta longa campanha permitiu a criação de uma estrutura de campanha em todos os estados mais cedo que John McCain, com óbvias vantagens de Barack Obama. Pelo contrário, John McCain "fechou" logo a nomeação em Fevereiro, depois de derrotar Mitt Romney e Mike Huckabee na Superterça-feira, em Fevereiro.

 

Com estas novas regras, e especialmente com o fim do WTA, é próvavel que a nomeação republicana de 2012 se arraste até ao fim das primárias, permitindo desta forma  aos republicanos ocupar o cenário mediático/político na primeira metade do ano eleitoral. Uma boa jogada do GOP, além de aumentar a democraticidade e a participação dos cidadãos no processo de nomeação.


05
Ago 10
publicado por Nuno Gouveia, às 23:24link do post | comentar

(foto retirada do Politico)

 

O Senado votou hoje favoravelmente a nomeação de Elena Kagan como Juíza do Supremo Tribunal dos Estados Unidos. A votação foi de 63 "Yea" e 37 "Nay", sendo que cinco republicanos votaram a favor e Ben Nelson, do Nebraska, foi o único democrata que se opôs à sua nomeação. Esta é mais uma vitória para Barack Obama, que, em menos de dois anos, já colocou no SCOTUS dois juízes, depois de Sonia Sottomayor. No entanto, o equilibrio ideológico mantém-se, pois o juíz que se retirou, Jonh Paul Stevens, era do mesmo quadrante ideológico, apesar de nomeado por um republicano (Gerald Ford). Alito, Roberts, Scalia e Thomas são os conservadores: Ginsberg, Breyer, Sottomayor e agora Kagan são os "liberais"; Kennedy tem desempanhado nos últimos anos o papel de "Swing Voter" nas decisões mais ideológicas do SCOTUS, apesar de tendência mais conservadora. Ginsberg é a juíza mais velha do Supremo, com 77 anos, sendo provável que seja a próxima a retirar-se.

 

A lista dos Juízes:

John Roberts (Chief Justice) - nomeado por George W. Bush

Antonin Scalia - Ronald Reagan

Anthony Kennedy - Ronald Reagan

Clarence Thomas - George W. Bush

Ruth Bader Ginsberg - Bill Clinton

Stephen Breyer - Bill Clinton

Samuel Alito - George W. Bush

Sonia Sottomayor - Barack Obama

Elena Kagan - Barack Obama

 

Sobre o SCOTUS, aconselho a leitura que a Ana Margarida Craveiro escreveu aqui.


03
Ago 10
publicado por José Gomes André, às 22:08link do post | comentar | ver comentários (3)

Os primeiros dezoito meses de Obama na Casa Branca, as perspectivas futuras do Presidente, o futuro eleitoral nos EUA e a política norte-americana em geral foram o tema de uma entrevista publicada há dias n"A Bola" (secção Outros Mundos), onde tive o prazer de responder a algumas questões de Germano Almeida (a quem gostaria de agradecer). Podem ler a entrevista completa aqui, mas deixo no blog alguns excertos:

 

"De um modo geral, Obama tem sido um Presidente reformista e corajoso, cumprindo a esmagadora maioria das suas propostas. No plano interno, obteve uma vitória histórica com a reforma da saúde, orquestrou uma importante reforma do sistema financeiro e fomentou alterações relevantes em áreas como o ambiente ou a educação. Também na política internacional julgo que tem seguido a abordagem correcta, promovendo uma aproximação política e económica com as denominadas potências emergentes (Rússia, China, Índia), isolando o Irão e procurando gerar diálogos com o “Islão moderado”. Em todo o caso, a sua Presidência fica também marcada pela sua incapacidade para superar a grave crise económica (e social) dos Estados Unidos, tema que, pela sua importância e carácter mediático, impede que se trace, até agora, um balanço claramente positivo do seu mandato.

"Se eleições fossem hoje, Obama corria mesmo o risco de não ser reeleito? Aparentemente, sim. A fragilidade da economia e os números do desemprego produziriam certamente muitos votos de protesto. E a base democrata não tem obviamente a mesma motivação de há dois anos atrás, pelo que Obama teria certamente dificuldades. Todavia, o Partido Republicano não tem neste momento um candidato forte capaz de discutir a eleição presidencial, estando demasiado dependente de nomes promissores, mas demasiado inexperientes (Sarah Palin, Bobby Jindal), ou consolidados, mas pouco entusiasmantes (Mitt Romney, Newt Gingrich). Nestes termos, Obama seria favorito – como julgo que acontecerá daqui a dois anos."


"[sobre a impopularidade de Obama] Em primeiro lugar, é importante contextualizar a vitória de 2008, que vem na sequência de uma Presidência falhada (de George W. Bush) e de um cansaço generalizado do eleitorado relativamente ao Partido Republicano. Por outro lado, dadas as colossais expectativas que envolviam a candidatura de Obama, é natural que o eleitorado sinta alguma desilusão ao fazer um balanço da sua Presidência. O problema não é tanto os erros ou incapacidades de Obama, mas o facto de se ter previamente difundido a ideia de que a sua chegada ao poder seria suficiente para corrigir radicalmente as injustiças e os problemas sociais e económicos."


02
Ago 10
publicado por Nuno Gouveia, às 22:50link do post | comentar

A menos de três meses das eleições intercalares, e numa altura em que as sondagens mostram uma clara tendência favorável ao Partido Republicano, dois congressistas democratas enfrentam problemas legais na Comissão de Ética da Câmara dos Representantes.

 

O caso mais mediático atinge o congressista de Nova Iorque, Charlie Rangel, que está em Washington desde 1971. Na semana passada foi acusado pela Comissão de Ética de 13 ofensas, num caso que poderá ter uma espécie de julgamento público a partir de Setembro na Câmara dos Representantes. As pressões têm sido enormes para que abdique, e o próprio Presidente Obama já defendeu que deveriam ser consideradas condições para Rangel terminar a sua carreira de forma digna. Além disso, vários foram os democratas que já apelaram à sua demissão. A congressista Maxine Waters, da Califórnia, também foi acusada formalmente de violar as regras ao interferir num caso em que o seu marido estava envolvido.

 

Estes dois casos surgem na pior altura para o Partido Democrata. Em 2006,  e apesar da impopularidade da guerra  do Iraque, e também da resposta ao furacão Katrina, foram precisamente vários escândalos que afectaram vários congressistas republicanos que mais contribuíram para a derrota do GOP.  Daí a preocupação aumentar nas hostes democratas. Com a economia em má forma e a popularidade de Barack Obama nos níveis mais baixos desde o inicio do mandato, estes casos mediáticos ensombram ainda mais as perspectivas para Novembro.


publicado por Nuno Gouveia, às 18:15link do post | comentar | ver comentários (4)

A propósito do lançamento do livro de memórias "Decision Points", que é lançado em Novembro, o antigo Presidente irá dar uma entrevista no dia 8 desse mês na NBC. Não por acaso, esta entrevista será já depois das eleições intercalares. No entanto, a partir de Outubro o nome de Bush voltará às páginas dos jornais, pois já foi confirmado que nesse mês irão surgir "fugas de informação" sobre o conteúdo do livro. Uma preocupação acrescida para os republicanos, que tentam afastar-se do legado económico dos últimos anos Bush.


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