Barack Obama fez uma comunicação ao país ontem à noite (a quarta desde o inicio da crise) sobre o aumento do limite do endividamento. Sem acrescentar grande conteúdo ao que tinha dito anteriormente, esta intervenção não disfarçou algo que tem sido evidente nestes últimos dias: Obama foi colocado à margem das negociações. Antes de Obama ter falado ao país, com direito a réplica imediatamente a seguir de John Boehner*, ambos os líderes do Congresso, Harry Reid pelo Senado e John Boehner pela Câmara dos Representantes, tinham apresentado publicamente um plano para aumentar o limite. Ao que parece, Obama discorda dos dois planos, pois nenhum inclui um aumento de impostos, algo que o Presidente defendeu apaixonadamente na sua intervenção. Segundo o que se percebe, a situação irá resolver-se entre as ideias de Reid e Boehner. A grande discussão neste momento é se o limite do endividamento aumenta até depois das eleições presidenciais (a vontade dos democratas e Obama) ou se há novo voto no próximo ano (o desejo dos republicanos).
Esta discussão toda mostrou que Obama, até ao momento, nunca conseguiu liderar a discussão neste problema, falhando inclusivé a apresentar um plano detalhado com a sua assinatura. Com os seus indices de popularidade a descer abruptamente deste o inico desta crise, Obama tentou com a sua comunicação de ontem recuperar a opinião pública para o seu lado. Mas se, como se prevê, o acordo entre os dois partidos não tiver um aumento de impostos imediato, Obama sairá perdedor. Mas, como sempre defendi, acredito que até ao final da semana se chegue a um acordo e, depois, veremos quem mais ganhou nesta discussão.
*Para se ver a gravidade do momento, esta foi a primeira vez desde 2007, exceptuando os discursos do Estado da União, que o Presidente teve uma resposta imediata em prime-time de um líder republicano. A última vez tinha sido quando Bush anunciou a "surge" no Iraque.