O recente fenómeno político-social que se designa pelo curioso nome de "Occupy Wall Street" tem vindo a ganhar proeminência nos media, quanto mais não seja pelo seu alastramento a outras partes do mundo, como a City de Londres.
As reivindicações deste movimento, embora vagas, não deixam de ser expectáveis: li algures - salvo erro no New York Post - que, entre elas, se contavam a revogação de todos os acordos de comércio livre celebrados pelos E.U.A., a livre imigração, e "um salário para todos os americanos" (quer trabalhem, quer não), o que interpreto como uma exigência da criação de um rendimento mínimo garantido. Charles Gasparino, no referido jornal, fez até uma incursão na sede do movimento e não parece ter ficado muito entusiasmado.
Este movimento acaba por parecer a imagem reflectida do Tea Party, mas com aspectos essenciais muito diferentes. Enquanto o Tea Party tem alinhado firmemente na política partidária, procurando influenciar a eleição de políticos republicanos próximos das suas ideias, não me consta que o "Occupy Wall Street" esteja a pensar patrocinar candidatos democráticos mais populistas ou mais esquerdistas. O movimento faz recordar o velho radicalismo americano dos anos '60 e '70, como o Movimento Anti-Guerra (do Vietname), os hippies, Jerry Rubin, Hanoi Jane, etc. É certo que esse radicalismo dos anos '60 acabou por encontrar voz partidária e eleitoral, na pessoa do Senador George McGovern, candidato democrático às eleições de 1972. Mas não é menos certo que essa candidatura se revelou um fiasco, tendo o Presidente Richard Nixon sido reeleito vencendo 49 dos 50 Estados.
Embora o Presidente Obama esteja a tentar lidar com cautela com este movimento, acolhendo com alguma simpatia a sua "indignação", este tipo de agitação, regra geral, revela-se prejudicial ao Partido Democrático.
Voltarei ao tema.